O Dia da Mulher
Hebe
de Bonafini
Mães
da Praça de Maio
Ao
pensar no Dia da Mulher, duas perguntas me vêm à mente:
Qual é o dia da mulher, e de que mulher estamos falando?
Há quem diz que celebramos
no 8 de março o dia da mulher, porque recordamos às
operárias assassinadas.
Nós, as Mães
da Praça de Maio, cremos que temos que começar a pensar
cada dia como o dia da mulher.
Mas temos que começar
a pensar que nossa homenagem não pode limitar-se a recordar
uma tragédia. Devemos entender que a melhor homenagem é
continuar a luta.
Temos que reivindicar, imitar,
amar e sustentar a luta de todas as mulheres que lutam por sua liberdade,
pelas reivindicações salariais, por trabalho e, sobretudo,
as mulheres que estão nas prisões de todo o mundo.
Temos que recordar cada dia,
às mulheres que estão encerradas nos cárceres
e que com seu exemplo revolucionário enfrentam ao repressor
dentro das penitenciárias.
Temos que recordar cada dia
a todas as nossas queridas e amadas guerrilheiras que combatem nos
diferentes países entregando suas vidas para que outros vivam.
Temos que recordar a nossas
filhas desaparecidas pelas ditaduras do terceiro mundo, que compreenderam
que a libertação feminina não é só
uma questão de gênero senão, fundamentalmente,
uma questão de classe.
E se queremos que ainda se
celebre no 8 de março o Dia da Mulher, pelo menos atrevamo-nos
a designar esse dia como o Dia da Mulher Revolucionária.
Buenos Aires, Março
de 1999.
Tradução
Coletivo Domingos Passos