Micro entrevista: Rojos Anarquistas Skin Heads-Guadalajara (México)

 

Agência de Notícias Anarquistas - Conte um pouco a história de vocês. Como surgiu o RASH-GDL?

Rojos Anarquistas Skin Heads-Guadalajara - Nossa seção foi fundada oficialmente em 1999, por skinheads anarquistas, que tinham militado desde 1995 no Grupo Anarquista Ricardo Flores Magón ("Apoio Mútuo"). Ao longo daquele ano e o seguinte, a seção cresceu com novos membros de diversas tendências socialistas. Todos os membros - antes de ser skinheads - estiveram envolvidos com o punk, as idéias libertárias, e alguns com o movimento straight edge.

Embora éramos skinheads e esquerdistas/libertários, foi graças ao contato pelo correio eletrônico com pessoas do País Basco e da Colômbia que nós descobrimos a existência da Confederação Internacional RASH, aí decidimos começar a procurar ser reconhecidos como parte dela.

RASH-Guadalajara surge da necessidade de continuar com o trabalho político que havia sido interrompido com o desaparecimento de Apoio Mútuo. Nossos objetivos sempre foram esses, de acrescentar algo na luta revolucionário. Embora as tradições skinheads (música e imagem) serem de suma importância para nós, nossas idéias políticas são tanto ou mais.

ANA - Que atividades desenvolvem?

RASH-GDL - As atividades que nós desenvolvemos continuamente como seção são a publicação de um fanzine e a promoção de uma banda de Oi!/streetpunk. O zine se chama Rojinegro - ressaltando as cores da luta, como as cores de nosso time de futebol - e aborda temáticas tanto políticas como musical, e futebolísticas. A banda leva o nome de Alerta Guerrilha, e é um instrumento de propaganda antifascista e libertária. No momento não há material gravado disponível, mas em alguns meses teremos um cassete auto-gestionado que estará disponível para a venda e troca.

Recentemente, nossa seção foi a organizadora do que que podemos chamar o primeiro encontro skinhead do México. Foi um grande festival que nós intitulamos Festival Contra o Racismo, onde tocaram várias bandas de ska, Oi! e punk de algumas cidades do país. Muitos skinheads, punks e rudies dessas cidades foram ao evento, que foi um grande sucesso.

Uma atividade que a partir do ano passado começamos a realizar e temos a intenção de repetí-la anualmente, é o que temos chamado de Futebol Contra o Capital, um torneio pequeno de futebol, aberto a todos e todas que estão interessados em passar um momento agradável e estabelecer laços de solidariedade com o movimento.

No momento, RASH-Guadalajara está desenvolvendo uma campanha de difusão, reflexão e ação antifascista, ao lado de um coletivo anarco-punk chamado A Comunidade Libertária. Foros de discussão, oficinas de informação, edição de folhetos e revistas, colagens de cartazes, concertos e uma grande marcha, são as atividades que formam parte desta campanha que culminará no dia 23 de novembro, com o Kristallnacht, ou a Noite dos Cristais Quebrados (dia mundial da luta contra o fascismo).

Além disto, nosso grupo participa de numerosas mobilizações políticas convocadas por organizações e movimentos sociais de nossa cidade; por exemplo, a solidariedade com o Exército Zapatista de Liberação Nacional (EZLN), ou com alguns sindicatos, como o Sindicato Nacional Revolucionário dos Trabalhadores da Companhia Hulera Euskadi (SNRTE).

ANA - Como está o movimento skin no México?

RASH-GDL - Não é muito grande. Existem poucos skinheads, e em poucas cidades. Contudo, parece que nos últimos anos cresceu bastante, e as pessoas começam a se vincular pela internet e nos poucos concertos que existem. A maioria dos skinheads se consideram apolíticos ou tradicionais.

Há um par de bandas interessantes: Barra Brava, que toca oi-ska com letras antifascistas e libertárias; Jamaica 69, ska tradicional; Sector Oi!, ska-oi; e Vírus que tocam hardcore. Igualmente, é possível encontrar os fanzines, como Consciência de Classe - da seção do Distrito Federal do RASH - e o skazine Tiempos Rudos.

A maioria do skinheads daqui passam da política e do rótulo "anti-racismo". Infelizmente, muitos deles entendem mal seu apoliticismo e levam isto como simples desculpas para escutar música nazi e esconder posturas políticas de direita, ou simples apatia mental. Esperamos que o trabalho de pessoas honestas do movimento - ainda que, independentemente de sua postura política tenham claro que neste momento o antifascismo é uma necessidade e questão de dignidade - façam que as coisas mudem.

ANA - Vocês conhecem algo da cena skin no Brasil?

RASH-GDL - Sim, os "carecas" são famosos até no México. Sabemos que a maioria das pessoas que são carecas ou skinheads aí, são envolvidas de alguma maneira com o nacional-socialismo ou com o ultra-nacionalismo. Isto é extremamente estranho, considerando a numerosa população negra no Brasil. Imagino que esta situação tornem as coisas extremamente difíceis para os pouquíssimos skinheads verdadeiros que existem aí. Recentemente tivemos a oportunidade de ler um texto pequeno publicado num zine brasileiro que falava contra os skinheads SHARP, acusando-os de serem machistas, homofóbicos e alienados (por gostar de cerveja e futebol).

Também recentemente, foi formada a primeira seção brasileira do RASH, em São Paulo. O endereço para quem quiser contactá-los é: rashsaopaulo@yahoo.com.br

Mais infos do RASH-GDL:

www.geocities.com/rashmexico/gdl


ANA