O debate realizado no Coletivo de
Estudos Anarquistas Domingos no dia 10 de março sobre o texto
“O Indivíduo na Sociedade”, da anarquista russa
Emma Goldmann (1869-1940), nos levou a várias reflexões,
principalmente sobre a relação entre coletividade e
individualidade.
Só há verdadeiro progresso quando há
aumento da liberdade individual. O governo, portanto, não ajuda
em nada o progresso, pelo contrário, é um entrave a
ele, pois atua sempre buscando negar a originalidade e as singularidades
de cada um.
O indivíduo é a verdadeira realidade
da vida, um universo em si próprio, e – justamente por
ser único – é impossível de ser representado.
A representatividade é uma mentira; desconsidera as particularidades
de cada pessoa, negando o indivíduo e buscando gerir todo o
povo como uma massa homogênea e acéfala. A uniformidade
é o baluarte da autoridade, por isso é promovida pelo
Estado, o qual busca (através da educação repressora)
eliminar a diversidade e, ao mesmo tempo, fazer com que todos aceitem
a opressão.
Tanto o estatismo quanto o individualismo burguês
(liberalismo econômico) são contra o indivíduo,
pois promovem o trabalho alienado e a exploração do
homem pelo homem.
Para multiplicar a força dos indivíduos
em seu combate contra o autoritarismo é importante recorrermos
a cooperação: nos associarmos e nos apoiarmos mutuamente.
O indivíduo é o sujeito da história.
A história humana não é fruto de um determinismo
econômico. Ela não irá mudar por si mesma, como
resultado de contradições do opressivo sistema de produção
atual. A revolução libertária só virá
se for construída desde já pelos indivíduos associados.
A aurora de uma nova sociedade mais justa irá
raiar quando a efetiva vontade de libertação tiver se
proliferado. Só nos libertaremos se nos empenharmos coletivamente
para isso. Os esforços neste sentido devem prosseguir... e
prosseguirão!
Coletivo
de Estudos Anarquistas Domingos Passos, Niterói. Março
de 2004