Na quarta-feira 23 de junho
de 2004, debatemos o texto A Insubmissão (publicado em: TOLSTÓI,
Leon. & GOLDMAN Emma. A Insubmissão / O Indivíduo,
A Sociedade e o Estado. São Paulo: Editora Imaginário,
1998).
Neste texto, o escritor russo Leon Tolstói
(1828-1910) afirma que o serviço militar obrigatório
é resultado da tese da necessidade da violência estatal.
Visando a escapar da insegurança, as pessoas conferem poder
ao Estado para que este mantenha a paz. Mas para isso o Estado lhes
impõe o serviço militar obrigatório, sob pretexto
de defendê-las do ataque de outros países. Para evitar
saques aos produtos do trabalho, se institui um exército. Mas
é aí que justamente este exército saqueia os
trabalhadores através de impostos. Além disso, pessoas
são forçadamente desviadas de atividades produtivas
para guerrear: causar destruição, em vez de gerar o
que todos precisamos (habitações, alimentação,
educação, etc.).
O Estado promete que se as pessoas se submeterem
à autoridade e aceitarem privações, serão
protegidos de inimigos internos e externos. Mas essa paz não
é garantida, pelo contrário, o que o Estado promove,
de fato, é a guerra. A verdade é que as Forças
Armadas não existem para combater inimigos externos, elas foram
criadas para reprimir o povo. Quando a repressão não
é feita diretamente pelo exército, é realizada
pela polícia respaldada pelo exército, que é,
portanto, a mais forte arma do governo contra a população.
Sendo assim, todo aquele que cumpre o serviço militar está
sendo cúmplice do governo.
Afirmam-nos que não se pode se insurgir
contra o serviço militar obrigatório, por este ser uma
obrigação legal. Ora, as pessoas não devem se
submeter a leis que não contribuíram para criar; da
mesma forma não devem colaborar com instituições
com as quais não concordam. O Estado é uma dessas instituições
que não merecem nossa aprovação.
Quando o homem moderno quer fundar sociedades
científicas, recreativas, de estudo, etc., o governo atrapalha
mais do que ajuda. Sendo assim, ele não é necessário
para o entendimento e harmonia social, é antes um entrave à
livre associação e ao desenvolvimento da sociedade.
Levando em conta tudo isso, ser insubmisso
às Forças Armadas e ao Estado como um todo é
o único posicionamento digno e moral a ser tomado: o único
posicionamento que faz do indivíduo verdadeiramente um ser
humano.
Coletivo
de Estudos Anarquistas Domingos Passos, Niterói. Junho de 2004