Crítica à "VEJA Especial Mulher"

 

Thais

linguadohc@yahoo.com.br

sobre a edição de VEJA especial mulher

Comecei a ler a “veja especial mulher” e a primeira coisa que chama a atenção são as inúmeras págs de propaganda; nenhuma novidade para uma revista que exibe 68 págs de reportagem para 41 de propagandas, mas em meio a textos que dizem que as mulheres "já" atingiram cargos de chefia etc é de espantar que nenhuma das propagandas se referia a cursos ou livros. Só encontra-se paginas e mais paginas de lançamentos de esmalte, creme anti-rugas, jóias, sabão em pó, e claro absorvente.

Esse especial é mais uma das perolas que só a VEJA poderia produzir; ao propor discutir a situação da mulher nos dias de hoje as paginas são preenchidas com dicas de saúde e beleza ou como evitar o homem errado (eles partem do principio homofóbico e católico de que EXISTE um homem certo para cada mulher).

Como não poderia faltar as conquistas feministas são exemplificadas com: bem sucedidas empresarias (para eles os salários altos e os grandes cargos em empresas multinacionais são sinônimos da independência da mulher).

Pode se encontrar até duas págs com fotos de um guarda roupa "básico e versátil que facilita a vida da mulher".

Outra curiosidade é a linha do tempo que cita as "mulheres que ousaram"

Esta linha começa no séc XVI e cita o incrível numero de dez mulheres!

Ou seja, em quinhentos anos são apenas dez mulheres que "mudaram nossa condição social" Todas as citadas lutaram por coisas como: o direito de votar ou de escrever livros científicos obviamente Starhawk ficou de fora afinal a VEJA só valoriza a situação da mulher no mercado de trabalho (não que o que estas mulheres fizeram seja desprezível) e não de maneira ampla Mais um exemplo disso é que a mulher mais próxima dos nossos tempos citada na linha do tempo é Anésia Pinheiro Machado que viveu entre 1904 e 1999 e o seu grande feito foi ser a primeira aviadora brasileira; não restam duvidas de que ela tem uma grande importância, mas pq ela foi à escolhida dentro de um séc?!

Será que os repórteres da veja nunca ouviram falar de Heleieth Saffiot ,Simone de Beavoir etc, etc, etc, etc, etc, etc, etc, etc, etc ?

Mas podemos ficar tranqüilas afinal a revista termina o especial afirmando que somos o grupo consumidor mais poderoso da atualidade! Precisamos de mais alguma coisa?!

OBS- na reportagem "o que elas andam lendo" um dos livros citados é “O Diário de Bridget Jones” que como a própria revista descreve trata-se de um livro sobre uma mulher na casa dos trinta anos que "obcecada pela necessidade de encontrar um companheiro. Vive preocupada em perder peso,quer parar de fumar...enfim e gente como a gente" "CONCLUSAO QUE SE CHEGA DEPOIS DA LEITURA: APÓS TANTOS ANOS DE LUTA FEMINISTA, NA ESSENCIA AS MULHERES NAO MUDARAM LÁ MUITA COISA"

 

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