POR
QUE EARTH FIRST?
Você
está cansado de grupos ambientais piegas? Você está
cansado de ambientalistas corporativos super-pagos que pelam o saco
dos burocratas e da indústria? Você foi desabilitado pela
abordagem reducionista de profissionais ambientais e cientistas?
Se
você respondeu sim a qualquer uma destas perguntas, então
Earth First! é para você. Earth First! é efetivo.
Nossa linha de frente, a abordagem de ação direta para
proteger a vida selvagem consegue resultados. Nós tivemos sucesso
em casos onde outros grupos ambientais desistiram, e chamamos a atenção
pública às crises afrontando o mundo natural.
Earth
First! foi fundado em 1979, em resposta a uma comunidade ambientalista
letárgica, transigente e crescentemente corporativa. Earth First!
tem uma conduta decididamente diferente em relação aos
problemas ambientais. Nós acreditamos em usar todas as ferramentas
disponíveis, se estendendo desde organizar o povão e o
envolvimento no processo legal até a desobediência civil
e a danificação de equipamentos.
Earth
First! é diferente de outros grupos ambientais. Aí estão
algumas coisas para se ter em mente sobre o Earth First! e algumas sugestões
para ser um Earth First!er ativo e útil: Primeiro de tudo, Earth
First! não é uma organização, e sim um movimento.
Não existem "membros" do Earth First!, somente Earth
First!ers. É uma convicção no biocenrismo de que
a vida (a Terra) vem primeiro, e um exercício de pôr as
nossas convicções em ação.
Embora
haja uma ampla diversidade dentro do Earth First! (de vegans defensores
dos direitos dos animais a guias de caças em selvas, de sabotadores
a atentos seguidores de Gandhi, de gentalha bêbada da roça
a filósofos pensativos, de misantropos a humanistas), há
acordo em uma coisa, a necessidade de ação!
EARTH
FIRST É DIFERENTE!
Para
começar, nós não acreditamos que é suficiente
preservar uma parte da nossa vida selvagem remanescente. Nós
precisamos preservá-la toda, e é tempo de recriar vastas
áreas selvagens em todos os ecossistemas do planeta: identificar
áreas-chave, fechar estradas, remover aproveitamentos e reintroduzir
as espécies animais extirpadas.
Não
é suficiente nos opormos à construção de
novas barragens. É tempo de libertar os nossos rios algemados
e derrubar Hetch Hetchy, Glen Canyon, New Melones, Tellico e outras
monstruosidades de concreto.
Enquanto
muitos grupos ambientais são membros do establishment político
americano e adotam essencialmente a visão de mundo antropocêntrica
(centrada no ser humano) da civilização industrial, nós
dizemos que as idéias e manifestações da civilização
industrial são anti-Terra, anti-mulher e anti-liberdade. Nós
estamos desenvolvendo um novo paradigma biocêntrico baseado no
valor intrínseco de todas as coisas da natureza: a Ecologia Profunda.
Earth First! acredita na vida selvagem por si mesma.
Fazer
lobbies, processos judiciais, escrever cartas e documentos de pesquisas
são importantes e necessários. Mas não são
o suficiente. Os Earth First!ers também usam a confrontação,
o teatro engajado, a ação direta e a desobediência
civil para lutar pelas áreas selvagens e processos vitais. E,
embora não ignoremos ou condenemos a danificação
de equipamentos, a ecotagem ou outras formas de destruição
de propriedade, nós apresentamos um fórum para a troca
de idéias de oposição criativa ao ídolo
do progresso, incluindo idéias sobre danificação
de equipamentos.
Para
evitar a cooptação, nós achamos necessário
evitar a estrutura organizacional corporativa tão facilmente
abraçada por muitos grupos ambientais. Earth First! é
um movimento, não uma organização. Nossa estrutura
é não-hierárquica. Nós não temos
uma "equipe profissional" bem paga ou uma liderança
formal. Dizendo mais simplesmente, a terra deve vir primeiro.
O
QUANTO PROFUNDA É A SUA ECOLOGIA?
Uma
coisa é certa quando tende a preservar a integridade, a estabilidade
e a beleza da comunidade biótica . Ela é errada quando
tende a outra coisa.
Aldo
Leopold
O
insight central de John Muir e da ciência da ecologia foi a compreensão
de que todas as coisas são conectadas, relacionadas; que os seres
humanos são meramente uma das milhões de espécies
que foram formadas pelo processo de evolução por três
e meio bilhões de anos. Com esta compreensão, podemos
responder melhor à questão "Por que a vida selvagem?"
É
porque a vida selvagem dá belos cartões postais? Porque
ela protege as bacias hidrográficas para o uso da vazante pela
agricultura, a indústria e as casas? Porque ela tira as teias
de aranha da nossa cabeça depois de uma longa semana na fábrica
de automóveis ou diante do terminal de vídeo? Porque ela
preserva as oportunidades de extração de recursos para
as futuras gerações de humanos? Porque alguma planta desconhecida
que vive no ermo pode conter a cura do câncer?
Não.
É porque a vida selvagem existe. Porque ela é o mundo
real, o fluxo da vida, o processo da evolução, o repositório
destes três bilhões e meio de anos de viagem compartilhada.
Todas
as coisas da natureza têm valor intrínseco, importância
inerente. O seu valor não é determinado pelo barulho que
elas farão soar na caixa registradora, nem se elas são
boas ou não. Elas são. Elas existem. Por si mesmas. Sem
consideração com qualquer valor real ou imaginado para
a civilização humana.
Ainda
mais importante que a criatura selvagem individual é a comunidade
selvagem interconectada – a vida selvagem, o fluxo de vida não-impedido
pela interferência industrial ou pela manipulação
humana. Estes temas gêmeos da interconexão e do valor instrínseco
formam o âmago das idéias de pensadores ecológicos
pioneiros tais como John Muir, Aldo Leopold e Rachel Carson, e são
a base da ação dos Earth First!ers. Esta visão
de mundo biocêntrica, oposta ao paradigma antropocêntrico
da civilização (e à posição reformista
dos grupos ambientais do mainstream), tem sido desenvolvida na filosofia
da Ecologia Profunda por filósofos como Arne Naess, da Noruega,
John Seed, da Austrália, Alan Drengson, do Canadá e George
Sessions, Bill Devall, Dolores LaChapelle e Gary Snyder, dos Estados
Unidos, entre outros.
Earth
First!, resumindo, não opera sobre a base do pragmatismo político,
ou do que é percebido como possível. A vida selvagem não
é algo que possa ser comprometido na arena política. Nós
somos defensores sem pedir desculpas do mundo natural, da Terra.