O Papel da Mulher

 

Sobrevivemos numa sociedade patriarcal e como conseqüência é o homem que domina, manipula, transforma, põe e dispõe, restando apenas à mulher o papel de se submeter e de se resignar.

No entanto. Houve e há mulheres que não se contentaram, nem se contentam, com o seu ínfimo papel. Mulheres que decidiram lutar, combater pelos seus direitos. Mas infelizmente muitas caíram num erro grave e trágico: foi o facto de quererem ser iguais e de terem os mesmos direitos que o homem. Desceram ao absurdo de querer provar algo e por isso lutaram pela tropa, por cargos políticos, por pastas de chefia; ou seja, também quiseram dominar, manipular e tornaram-se tão machistas ou chauvinistas como o próprio homem.

É lamentável este tipo de luta; eu, como mulher e ser humano, não preciso de provar nada a ninguém, porque não sinto que sou inferior ou superior a ninguém. Somos diferentes, apenas. Além disso, sou contra todo e qualquer tipo de domínio e combato a tirania, seja de mulher ou de homem.

É degradante constatar que, mais uma vez, uma luta que começou com princípios humanitários tenha gerado consciências inúteis e repudiáveis.

Talvez por isso nada mudou, desde a primeira mulher que ergueu a voz até hoje. As mulheres continuam a ser discriminadas, agredidas, violadas, manipuladas e até vendidas como peças de carne penduradas no talho.

Contudo a culpa desta estúpida situação é a própria mulher.

Um dia disseram que nós somos o ser fulcral da revolução, na luta pela nossa liberdade e na emancipação do indivíduo.

Há que mudar e ser responsável pelos nossos actos e ver que somos nós próprias a cavar o nosso fosso.

Há que parar e pensar; somos nós que damos à luz, somos nós que os/as educamos - então, se assim é, há que os/as educar no sentido do respeito por eles/as próprios/as, no respeito mútuo entre os homens e mulheres, no sentido da liberdade de todas/os nós.

Temos de parar esta situação (pelo menos tentar!). Temos que nos unir e lutar, não para termos os mesmos direitos que o homem, mas sim pelo direito à diferença, pelo direito de ser humano, pelas nossas qualidades, pelos nossos defeitos, por tudo o que somos e o que não somos.

Enfim pela nossa existência!!!

HUMAN

Texto extraído do

!MULIBU!- ORGÃO DE EXPRESSÃO E INFORMAÇÃO DO COLECTIVO DE MULHERES LIBERTÁRIAS UNIDAS Nº2 - INVERNO 94/95

 

zine olho morto #1