A
Elite Cultural na Festa Funk
Como
aluno da UERJ, estou profundamente indignado, porém nem um
pouco surpreso, com algumas atitudes que são tomadas pelo nosso
corpo-docente e discente da nossa amada FFP (não que seja diferente
em outras instituições de ensino). Tentarei traçar
algumas características tanto da FFP, quanto de seus membros.
A UERJ enquanto instituição é nada mais, nada
menos que o retrato da instituição de ensino público
no Brasil, sem comida (bandejão), sem cultura (biblioteca surreal),
sem aula (quando não tem greve de fundo meramente salarial
é falta de respeito por parte do corpo docente que dá
uma aula de pouca qualidade, chegando atrasado, ou nem aparecendo),
sem um processo democrático real de acesso às disciplinas
(sistema de CR é mais um funil contra o aluno carente), sem
estrutura (auditório pequeno e xerox deplorável), sem,
sem, sem ... Em suma nada de novo ou de diferente do corriqueiro para
quem vem do SISTEMA PÚBLICO DE ENSINO. A UERJ é até
bonitinha!
Enquanto
ao corpo docente, mais uma vez me sinto compelido a dizer que nada
do que estou discutindo é novo ou pode ser generalizado todas
as pessoas, mas continuando... só de inicio temos uma classe
(como a maioria das outras) que visa o próprio bolso e as próprias
pesquisas, se não fosse a academia não teriam para onde
produzir, como um ciclo, que sai da academia voltando para ela (na
grande maioria das vezes suas pesquisas trazem mais benefícios
diretos para o Estado e empresas privadas que para população,
por exemplo, graças às pesquisas nos centros tecnológicos
de diversas faculdades do mundo várias barreiras da ciência
são quebradas, mesmo no Brasil. Porém milhares de pessoas,
nesse mesmo Brasil, vivem de comer lixo, literalmente). Sem dúvida
temos ótimas equipes de pesquisa e memoráveis artigos
escritos por esses pesquisadores (sem ironia, um material acadêmico
ótimo), mas muitos dos profissionais deixam suas aulas a desejar,
chegando atrasados, modificando o programa pois só sabem falar
de suas pesquisas (ou só querem!) e na maioria das vezes desrespeitando
os alunos com posturas arrogantes e arbitrárias (a segurança
de um serviço público e a imagem construída durante
anos de casa o elevam a um "ser" acima do bem e do mal)
e etc, etc, etc... muitos professores são assim, afinal somos
educados para sermos assim, seremos PESQUISADORES e professores. Ganharemos
dinheiro dando aulas de forma duvidosa e encheremos nossos egos elaborando
magníficas teses para a academia, o Estado e a iniciativa privada,
enquanto os que pagam nossos salários, bolsas etc... (população),
que comam brioches!
Para
fechar com chave de ouro, sobraram os alunos, afinal de contas, já
passamos a perna em tantos derrotados pelo sistema para chegarmos
até aqui (2° grau, vestibular, cursinhos particulares etc...),
porque mudarmos de estratégia agora que estamos no caminho
correto, que nos foi traçado pelas pressões sociais
(nem tudo que é racional de se fazer, é moral de se
analisar, a vida é assim!).
A
maioria de nossos colegas universitários, passaram, se não
a vida escolar toda, pelo menos algum período em uma instituição
particular de ensino, onde a lógica de competitividade, os
conflitos de interesses e dificuldades não são as mesmas
de quem teve sua trajetória em uma instituição
pública (não que tenhamos santos nessa história)
ou dentro de uma comunidade carente onde a luta pela sobrevivência
gera outros valores, como adaptação a certas situações
e indignação e ação direta perante outras
etc... (nada de determinante, mas os assuntos ligados ao bolso e a
dificuldade nos horários das aulas chamam a atenção
desses alunos).
Para
ser mais claro! A maioria dos alunos vem de instituições
particulares, pagavam duzentos ou trezentos reais em um "Elite"
da vida, e pouco se importam se a xerox está sete centavos,
que um salgado miserável custa um real, a passagem de ônibus
custa um real e cinco centavos, porque papai paga ou a grana da bolsa
janto com o dinheiro da mesada podem cobrir, e ainda dá para
discutir Marx e UNE no botequim da frente da faculdade tomando uma
cerva gelada (SKOL, claro!).
Reivindicamos
bandejão para a UERJ rio, lutamos contra as micro salas por
macro salas sem estrutura e sem giz, nossas estruturas estudantis
representativas não comunicam de forma eficiente o que é
deliberado "em nosso favor", fazemos assembléias
gerais de estudantes onde as deliberações mais radicais
são atitudes que já eram tomadas individualmente por
alguns alunos, e totalmente provisórias etc...
A
UERJ, os professores e a maioria dos alunos não está
nem aí para quem precisa trabalhar para viver, todos acham
uma forma de atrapalhar direta ou indiretamente, a instituição
não cria alternativas (bem, temos a bolsa miséria ou
auxilio pesquisa, quanto é mesmo?), os professores dão
suas aulas e fazem pesquisa (não é problema deles!)
e a rapaziada esta ocupada fazendo grandes discussões sobre
grandes reivindicações (UNE, PSTU, PT, PC do alguma
coisa blá, blá , blá ...). Quem tem tempo para
um bando de caras e gurias sem grana para a xerox, que são
minoria nas universidades públicas no Brasil (principalmente
nos cursos ditos "top de linha", tipo medicina, direito
etc...)!
Mas
nem tudo está perdido, ainda temos as nossas maravilhosas festas
de quinta (será que não são tão boas pra
sar na sexta, ou ninguém trabalha mesmo!) onde todos são
iguais balançando o popozão no som do funk da periferia
onde estão aqueles que dificilmente passarão por essas
bandas!
Aves
que voam às vezes cagam!
Papagaio Freak...
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