Posição de Leornard Peltier
em relacão a ALCA
Leonard Peltier, um cidadão das Nações
Anishinabe e Lakota, é um pai, avô, artista, escritor
e ativista dos direitos Indígenas norte-americanos. Ele passou
os últimos 25 anos na cadeia por um crime que não cometeu.
A Anistia Internacional considerá ele uma "prisioneiro
político" que deveria ser "imediatamente e incondicionalmente
libertado".
Caros irmãos, irmãs e amigos,
Eu conheço muitos de vocês que já estão
familiarizados com a ALCA, o NAFTA, a OMC, o FMI e o Banco Mundial.
Eu sei que muitos de vocês estão trabalhando duro para
expor a verdadeira natureza dessas Organizações e Tratados,
e como eles violam direitos humanos, direitos trabalhistas, direitos
indígenas, protecões ambientais e direitos de soberania
em cada lugar que eles colocam os pés. Consequentemente, o
que eu gostaria de abordar é o cenário mais amplo –
as verdadeiras raízes da ALCA e modos para obstruí-las.
Onde a ALCA se iniciou? Não em uma sala
de conferência nem em um escritório. A ALCA é
a continuação do imperialismo que começou milhares
de anos atrás na Europa com a dominação de povos
indígenas que a terra cutlivada para a subsistência e
o modo de vida foram tomados a força para que gananciosos feudalistas
pudessem reinar. Desde então, povos indígenas tem sido
forçados a se submeterem, a se obliterarem, em nome da civilizacão
e do progresso por todo o Globo. Aqui estamos nós no Século
21, e o mundo está muito longe de ter sido beneficiado. Eu
não preciso falar sobre a devastação da Terra,
avanço da pobreza, e das guerras que resultam de práticas
que colocam o lucro antes da própria sobrevivência da
Mãe Terra e da raça humana.
Aqueles que defendem a ALCA não ousam
se referir as suas políticas como formas de colonização
e feudalismo por que essas práticas são agora amplamente
condenadas. Ao invés disso, eles justificam as suas ações
em nome do "desenvolvimento" dos países pobres da
América central e do sul. Desenvolvimento? A primeira coisa
que os povos das Américas necessitam é "recuperacão"
não desenvolvimento. Recuperacão da mesma colonizacão,
dominação, e genocídio que corporacões
multinacionais querem, hoje em dia, perepetuar para ganho próprio.
Agora nós devemos continuar, não
apenas a condenar as práticas dessas organizações
e políticas comerciais, mas também a implementar e dar
apoio a meios de auto-suficiência, tanto nas nossa comunidades
quanto no exterior. Nós temos que apoiar mvoimentos indígenas
como os zapatistas e os uwa que estão lutando para manter a
sua terra e o seu auto-suficiênte modo de vida. Nós temos
que apoiar os pequenos agricultores e os trabalhadores rurais que
fornecem comida sadia para as suas comunidades. Nós temos que
criar e dar apoio a projetos inovadores em reservas indígenas,
dentro das cidades e nos países de terceiro mundo, projetos
que promovam a auto-suficiência e melhores condições
de vida.
Mas ao fazer isso, nós temos que nos
unir além das fronteiras de raça, classe, credo e idade
que muito frequetemente nos dividem. Se nós não unirmos,
eles irão nos derrotar um a um, do mesmo jeito que eles destruiram
o Movimento Indígena Americano que lutou tão duro pela
soberania indígena, os Panteras Negras, que desenvolveram programas
comunitários tão necessários e que lutaram por
auto-determinação, os movimentos da América Central
que viram a implementação escolas, programas sociais
e reforma agrária, e os sindicatos, que lutavam por condições
humanas de trabalho. Mais importante, nós precisamos derrubar
as barreiras que nos dividem em nosssos próprios quintais.
Nós devemos desenvolver uma cultura
que nos ensine, como os meus ancestrais fizeram, a pensar com cuidado
sobre o impacto que nossas ações políticas terão
sobre a MãeTerra, sobre cada um de nós, e sobre as futuras
gerações antes que façamo qualquer coisa. Se
nós fizermos isso, então com certeza nós venceremos.
Leonard Peltier
No espírito do Crazy Horse, Leornard
Peltier
www.freepeltier.org
Leonard Peltier, 2001