A
RESPEITO DA PRISÃO DE VÁRIOS OPERARIOS
Recebemos
a seguinte carta
Sr. Redator, Domingos Passos e outros foram presos hoje, logo
nas primeiras horas da manhã. Nas masmorras da Central
já está Arlindo Vicente.
Não há nada o que justifique tais violencias, a
não ser que a policia do Sr. General Fontoura faça
questão de reivindicar para si os qualitativos justamente
emprestados a corporação policial do Sr. Gemeniano
da Franca.
Jacques
Damastos
Carta
publicada na Secção Trabalhista do jornal A Pátria
(Rio de Janeiro), no dia 14 de março de 1923.
DOMINGOS
PASSOS CONTINUA PRESO
A
Resistencia dos Cocheiros passou às mãos do seu
antigo presidente uma carta de protesto - O syndicalismo cooperativista
e o syndicalismo revolucionario são dois systemas que se
repellem
Domingos Passos, o conhecido militante do proletariado revolucionario,
continua preso, victima duma vingança dos seus inimigos
que não lhe “gramam”, que não lhe toleram
a dedicação que tem pelas idéas libertárias.
Suas idéas ao invez de quererem “fazer do Brasil
uma potencia capaz de rivalizar com as maiores potencias”,
visam fazer do mundo inteiro uma só pátria, sem
marcos, sem fronteiras que impeçam a humanidade de abraçar-se
e viver em perfeita communhão de idéas e de interesses,
para o Amor e a Liberdade.
As idéas de Domingos Passos são “anti-patrioticas”,
prejudiciaes ao nacionalismo “chauvinista” dos seus
perseguidores; não podem, não devem ser propagadas!
E como elle é reincidente - para não dizer incorruptível
- só há um logar onde póde estar “a
vontade”, sem perigo para a integridade da pátria
e da República: - É a prisão! Cadeia com
elle!
Matéria
publicada na Secção Trabalhista do jornal A Pátria
(Rio de Janeiro), no dia 17 de março de 1923.
ORLANDO
SIMONECK NARRA PARA A PÁTRIA A PRISÃO DELES E DE
PASSOS NA RUA BARÃO DE SÃO FÉLIX, 203
“Eram
5 horas quando me levantei. Já o Pires tinha saído
para trabalhar. O Passos, acordado não sei desde que horas,
estava sentado na cama, lendo o “DETERMINISMO E RESPONSABILIDADE”,
de Hamon.
Tomei a toalha e desci, para banhar o rosto. Quando voltava do
pateo, enxugando-me vi dois individuos, que logo tomei pelo que
realmente eram, de revolver em punho, dirigirem-se para mim, perguntando
asperamente.
-
Onde está o Domingos Passos?
Prevendo uma dessas violencias de que o nosso querido companheiro
tem sido tantas vezes victima, senti forte desejo de escondel-o
e neguei sua presença, dizendo:
-
Domingos Passos não mora aqui!
Os que o procuraram não acreditaram, todavia, affirmando
que o tinham visto entrar naquella casa, às 22 horas do
dia anterior. E obrigaram-me a subir para a sala que occupamos.
Os meus protestos chamaram a attenção dos outros
moradores e quando chegamos no topo da escada, já lá
estava Passos, o Maurini e o Primitivo...
-
Por isso é que disseste a pouco que o Passos foi irreflectido?
-
Não! Disse o nosso interlocutor - Passos procedeu irreflectidamente
por que viu os policiaes na vespera sondando a casa e não
nos preveniu. Poderia ter evitado os prejuizos que soffremos.
-
E que prejuizos vos inflingiram?
-
Effectuada a prisão, deram os agentes uma busca na casa.
Como nada encontraram, levaram livros, jornaes - e até
duas navalhas de barba, entre outros objectos.
-
E tinhas lá alguma bibliotheca considerável?
-
Sim! Pedro Maurini é que possuia os livros, de philosofia,
de sciencia, de arte e de história, principalmente. Ao
Primitivo, tambem prejudicaram muito. Levaram-lhe - pela terceira
vez! - alguns originaes de um livro que tinha em preparo...
-
E na prisão, trataram-vos mal?
-
Como sempre. Ao Passos é que trataram de um modo especial.
Metteram-no com ladrões e vadios, tal qual fizeram com
Arlindo Vicente. Estes ladrões e vadios, como de costume,
despiram-no, obrigaram-no a banhar-se e como elle offerecesse
resistencia, espancaram-no. A nós, felizmente, puzerem-nos
em liberdade ao cabo de 36 horas.
Matéria
publicada na Secção Trabalhista do jornal A Pátria
(Rio de Janeiro), no dia 17 de março de 1923. O “Pires”
citado certamente se trata de José Pires, da UOCC. As prisões
de Domingos Passos, Pedro Maurini, Orlando Simoneck, Primitivo
R. Soares, Vicente Llorca e José (de tal) foram efetuadas
na manhã de 14 de março, quinta-feira. O carpinteiro
Arlindo Vicente já estava detido desde o dia 5 de março.
Passos e Arlindo Vicente foram postos em liberdade no dia 19 de
março, domingo. Segundo nota publicada n’A Pátria
de 20 de março, “Ao que nos disse este denodado propagandista
libertario (Passos), sua prisão teve por fim averiguar
sua recente viagem ao Paraná.”
EM
PARANAGUÁ - UMA MANIFESTAÇÃO PUBLICA PROMOVIDA
PELAS ASSOCIAÇÕES DE CLASSE
PARANAGUÁ
30 (Especial para A Patria) - As manifestações levadas
este anno a effeito nesta cidade promettem assumir um caracter
francamente libertario.
Vindo do Rio de janeiro, expressamente convidado pelas associações
de Paranaguá, está aqui o conhecido libertario Domingos
Passos, para falar na grande reunião publica convocada
para amanhã, à tarde, por meio de boletins profusamente
distribuidos em todos os locaes de trabalho.
Domingos Passos, a quem falamos hontem, na séde da União
Operaria, pretende demorar-se e realizar, nesta e noutras localidades
vizinhas, uma serie de palestras de propaganda pró-organização
operaria (Do correspondente).
Artigo
publicado na Secção Trabalhista do jornal A Pátria
(Rio de Janeiro), de 10 de maio de 1923.
ESCUELA
LIBRE NATURISTA (DIVULGAÇÃO SCIENTIFICA)
Esta organização, de Montevideo, acaba de autorizar
o conhecido militante anarchista Domingos Passos, a receber assignatura
da revista "Vivir" que se edita naquella capital uruguaya.
O endereço para qualquer especie de correspondencia referente
a "Vivir" deve, portanto, ser dirigida a: Domingos Passos,
rua Buenos Aires 265, Rio de Janeiro.
Nota
publicada na Secção Trabalhista do jornal A Pátria
(Rio de Janeiro), de 28 de setembro de 1923.