LibWeek2001
PROJETO DE SALÃO COMUNAL
FEDERAÇÃO ANARQUISTA GAÚCHA (Secretariado Geral; Rio Grande do Sul - Brasil)
1. Apresentação do tema
A comunidade da vila Sepé Tiarajú é o resultado de uma ocupação urbana de terra para moradia ocorrida em junho de 1999 em Alegrete, uma cidade localizada na região da fronteira do Brasil com o Uruguai e Argentina. Ao todo são 483 famílias que se apropriaram de uma área de 16 hectares pela ação direta popular.
Após a conquista da moradia, este povo têm de enfrentar novos problemas sociais. A vila ainda está se estruturando e muitas necessidades precisam ser resolvidas: o saneamento básico, água, saúde, escola, etc. Cerca de 50% da população é semi-analfabeta, há uma maioria de uns 60% de desempregados ou subempregados enquanto outra parte da comunidade é formada por trabalhadores/as das indústrias de alimentação e construção civil. A renda média das famílias não passa de um salário mínimo e meio (o salário mínimo do Brasil é inferior a U$100 dólares). Uma série de fatores são agravantes da situação miserável a que são submetidas a gente.
A proposta que queremos fortalecer é a construção de um espaço político-social e de atividades culturais, de um salão onde se desenvolva um adequado âmbito para debates, reuniões dos moradores, tarefas e serviços sociais autogestionados e lutas populares que criem benefícios coletivos para comunidade. É preciso dizer que essa atividade já existe precariamente, e tem a necessidade de um local físico próprio para que se desenvolva com mais regularidade.
A associação de moradores da comunidade forma parte e está identificada com o Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) que articula outras 9 ocupações urbanas na cidade. Esta organização social da vila Sepé Tiarajú é um referente do movimento popular da cidade de Alegrete por sua forma específica de animar a participação popular desde uma perspectiva federalista, o papel decisivo dado as assembléias da comunidade e a prática solidária as demais temáticas e reivindicações que agrega a luta das classes oprimidas.
A relação de apoio mútuo com o movimento sindical mais ativo, em especial o sindicato das indústrias de alimentação, e as campanhas da frente de massas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) junto as famílias trabalhadoras rurais que querem participar das ocupações de latifúndio também caracterizam a conduta desta comunidade e de sua organização social. O projeto de um salão comunal quer suprir também a necessidade de um espaço que possa somar e respaldar a luta de outros movimentos sociais e fortalecer o protagonismo popular.
A vida social nas periferias urbanas que concentra trabalhadores precarizados, marginalizados sociais, crianças desnutridas, jovens delinqüentes apresenta um cenário de violência e individualismo gritante que devem ser combatidos com a constância de uma prática conscientizadora que ensina novos valores e gera ferramentas de luta para os oprimidos.
Não que inexistam iniciativas sociais de resistência nas comunidades periféricas, estas estão sempre presentes nas mais criativas formas, o problema que levanta o projeto é como fortalecê-las, somá-las para que não sejam isoladas e acabem perecendo no tempo. Então é imprescindível um espaço administrado pelos próprios sujeitos da miséria e da opressão que ponha em comunicação as práticas sociais específicas que estão sendo desenvolvidas como parte de uma anônima estratégia de resistência e que tenha o objetivo de sustentá-las solidariamente através de um adequado movimento popular.
2. Nossos objetivos
Gerais
(a) Construção de um âmbito de articulação, programação e fortalecimento das práticas sociais da comunidade.
Específicos
(a) Realização de assembléias, reuniões e todo tipo de tarefa que aponte à organização popular de base;
(b) Desenvolvimento de serviços de alfabetização de adultos, biblioteca e medicina alternativa;
(c) Promoção e organização de oficinas culturais permanentes na comunidade em especial de charlas com apresentações musicais;
(d) Estrutura de apoio aos movimentos de luta pela moradia, aos sem terra e as distintas experiências de luta e organização social independente das classes oprimidas.
3. Plano Econômico
Orçamento do projeto de salão comunal para comunidade da vila Sepé Tiarajú em Alegrete:
Área construída: 190 metros quadrados (9,5 x 20m)
Discriminação |
Quantidade |
Valor unitário |
Valor total |
Tijolos (médio grande) |
4.650 |
R$ 108,00 o milheiro |
R$ 502,20 |
Areia Básica |
6m³ |
R$ 22,50 |
R$ 135,00 |
Brita n°1 |
4,5 m³ |
R$ 22,50 |
R$ 101,25 |
Ferros (barras 4,8mm) |
23 |
R$ 3,75 |
R$ 86,25 |
Ferros (barras 4,6mm) |
10 |
R$ 3,12 |
R$ 31,20 |
Arame |
9kg |
R$ 4,80 |
R$ 43,20 |
Cimento (bolsa 50 kg) |
52 |
R$ 14,00 |
R$ 728,00 |
Aterro-cascalho (m³ - carga) |
8 |
R$ 22,50 |
R$ 180,00 |
Alvenarite-litro |
3l |
R$ 2,95 |
R$ 8,85 |
Varas eucalipto (grossas) |
14 |
R$ 13,00 |
R$ 182,00 |
Ripas eucalipto (7 x 2,5cm) |
99m |
R$ 0,60 |
R$ 59,40 |
Zinco n°30 (3m x 0,90m) |
35 |
R$ 22,00 |
R$ 770,00 |
Pregos telheiro - kg |
3kg |
R$ 4,65 |
R$ 13,95 |
Janelas - ferro (1,40 x 1,10m) |
5 |
R$ 58,15 |
R$ 290,75 |
Janela - ferro - banheiro |
1 |
R$ 18,50 |
R$ 18,50 |
Portas - ferro: frente / fundo |
2 |
R$ 147,99 |
R$ 295,98 |
Portas de quarto: banheiro |
1 |
R$ 10,00 |
R$ 10,00 |
Fretes |
4 |
R$ 10,00 |
R$ 40,00 |
TOTAL R$ 3.496,53 TOTAL EN DÓLARES (Aprox.) 1.800.00 |
Obs.: O piso inicialmente vai ser de cimento queimado.
Contrapartida oferecida pelas organizações sociais da comunidade:
Discriminação |
Valor total |
Instalação elétrica |
R$ 36,00 |
Instalação hidráulica |
R$ 55,00 |
Mão-de-obra (mutirão) |
R$ 1.620,00 |
TOTAL |
R$ 1.711,00 |
4. Informações