do Rio de Janeiro,
publicadas na Secção Trabalhista do diário
A Pátria
1923.
União
dos Operarios
em Construcção Civil
Esta
União realizou uma grande reunião na sede da UGHRCS,
à Rua Buenos Aires 265
Perante numerosa correspondencia da classe e de muitas delegações
de outras associações, teve lugar a posse da nova
comissão executiva recentemente eleita.
As 20 horas, deu-se por aberta a sessão, sendo aclamado
um membro da classe para dirigir os trabalhos.
Em seguida foi feita a chamada dos membros da nova comissão
que estavam todos presentes, tomando posse de seus respectivos
cargos.
Depois de breve discurso proferido pelo presidente da mesa, alusivo
ao acto, fizeram uso da palavra alguns oradores da associação
e das organizações representadas, congratulando-se
todos com animo e a consciencia de que são possuidores
esses luctadores pela emancipação proletaria.
As 23 horas no meio do maior enthusiasmo, deu-se por encerrada
a sessão.
O
secretário
Nota
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 2 de janeiro de
1923. A posse da comissão executiva do UOCC deu-se na sede
da UTHRCS, pois a sede da Rua Barão de São Félix
119 estava interditada pela polícia. No dia 7 de janeiro,
no entanto, já é anunciada uma reunião dos
tanoeiros na sede da Barão de São Félix.
A UOCC ficou “desaparecida” das folhas da Secção
Trabalhista até o dia 13 de janeiro, quando é convocada
uma assembléia para o dia 17 do mesmo mês, na Barão
de São Félix, afim de se discutir a circular da
comissão da “Federação dos Trabalhadores
da Região Central do Brasil”.
União
dos Operarios em Construcção Civil
Esta associação operaria vae se reunir hoje a tratar
directamente com o senhor chefe de policia sobre o fechamento
de sua séde social vem por meio da imprensa convidar a
todos os seus associados e especialmente os militantes para uma
assemblea geral a se effectuar hoje, à Rua Buenos Aires
265.
Convocação
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 3 de janeiro
de 1923.
Aos
Trabalhadores da Construcção Civil
Relembrando das numerosas vitimas que tombaram e pagaram com a
vida, e dos abnegados camaradas que foram de barra fóra,
pela conquista da jornada de 8 horas e outros beneficios obtidos
pela classe, e analisando o que se está passando com os
trabalhadores em “CC”, e como trabalhador que sou
desta industria, sinto-me na necessidade de chamar a attenção
dos meus colegas, e com especialidade os militantes, para tomarmos
qualquer providencia para que se evite a repetição
de taes factos.
Companheiros!
Os industriaes estão empregando todos os esforços
para burlar a jornada de 8 horas!? Para isso empregam todos os
meios taes como: augmento de 20 e 30%, e que os operarios inconscientes
aceitam pensando que com essa miséria melhoram a situação.
Desnecessario é citar innumeras casas, officinas e obras
que já foi abolido o regime de 8 horas e citarei um caso
que se acaba de verificar.
Nas obras do Lyceu Francez, sito a Rua das Laranjeiras, e cuja
construcção está a cargo da Casa Leopoldo
Cunha & Cia., e sendo os serviços de estuque a cargo
do explorador Roque. Pois bem: nessa obra, porque um operario
estucador consciente não quizesse sujeitar ao regime das
10 horas, foi violentamente demitido, pelo tal mestre Roque, tendo
ainda o topete de dizer na frente dos outros operarios que em
casa delle era trabalhar 10 horas, quem não quizesse que
fosse embora.
E os operarios não souberam responder à altura da
afronta, excepto três que abandonaram imediatamente o serviço.
Fatos desta ordem veem-se, infelizmente, em toda a cidade do Rio.
No decorrer do “Centenário” a organização
foi impotente para evitar os serviços extraordinários
devido à enorme quantidade de operarios vindos de toda
a parte e que nunca souberam o que é organização...Mas
actualmente, não há razões para tal pois
que quando elles estão trabalhando dia e noite, existem
innumeros trabalhadores parados, por não quererem se sujeitar
a essa miseria.
Companheiros, não podemos permanecer nessa apatia, consentindo
que estes infelizes inconscientes continuem a praticar atos desta
natureza e derrubem uma das mais belas conquistas que tanto sacrificio
custou a todos os que por ella luctaram.
É
preciso de uma vez para sempre acabar com os malditos serões!
Todos à organização!
M.
J. Pereira (estucador)
Matéria
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 31 de janeiro
de 1923.
União
dos Operarios em Construcção Civil
Apezar da chuva, o salão dessa pungente agremiação
achava-se repleto de trabalhadores. As 20h foram pelo secretario
abertos os trabalhos, sendo aclamado o companheiro Pires para
presidi-los. É concedida a palavra ao secretario para a
leitura da acta da sessão anterior, sendo a mesma aprovada
com uma pequena rectificação (...). Carta pedindo
que se nomeie dois camaradas para fazerem parte da “Federação
da Região Centro do Brasil” e, ao mesmo tempo, é
autorizada a referida commissão a ir a Petropolis conferenciar
com os operarios daquela cidade (...) Foi lido um oficio da Federação
dos Trabalhadores dos Rio de Janeiro convidando a União
a tomar parte em uma reunião a realizar-se no próximo
domingo 4 (...) Encerrados os trabalhos as 10h.
Resumo
da assembléia geral da UOCC do dia 31 de janeiro publicado
na Secção Trabalhista do jornal A Pátria
(Rio de Janeiro), no dia 2 de fevereiro de 1923. O texto está
incompleto e não foi transcrito literalmente. O Pires citado
é o militante José Pires (Vide Novos Rumos, de Edgar
Rodrigues. pg. 183).
União
dos Operarios em Construcção Civil
Considerando que os trabalhadores de todo o mundo propagam o esperanto
e o fazem officialmente nas suas relações mutuas.
Considerando que estudar esta maravilhosa lingua auxiliar é
caminhar para o futuro e a perfeita communhão humana.
Considerando mais que a par destes altos predicados, tambem é
de acessivel a qualquer inteligencia por mais rude.
É
que a União dos Operarios em Construcção
Civil toma parte como componente no 70 Congresso Brasileiro de
Esperanto, a realizar-se no proximo mês de março,
nesta capital.
Moção
apresentada na assembléia geral de 7 de fevereiro e publicada
na Secção Trabalhista do jornal A Pátria
(Rio de Janeiro), no dia 9 de fevereiro de 1923. Neste mesmo dia,
a UOCC convocava seus membros para uma reunião na sede
da Barão de São Félix 119, quando haveria
uma “conferência sociológica” a cargo
de Florentino de Carvalho, sob o tema A grandiosidade das idéas
anarchistas e dos cavalheiros que as professam.
União
dos Operarios em Construcção Civil
Aos
camaradas
Esta associação reunida no dia 7 do corrente, considerando
o estado actual da classe e da necessidade de reorganizal-a, para
que possa fazer respeitar as conquistas com tantos sacrifícios
realizados, assim como activar a propaganda de educação
de seus componentes e influir na orientação libertadora
de todas as demais classes proletarias, apressando o advento da
sua emancipação integral, resolveu confiar aos associados
mais conscientes a tarefa de interessar os trabalhadores na obra
desta associação, no sentido de que se associem
e concorram com as suas actividades para o seu engrandecimento.
Estamos certos de que os camaradas saberão considerar o
valor desta obra, e certamente atenderão a este apello,
afim de que em breves dias possamos ver a classe unida, empolgada
pelo enthusiasmo de outros dias.
Para trocarmos idéas a respeito e tomarmos resoluções
pelas quaes se possa realizar algo de practico, convidamos os
camaradas a assistirem a reunião a realizar-se no dia 22,
do corrente, as 7 horas da noite, em nossa sede social, a Rua
Barão de São Félix 119, contando com o vosso
comparecimento.
Saudemol-o fraternalmente - O Secretario.
Convocação
publicada na Secção Trabalhista do jornal A Pátria
(Rio de Janeiro), no dia 18 de fevereiro de 1923. Na parte de
Communicados Diversos da Secção Trabalhista, neste
mesmo dia, a UOCC informava que havia sido votada no dia 14 de
fevereiro uma moção de protesto contra a ocupação
do Ruhr pelas tropas franco-belgas: “...hypotecando tambem
toda a solidariedade ao proletariado de todo o mundo, para uma
acção conjunta contra a nova grande guerra que se
forja nos bastidores da política aliada.”
A
União dos Operarios em Construcção Civil
vae comemorar seu sexto aniversario empossando a nova C. Executiva
São convidados todos os trabalhadores da Industria da Construcção
Civil a assistir à reunião de quarta-feira proxima,
4 de abril, às 19 horas, durante a qual será empossada
a nossa C.E. e se rememorará a vida de nossa associação,
que assignala precisamente naquela data, o 60 aniversario da sua
reorganização.
As associações co-irmãs, que já foram
convidadas para esta solemnidade, pedimos que tomem em consideração
a transferencia que fizemos de 1 para 4 de abril - O secretario,
Gravina.
Convocação
publicada na Secção Trabalhista do jornal A Pátria
(Rio de Janeiro), no dia 1 de abril de 1923. O secretario da UOCC
era Pascoal Gravina, militante sindical e ator do teatro operário,
fundador do Grupo Dramático Social (1914) e do membro do
Grupo Renovação Teatro e Música, até
1935 (vide Os Companheiros - Vol. 5, de Edgar Rodrigues, pg. 28
e 29).
União
dos Operarios em Construcção Civil
Séde
- Rua Barão de S. Felix, 119
Camaradas!
A situação premente que os trabalhadores atravessam
é, em parte, causa da vossa desídia, do vosso abandono
pela organização. Refiro-me, claro, a massa dos
trabalhadores desorganizados, que se entregam de corpo e alma
aos exploradores, aos que abandonam os syndicatos em troca do
botequim, da taberna, dos “mafuás”, de todos
os centros viciosos, de corrupção e maldade.
Na industria da Construcção Civil verifica-se entre
os trabalhadores uma lethargia que não vejo nem sei a que
attribuir.
Há trabalhadores que já foram militantes e que hoje
vivem afastados completamente da organização. Por
que? Terão conquistado todos as regalias que se julgavam
com direito? Não! - Terão enriquecido com os proventos
que tiraram dos extraordinarios, com os resultados dos malfadados
serões da Exposição? - Tambem não!
E todavia não é possivel comprehender a razão
do seu afastamento, do seu desprezo pela organização!
Os antigos militantes, especialmente merecem forte censura, pois,
continuando a ser as bestas de carga, os explorados de sempre,
deixaram a luta, sosinhos, contra o patronato capitalista e autoritario,
aquelles que já lutaram com denodo nunca desmentindo pelas
poucas melhorias que hoje todos gosamos.
Mas deixemos de parte o que cada um foi e o que actualmente somos
e fazemos. Lembremo-nos, sobretudo, que a exploração
recrusdesce, augmenta assustadoramente, tornando-se quasi insustentavel
a situação que atravessamos.
É
necessario, é inadiavel o congraçamento de todas
as energias, de todas as vontades.
Unamo-nos, pois! Que os interesses da associação
sejam para cada um de nós o que os nossos interesses devem
ser para a associação, um estímulo reciproco.
Vejamos que ao nosso inimigo é um só, pois que o
capitalismo e o Estado não se apartam. E nós, para
os vencer temos que fazer o mesmo que elles: tornarmo-nos fortes,
cohesos, invenciveis - dentro das associações de
resistencia.
Convocação
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 4 de abril de
1923.
União
dos Operarios em Construcção Civil
Demostrado está por emquanto os trabalhadores permanecerem
alheios ao seu syndicato, jámais poderão conquistar
a sua liberdade e o seu bem estar!
Portanto, camaradas, necessario se torna o comparecimento de todos
os trabalhadores da Construcção Civil, a assembléa
geral a realizar-se na proxima quarta-feira, ás 19 horas.
Antes do inicio dos trabalhos fará uma palestra o camarada
Bento.
Os trabalhos constarão dos seguintes pontos:
Leitura
da acta;
Balancete
do mez de março;
O
10 de maio;
Diversas
propostas;
Assuntos
geraes.
Avisamos à classe em geral que o expediente desta secretaria,
é das 19 as 21 horas, excepto aos domingos, o qual só
haverá no caso de força maior.
O 1o. secretário - Cavalcante
Convocação
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 8 de abril de
1923. O 10 secretario da UOCC no trimestre abril-maio-junho foi
João Cavalcante (vide Edgar Rodrigues, Os Companheiros,
vol. 3, pág. 81)
A
União dos Operarios em Construcção Civil
foi fechada
O
Sr. Marechal Carneiro da Fontoura terá inteiro conhecimento
desta violência?
As classes trabalhadoras do Rio de Janeiro vem atravessando um
longo período de calmaria, não se justificando,
portanto, o fechamento das associações de classe.
Ainda há pouco, sob o pretexto de que na séde da
Construcção Civil se reuniam grupos de anarchistas
e que esses grupos tramavam contra as instituições
um golpe de força, com objectivo de derrubar o governo,
e instaurar nesta capital o regimen dos “soviets”
(que irrisão!), foi assaltada essa séde por numerosa
força policial sob as ordens do Dr. Dilermando Cruz, 30
delegado auxiliar, e presos cerca de 20 operarios, cuja attitude
de respeito à autoridade nada lhe valeu ante a ferocidade
dos agentes, que espancaram sem dó nem piedade, José
Adão e Antenor Faria.
Este facto se passou, se a memoria não nos mente, na vespera
do Natal.
Naquella mesma noite ficou averiguado tratar-se tão só
de uma tremenda “pótóca”... mas, não
obstante, aquellas infelizes victimas “mofaram” dias
e noites nos “xadrezes” da Central, até que
o sr. chefe de polícia resolveu attender ao vibrante protesto
que o exmo. Senador Irineu Machado levantou da tribuna do Senado.
Não verá, o sr. general Fontoura no acto que os
agentes de polícia hontem praticaram contra os operarios
da Construcção Civil, um caso digno de immediata
reparação?
O sr. chefe de polícia não poderá tolerar
que taes violencias continuem a se reproduzir. Isso depõe
contra o governo e contra o proprio regimen!
É
uma vergonha que lá por fóra se saiba que no paiz
“possuidor da Constituição mais livre do mundo”
os trabalhadores não tenham, siquer, o direito de se reunir.
Matéria
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 14 de abril
de 1923.
União
dos Operarios em Construcção Civil
Tendo a polícia assaltado e fechado a séde na sexta-feira
passada (13/4) e a commissão executiva indo por duas vezes
a chefia de polícia para rehaver as chaves, e como não
nos tenham sido entregues, convido a classe em geral a comparecer
a assebléa geral a realizar-se 4a feira (18/4), na rua
Buenos Aires 265, para resolvermos qual atitude que devemos tomar
para a reabertura da séde. - O secretario
Nota
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 17 de abril de 1923.
A
União dos Operarios em Construcção Civil
está de portas cerradas
Camaradas! A nossa séde foi novamente fechada, à
ordem do sr. 30 delegado auxiliar. Não sabemos, não
podemos saber quando nos será possivel reunir, sem esta
coacção que todo o momento se exerce contra nós.
Ainda ha só 8 dias commemoravamos a passagem do 60 anniversario
da nossa reorganização syndical. Nesse dia, como
era natural, relembramos todos os nossos sacrificios, os ingentes
esforços que temos empregado na luta em que nos achamos
empenhados pela reivindicação dos nossos direitos.
Lembramos algumas das violencias de que temos sido victimas -
só não previmos esta que acaba de nos suprehender!
Companheiros! Não desanimemos, não retrocedamos!
Os que violentam os nossos direitos, os que affrontam a nossa
liberdade hão de passar, como tantos outros homens têm
passado... E a idéa, a quem toda a autoridade e todas as
violencias não attingirão nunca, ficará para
que os que venham depois de nós lutem por ella e façam
o que não podemos realizar.
Hoje, entretanto, prudencia.
Uma commissão especial, constituida por membros da nova
commissão executiva e por militantes da vanguarda da União
está trabalhando pela reabertura do local.
Opportunamente será feita a convocação para
mais uma das muitas reuniões que temos effectuado, assignalando
a victoria da razão sobre a força bruta. Esta tem
triumphado muitas vezes mas tambem tem sido vencida outras tantas
vezes!...
Companheiros! Nem só na Construcção Civil
se effectuam reuniões! Hoje, às 13 horas, reunem-se
os padeiros. Amanhã, às 20 horas, reunem-se os sapateiros
e os alfaiates; depois de amanhã, às 21 ½
horas, reunem-se os empregados de hotéis, restaurantes,
etc..., e vós, como conscientes e zelosos de vossas convicções,
deveis estar em toda parte onde os trabalhadores se reunem.
Os trabalhadores são uma só familia!
Os assalariados têm todos um inimigo commum; lutam para
que todos possam viver egualmente sob o mesmo sol grandioso e
fecundo.
Todos podem caber numa só casa - quando essa casa seja
de verdadeiros trabalhadores!
Assiste, portanto, a todas as reuniões que se effectuem
- A commissão.
Convocação
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 18 de abril
de 1923.
A
U.O. Construcção Civil impedida de se reunir - Um
operário preso
3
linhas censuradas (borradas)
...
deliberação de impedir que hontem se realizasse
a assembléa que estava convocada para a séde da
União Geral, à Rua Buenos Aires, 265.
Antes da hora marcada já todos os cantos das ruas Buenos
Aires, São Jorge, Tobias Barreto, José Maurício
e Avenida Passos estavam tomados por policiais civis e militares,
com imcum...
3
linhas censuradas (borradas)
O agente Ferreira chegou mesmo a subir as escadas da União
Geral, interpelando (borrado) alguns dos presentes...
4
linhas censuradas (borradas)
As autoridades (borrado) entenderam que esses homens, esses idealistas,
esses subversores, são todos elementos da U.O.C.C., de
modo que, sapateiros, cosinheiros, alfaiates, caixeiros, etc...que
por qualquer circumstancias precisem de ir aquelle local, correm
o risco de serem tomados por pedreiros ou pintores, elementos
indesejaveis, por conseguinte inimigos da lei, da policia, do
Estado - (borrado)
Talvez por ser tomado como elemento da Construcção
Civil é que foi preso o tanoeiro Antonio Pereira, (borrado)
2
linhas censuradas (borradas)
Matéria
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 19 de abril
de 1923. A matéria teve trechos propositadamente extirpados,
provavelmente por ordem da censura vigente no Estado de Sítio.
A
Construcção Civil foi reaberta
O
ministro da Justiça, attendendo à reclamação
que lhe fez uma commissão encarregada expressamente de
tratar deste caso, mandou entregar a chave ao dono da casa...
Hontem, cerca de 6 horas da tarde, a commissão encarregada
de tratar directamente com o sr. Ministro da Justiça do
fechamento da séde da U.O. Construcção Civil,
levado a affeito, traz-ante-hontem, pela policia, teve a satisfação
de poder voltar já senhora da chave do predio e com a notícia
de que aquella associação poderá voltar a
funccionar livremente.
Antes assim.
S. ex. provou assim não ligar a menor consideração
as delações feitas por elementos que entre os proprios
trabalhadores praticam, ao que parece, o vil serviço de
espionagem. Foi desfeita a denuncia calumniosa, segundo a qual
se tratava ali “duma formidavel conspiração
anarchista”, confirmando-se de modo claro e evidentíssimo
que aquella associação de elementos improductivos,
parasitarios, “subversivos profissionaes”, que em
realidade merecem um correctivo.
Trata-se, como o sr. João Luiz Alves teve a occasião
de saber, duma sociedade de homens trabalhadores, embora revolucionarios,
que tem por nobre finalidade a emancipação de todos
os homens.
Manoel Pereira, o operario tanoeiro que ante-hontem foi preso
nas imediações da União Geral, ainda não
foi posto em liberdade. Por que? Seria fazer justiça se
o sr. general Carneiro da Fontoura relaxasse o acto arbitrario
do seu subordinado, mandando em paz esse operario que só
por condemnavel capricho pode ter sido conduzido à prisão.
No proximo domingo, às 18 horas, haverá uma grande
assembléa na séde da Construcção Civil.
Matéria
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 20 de abril
de 1923.
União
dos Operarios em Construcção Civil
A
Reunião de hoje
Para a assemblea de hoje e por terem de ser tratados assumptos
de maxima importancia, conidamos todos os trabalhadores da Construcção
Civil, associados ou não.
Companheiros! O 10 de maio esta ahi! Que a nossa cohesão
seja mais uma vez posta à prova.
Que a nossa consciencia se affirme como sempre, com a paralyzação
geral do trabalho nas fabricas, nas officinas e nas obras! - O
secretario.
Convocação
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 25 de abril
de 1923.
União
dos Operarios em Construcção Civil
Amanhã
grande reunião para os trabalhadores em Serrarias
É
inacreditavel que uma classe como a vossa, trabalhadores em serrarias,
composta de centenas de homens, continue alheia ao syndicato,
como actualmente se verifica.
Certo é que continuaes a ser victimas dos industriaes,
que continuaes a perceber insignificantes salarios em troca de
exaustivo trabalho.
O vosso horario é a vontade dos vossos exploradores. E
qual a razão de tudo isto? É tão somente
pela vossa falta de vontade, pois, sem que sejam organizados jamaias
podereis obter a minima regalia para o vosso bem estar.
Necessario
é que tenhaes um pouco mais de energia e volteis os vossos
olhos para a organização. É nella que encontrareis
os vossos irmãos explorados como vós, para, em conjunto,
dar combate à exploração de que todos estamos
sendo victimas.
Vede
que diariamente açambarcadores aumentam os preços
dos generos de primeira necessidade sem que para isso haja a minima
repressão por parte dos que se dizem defensores do povo!
Compete
a nós, aos trabalhadores, aqueles que já estão
completamente desilludidos de qualquer providência por parte
dos dirigentes, tomar imediatas medidas para combater os açambarcadores
que estão de posse de tudo que nós necessitamos
e do que somos únicos productores.
A
Construcção Civil que tem por objectivo principal
a emancipação moral, economica e social dos trabalhadores,
seus associados ou não, convidavos a comparecer numa reunião
que se realizará amanhã, sexta-feira, 4, às
19 horas, na sede social à Rua barão de São
Félix 119, onde resolver-se-á sobre a vossa organização,
quer filiada à Construcção, quer formando
vosso syndicato.
Fica,
portanto, ao vosso critério. É de esperar que os
trabalhadores em serrarias despertem e acorram ao apelo que fazemos
- A Comissão
Convocação
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 3 de maio de
1923.
Apello
aos trabalhadores da Construcção Civil
Operarios da Construcção Civil! Os memoraveis dias
de lucta tenaz por nós realizada contra o patronato, o
nosso espírito de organização e de sacrificio
postos à prova durante um longuíssimo periodo de
tempo, bastaram para nos demonstrar que todos os direitos conspurcados
e todas as prerrogativas denegadas podem ser facilmente reivindicadas
e mantidas pelos escravos do salário, quando estes entendem
de se unir e luctar como classe contra os detentores de todas
as riquezas sociaes.
O momento que passa tambem é de luctas e reivindicações.
O proletariado continua junjido ao systema de salariato, escravizado,
explorado e escarnecido vergonhosamente, porque não decide
organizar-se longe dos elementos politicos, alheio as normas automaticas
dos conquistadores de posições e de planos.
Camaradas! A União dos Operarios em Construcção
Civil continua fiel aos seus principios e fins revolucionários,
não se desviou das suas velhas normas de acção.
Organizada sob os principios do Syndicalismo Revolucionário,
quer que a todos os productores sejam entregues os elementos da
producção em geral. Que o pão e as vestes,
a habitação e a instrucção e tudo
mais não constituam privilegio dos ricos, dos astuciosos,
dos senhores, dos reis - mas que sejam patrimonio comum dos que
travalham na nobre intenção de fazer jus ao direito
de consumir.
Vinde todos, camaradas, formar nas fileiras da organização
syndical! Somos nós os usurpados. Devemos ser nós
os luctadores pela acção e pela reivindicação.
Senhores! Militantes velhos e militantes novos! Avante, camaradas!
Tomemos a peito a lucta que nos vemos obrigados a manter acesa
ininterruptamente contra o capitalismo, contra os patrões
exploradores e ladravazes!
A
Comissão
Convocação
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 16 de maio de
1923.
Quem
me responde?
Apareceu um dia quem se lembrasse de reunir num só organismo
todos os syndicatos profissionaes da Construcção
Civil. E a idéa venceu.
Fundou-se a União dos Operarios em Construcção
Civil; elaborou-se um programma de reivindicações
imediatas e após a indispensavel propaganda, enfrentamos
o patronato, na lucta pela conquista das 8 horas de trabalho.
A lucta foi renhida, mas conseguimos estabelecer o referido horario
que representava uma das nossas mais caras aspirações.
A seguir, deliberamos em nossa associação luctas
pelo aumento dos nossos salarios, estabelecendo tabelas mínimas,
que deveriam ser postas em practica naquela ephoca, e vencemos.
Mas, 7 mezes depois fomos levados a luctar novamente por novos
aumentos, pois que os que ficaramos vencendo quando da primeira
lucta já não bastavam para a satizfação
das nossas necessidades mais urgentes.
Esccusados será de dizer que todas estas luctas e reivindicações
foram realizadas sem grandes sacrificios. Os que fizeram foram
relativos; não só porque o que reclamávamos
era mais do que justo, mas porque tambem os trabalhadores da Construcção
Civil estavam - como ainda estão - bem organizados, em
condições de vencer com facilidade todos os obstaculos
que lhes impuzessem a marcha para a conquista de seus direitos
(continua...).
Manoel
Bento
Matéria
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 29 de maio de
1923.
Reunião
da União dos Operarios em Construcção Civil
Reunião
de militantes
Depois de amanhã, às 18 h, na séde da Rua
Barão de São Félix 119, deverão se
reunir os militantes da União dos Operarios em Construcção
Civil para apreciarem a verdadeira situação deste
organismo em face da organização operaria nacional
e internacional.
Serão apresentados vários alvitres tendentes a provocar
a intensidade da propaganda syndical, uns, e outros para solucionar
immediatemente certas difficuldades provenientes da situação
anormal que o Brasil atravessa e que tem feito decrescer a organização
syndical principalmente no Rio, onde o estado de sitio decretado
há um anno impede os mais insignificantes movimentos da
parte do proletariado revolucionario.
Marques
da Costa
Convocação
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 4 de junho de
1923.
União
dos Operarios em Construcção Civil
Amanhã
se vae realizar uma grande assembleia para todos os trabalhadores
desta industria
Para a grande assembleia de quarta-feira, 6 do corrente, são
convidados todos os trabalhadores da Construcção
Civil, associados ou não.
Pede-se, principalmente, o comparecimento dos militantes, que
nestes ultimos 3 mezes tem vivido afastados da organização.
Há homens, entre os trabalhadores organizados, que pela
sua actuação se tornam escravos dos deveres. E neste
caso, estão aqueles que por sua vontade ou involuntariamente,
se fizeram elementos da vanguarda revolucionaria.
Companheiros! Um momento de descanso é permitido: é
razoável; é humanamente impossivel deixar de o ter
um dia. Mas descansar das fadigas que a propria lucta acarreta
não é o mesmo que entregar-se à mais absoluta
retração, não é o mesmo que abandonar
o posto que nós mesmo conquistamos no terreno da peleja
contra o capitalismo. Vamos pois, camaradas! Voltae todos para
reencetarmos o combate que há de por abaixo a casta parasitaria
e dominadora.
A União dos Operarios em Construcção Civil
continua de pé, indômita e invencível!
Sua sede, à Rua Barão de São Félix
119, continua franqueada todas as quartas-feiras, são tambem
acessiveis a todos quantos pretendam orientar-se e conhecer o
rumo que os trabalhadores devem tomar, para se livrarem da tutela
do patrão e do Estado.
Ao syndicato, camaradas! Para as fileiras, amigos! Para a barricada,
pela conquista de um mundo novo.
O
Secretario
Convocação
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 5 de junho de
1923.
Dos
que estão longe...
Uma
calorosa mensagem dirigida à União dos Operarios
em Construcção Civil
São dois velhos camaradas que vos saudam. Longe de vós!
Nestas plagas do sul, o nosso pensamento está convosco.
Lembrarmo-nos da Construcção Civil é recordar
as luctas grandiosas do proletariado consciente do Rio de Janeiro.
Fostes vós quem forneceu o maior numero de combatentes
para os movimentos de 917, 19 e 21, movimentos estes, que se não
attingiram ao nosso sonho idealístico, foram no emtanto,
bellas affirmações da sublime rebeldia que há
de levar os povos ao portico da liberdade.
Ainda quando os corvos, cobertos de brancas plumas, procuraram
mistificar o ideal anarchico, quem foi que forneceu os mais aguerridos
batalhadores para o combate ao Partido Communista?
Fostes vós, camaradas. Foi da Construcção
Civil que sahiu a moção dynamica que obrigou a separação
do joio do trigo, foi ainda da Construcção Civil
que sahiu este grupo de denodados batalhadores que de viseira
erguida e peito descoberto, aparou os mistificadores golpes.
À
perseguição fostes ainda vós que fornecestes
maior numero. Perseguições, deportações,
cadeias e agressões fascio-communistas, nada vos tem atemorizado
e continuaes impavidos na luta pelo ideal contra as mesquinhas
ambições dos burguezes e dos pretensos dictadores.
O futuro é a liberdade sem peias, devastando os ares, espancando
os bulcões. E o passado este é o do negrume infinito
do absolutismo da dictadura antigmada e do governo do homem pelo
homem
Esta
mensagem está subscrita por dois velhos militantes do syndicalismo
revolucionario, que têm vindo a dar continuas provas ao
seu amor à causa da emancipação humana. Os
seus nomes, todavia, convem occultal-os...por enquanto. Trata-se
de individuos cuja liberdade está regulada pelas Chefaturas
de policia...
A belleza deste regimen!!
Marques
da Costa
Nota:
Artigo publicado na Secção Trabalhista
do jornal A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 8
de julho de 1923. Os “dois velhos militantes do syndicalismo
revolucionario” seriam, provavelmente, Domingos Passos e
Henrique Ferreira, ambos integrantes da U.O.C.C. e que estavam
desde abril no Sul do país escapando das perseguições
da Polícia carioca.
Aos
pintores da União dos Operários em Construcção
Civil
Néo-Syndicalistas,
portadores de formulas velhíssimas, que a pouco e pouco
vão sendo universalmente rejeitadas.
Anda mouro na costa!...
Aquelles que se têm esforçado por manter incolumme
o syndicalismo revolucionario tantas vezes “aggredido”,
quantas tem sido alvo de sordidas mystificações,
são concitados pelo presente brado de alerta! , a occupar
seu posto de combate e a assestar suas armas contra os que neste
momento se preparam para uma nova incursão.
Sim, nova incursão!
Não é a primeira vez que se premedita levar por
deante tentativas de deturpação dos principios e
finalidades do syndicalismo revolucionario.
A differença só existe nisto: antes essas tentativas
de deturpação opportunista provinham do elemento
burguez, agora são outros os interessados na “falsificação”,,,
do systhema.
Mas vejamos quaes são as poderosas razões do nosso
alerta!
No “Movimento Operario” de “O Paiz”, está
sendo publicado o seguinte manifesto:
“Organização
de syndicatos por officio - Aos Pintores - O estado de estagnação
em que se encontram os trabalhadores da Construcção
Civil é de tal ordem, no que concerne à organização,
que nos obriga a meditar sobre os meios mais practicos a empregar,
para obtermos um organismo que corresponda “in totum”
à aspiração dos trabalhadores.
A experiencia nos indica que nesta industria o Syndicato de officios,
com a organização da respectiva federação
a seguir, dará melhores resultados que até hoje
tem dado organizados em União.
Por estarmos convictos de que assim é, e não nos
conformando com o estado de desorganização em que
nos encntramos nesta industria, é que, nós, antigos
militantes nos constituímos em comité para organizarmos
o Syndicato dos Pintores e Annexos.
Para organizarmos o syndicato, que está nos moldes syndicalistas-revolucionarios,
contamos com a boa vontade dos companheiros e rogamo-lhes para
que estejam attentos à convocação que faremos
publicar nos jornaes diarios desta cidade, em muito breve tempo
e em local que indicaremos.
Assim organizados por officio, crearemos alma nova, seremos o
que já fomos!
Sem desfallecimento para a organização do Syndicato
dos Pintores e Annexos - O Comité.”
Como se vê, os membros desse comité, que demonstram
ser velhos conhecedores dos methodos de organização
profissional e industrial, não revelam o seu nome, o que
neste caso seria de importancia capital, afim de incutir na classe
a que se dirigem a necessaria confiança para o desejado
exito da arrojada iniciativa.
Entretanto, está-se a ver donde virão os elementos
que pretendem fundar “um organismo que corresponda “in
totum” à aspiração dos trabalhadores”.
A União dos Operarios em Construcção Civil,
que é, indubitavelmente, uma das poucas associações
que têm sabido no Brasil, manter-se fieis interpretes do
syndicalismo revolucionario, tem em seu seio a grande maioria
dos pintores que já foi possivel organizar no Rio de Janeiro;
em embora soffra, como realmente soffre, o effeito da grande crise
que neste momento assoberba todas as organizações
operarias do paiz, nada provou, até agora, que a organização
por industria dê resultados tão insatisfatorios que
os pintores sintam necessidade de se organizarem profissionalmente,
fora do local da União.
Nós estamos daqui a adivinhar os intuitos dos néo-syndicalistas,
que devem ser os mesmos intuitos dos federalistas de Estado...Mas
não queremos ir longe, por agora, para que não torçam
as nossas previsões.
Desejamos, todavia, prevenir os incautos, e vamos fazel-o de modo
que fique patenteado a maneira pela qual os membros desse “comité
syncicalista revolucionario” podem dar provas das suas boas
intenções, dos seus propositos que nós presumimos
serem nada mais nada menos que divisionistas, antilibertarios
portanto.
Na U.O.C.C. observa-se a mais rigorosa autonomia de acção.
Cada qual pode tomar a iniciativa que lhe aprouver - correndo
apenas o risco de ter ou não o apoio dos seus companheiros.
Se o referido comité está sendo composto de syndicalistas
revolucionarios, tão estudiosos da questão syndical
que até já concluiram haverem de promover a organização
por profissões, não é crível que tenham
estado até agora alheios ao único organismo que,
desde 1917, tem sido o coordenador da acção de todos
os “pintores revolucionários”. Se fizerem,
em qualquer tempo, parte ativa da União dos O. em Construcção
Civil, por força tomaram conhecimento dos reaes principios
de liberdade que a orientam e, “ipso facto”, sabem
que jamais foi vedado ali o direito de reunião parcial.
Ao contrario. Na U.O.C.C. sempre se admitiu a constituição
das secções profissionaes (que a nosso ver estão
peremptoriamente constituidas, reunindo-se, ou não, conforme
as necessidades circumstanciaes o exijam). Logo, tal comité
é suspeito, só pode ser formado por elementos que
pretendam fazer da organização operaria o que esta
já tem sido nas mãos de certos aventureiros políticos.
E não me dirijo propriamente à classe dos pintores,
a quem se pretende ludibriar sob o pretexto de que só por
syndicatos profissionaes será possivel conseguir o bem
estar almejado por todos os productores da terra. Não.
Dirijo-me aos pintores que teem sabido occupar o seu logar na
vanguarda dos syndicalistas revolucionarios, certo de que elles
saberão impedir a consumação dessa obra de
divisionismo que se está tramando nos escuros corredores
do politicismo obreiro.
Marques
da Costa
Artigo
publicado na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 13 de julho de 1923.
Construcção
Civil
Reunião
de Militantes
Hoje, às 19 horas, na sede da Rua Barão de São
Félix, 119, reunir-se-ão os militantes mais activos
da U.O. Construcção Civil para continuarem os trabalhos
iniciados na reunião effectuada à 6 do corrente,
trabalhos tendentes a dar a propaganda e organização
syndical a efficiencia de que neste momento está carecendo
ante a obra revolucionaria que nos demais paizes se desenvolve,
embora sob a mais rigorosa reacção do capitalismo.
Na reunião de hoje, dos militantes da U.O.C.C. é
de esperar que appareçam velhos militantes, ultimamente
afastados do seu posto de luta.
Convocação
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 13 de julho
de 1923.
O
Novo Salário
A U.O.C.Civil estuda neste momento o problema, sempre enigmatico,
das difficuldades da vida.
Não era intuito desta Associação elevar os
salarios de todos os que trabalham nesta industria, porque attendendo
aos nossos principios de justiça, não é licito
pensar que uma determinada classe pode arcar, melhor que outra,
com as difficuldades da vida. E, effectivamente, se alguma organização
existe, esta deveria por-se ao serviço do interesse geral
do povo.
E o que se poderia fazer neste sentido?
No momento presente era protestar, protestar diariamente, contra
a alta sempre em augmento dos generos de indispensavel consumo;
mas parece que na occasião, é humanamente impossivel,
porque, decerto, viriam os adversarios do povo envenenar a questão,
dizendo que os “protestantes” estavam “tratando
de politica contraria ao governo”; e as garantias constitucionaes
estão suspensas; logo, a carga seria certa.
Pensando tudo isso, a U.O.C. Civil limita-se a adoptar e propagar
novo salario para atender às necessidades mais prementes
dos trabalhadores menos remunerados. E neste sentido que já
foi approvada uma proposta, segundo a qual officiaes e ajudantes
muito terão que aproveitar.
Estes ultimos são dignos de toda a solidariedade, e decerto
serão auxiliados pelos camaradas officiaes, porque, devemos
notar, são muitos delles chefes de familias numerosas como
nós, e com seis ou sete mil réis que vencem por
cada dia que trabalham, não podem dar o pão necessario
a todos os que delles dependem.
Naturalmente, depois de se haver resolvido a referida proposta,
a União publicará a resolução tomada,
para a orientação de todos os interessados. E, ao
meu vêr, a União só attenderá a pequenos
prazos de espera pedidos por parte dos empreiteiros, e assim mesmo
se estiverem de accordo os trabalhadores dessas casas, que venham
a pedir os referidos prazos. É bem possivel que os que
exploram a industria da C. Civil venham a oppor alguma resistencia;
porem, será inutil porque estamos um tanto descansados
das lutas em prol das reivindicações immediatas
e inadiaveis, e, embora sem recursos monetarios (porque, se os
tivessemos, seria desnecessaria a luta, porque não somos
egoistas, não nos faltará disposição
e destreza no campo de batalha pela vida.
Se os senhores. Interessados na questão de impedir a arremettida
da C. Civil vierem, como das outras vezes, allegar injustiça
nos salários com o intuito de dividir os trabalhadores,
lembraremos-lhe que a reclamação de hoje obedece
ao mesmo critério da reclamação referente
aos primitivos salarios minimos.
O caso é que a U.O.C. Civil procurando cumprir com os seus
deveres, move-se em defesa dos trabalhadores.
É
de se notar que durante quasi tres annos esta Associação
deixou de lutar no terreno economico, provando assim, a muitos
pessimistas da organização, que sem esta é
impossivel viver desafrontadamente.
Ahi estão os trabalhadores, acossados pela fome, dentro
de suas associações de classes, a coordenar medidas,
para minorar seus soffrimentos.
Fala-se em construir casas para o operariado ou coisas que o valha.
Pois pela minha parte estou prompto a trabalhar com o abatimento
de 5% na construcção dessas casas se forem realmente
destinadas a operarios, e para alugar de 70$000 a 100$000. E trabalharia
muito satisfeito com 10% de abatimento nas que o aluguel não
viesse a exceder os 50$000.
Façam o mesmo os senhores fornecedores dos materiaes, os
dos transportes, das Obras Publicas, da City, da Light, os fornecedores
dos comestiveis, o medico, a pharmacia, o alfaiate, o sapateiro
- e abata-se ainda 99% nas violencias policiaes, que será
provavel que se venha a verificar um pouco de alegria e de felicidade
entre os trabalhadores.
Emquanto isto não se fizer, os trabalhadores continuarão
exigindo augmentos de salarios, até que se resolvam a exigir
coisa maior...
Manoel
Bento
Matéria
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 24 de julho
de 1923.
Reunião
Seccional dos Pintores da U.O.C.C.
A primeira reunião parcial que os pintores da União
dos O. da Construção Civil effecturam, disse-nos
um camarada dos mais interessados na completa organização
dos trabalhadores daquella industria deu optimos resultados.
Foi grande a concorrencia, tendo mesmo apparecido a essa reunião
velhos militantes afastados desde há muito da actividade
syndical.
Foram tratados varios assumptos, como a crescente carestia da
vida em face da insufficiencia indiscutivel dos salarios, a necessidade
da organização dos pintores por casa (officina),
abolição completa do fornecimento de ferramentas
e de tudo que concorre para prejudicar os pintores em particular
e os trabalhadores da industria da Construcção Civil
em geral.
Ficou resolvido reunir todas as sextas-feiras, e que na reunião
proxima - que se dtve ralizada hontem - se constituisse uma commissão
para organizar uma estatistica relativamente ao numero e importancia
das casas que exploram o ramo da pintura.
Segundo ouvimos, um grupo de pintores existe disposto a fomentar
a propaganda para o pagamento semanal a todos os trabalhadores
da Construcção Civil.
Nota
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 4 de agosto
de 1923.
Aos
Pintores da Industria da Construcção Civil
Um
apello do Comité de Organização
Camaradas!
Não devemos, por mais tempo, permanecer na funesta indifferença
em que temos vivido durante longos mezes.. A nossa situação,
como a de todas as classes operarias , é bastante critica.
As nossas familias estão, dia a dia, clamando por um lenitivo,
a tantas afflições. Os nossos salarios continuam
estacionados, ao passo que os generos de primeira necessidade
estão cada vez mais caros. Não temos casa, somos
forçados a morar em cubiculos immundos, em fócos
de infecção que provocam toda a sorte de doenças.
E pensar que somos nós os operarios, os unicos que contribuimos
para a construcção e embellezamento de sumptuosos
edificios!
Companheiros, pintores!
É
preciso tomar medidas energicas, é preciso a revanche,
para conquistar uma superior situação material em
prol das conquistas que visam a conquistar qualquer melhoriasenão
por intermedio da organização, da força consciente
e intelligententemente orientada? A classe já tem realizado
varias reuniões, e nomeado um comité de propaganda.
Este comité dirige um apello a todos os pintores, afim
de que tomem a serio a organização da classe e iniciem
uma luta incessante em prol das conquistas que viram a dignificação
da classe trabalhadora.
Na sexta-feira, 17 do corrente, às 19 horas, em nossa séde
à rua Barão de S. Felix 119, haverá uma grande
reunião.
A todos os antigos militantes, como aos novos, dizemos que chegou
a hora de cerrar fileiras. Contra a força do patronato
é preciso oppor a justiça e a força dos trabalhadores.
O convite para esta grande reunião é extensivo a
todos os pintores, socios ou não socios.
Todos à reunião - O Comité
Nota
- Amanhã reunirá em assembléa geral, a classe.
Nenhum militante deve faltar a reunião de amanhã.
Convocação
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 7 de agosto de 1923.
Os
estucadores vão se reunir parcialmente
Está constituida uma commissão de operarios estucadores,
alias velhos militantes da União dos Operarios em Construcção
Civil, que pretendem, em reuniões parciaes incrementar
a propaganda e a organização da classe.
Damos, a seguir, o primeiro appello dirigido aos estucadores,
nesse sentido.
Camarada! A desorganização da nossa classe vem perturbando
grandemente a marcha das nossas reivindicações economicas
e moraes.
O nosso trabalho está sendo depreciado sem que haja por
nossa parte uma reacção salutar. Para isso é
materialmente imprescindivel a cohesão dos nossos esforços,
a nossa acção solidaria.
Assim como os capitalistas tratam de intensificar a todo transe
a exploração, devemos nós iniciar sem dissenção
a defesa dos nossos interesses diretos.
Ficam pois todos os estucadores e parendizes convidados a comparecer
à assembléa que se deverá realizar no dia
9 do corrente, às 19 horas, á rua Buenos Aires,
265, a fim de tomarmos deliberações à respeito.
Esperamos, pois, que todos saibam attender a este chamado, fazendo
disto uma questão de dignidade.
A
Commissão
Convocação
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 8 de agosto
de 1923.
Grande
Interesse
É
de grande interesse nosso, operarios em Construcção
Civil, libertarmo-nos da situação difficil em que
se nos encontramos e bem assim, os demais trabalhadores.
Na assembléa de 10 de agosto do presente anno, que a Construcção
realizou, discutiu-se longamente e com acerto a carestia da vida,
cuja discussão foi originada por uma proposta, que cogita
elevar os salarios dos que trabalham nesse ramo de industria.
As opiniões são varias, porem todas convergem para
o ponto de melhorar a situação. Vê-se portanto
que a construcção civil trabalha com afinco para
romper com a actual situação fantastica e assombrosa
de vida cara, que tão mal está causando a todos
os que vivem de minguados salários.
A U.O.C. Civil interessa-se tanto por reivindicar o pão
que nos é arrebatado, que até nomeou uma commissão
de estudos scientificos, para facilitar a solução
desse assombroso problema.
Os trabalhadores têm deante de si dois impecilhos para remover
que são os de acabar com os salarios ridiculos; e o de
não consentir no açambarcamento dos generos, “tantas
vezes ditos”, de primeira necessidade, e sem vencer estes
dois obstaculos, não é possivel alimentar-se bem,
nem vestir-se com decencia.
A commissão da C. Civil que ora procede ao estudo desse
intrincado problema, virá demonstrar a todas as victimas
da exploração, o furto que nos estão fazendo
diariamente, de sorte que todos poderemos vêr claro aonde
estão parte das causas, que nos causa o nosso mal estar.
Portanto todos os trabalhadores em geral e especialmente os da
C. Civil, devem estar attentos na obra que vae ser publicada,
em forma de estatistica e a cargo da referida commissão,
para depois os trabalhadores saberem a direcção
que devem seguir.
Manoel
Bento
Matéria
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), nos dias 10 e 11 de
agosto de 1923.
A
União dos O. em Construcção Civil e a Carestia
da Vida
Um
importante manifesto dirigido à população
Ao que sabemos, a commissão nomeada pela U.O.C.C. para
elaborar um manifesto a ser dirigido aos trabalhadores desta industria
e ao publico em geral, sobre as actuaes condições
do proletariado, pretende apresentar os seus trabalhos na proxima
assembléa, que se effectuará quarta-feira, 15, na
séde
da rua barão de S. Felix, 119.
Nesse manifesto vêm convenientemente expostos os recursos
que os trabalhadores tinham ao seu alcance antes da guerra, assim
como os gastos indispensaveis a que estavam sujeitos, mostrando
claramente as difficuldades já então existentes.
Traz, além disso, uma tabella de preços dos actuaes
generos de gasto inevitavel, confrontada com os salarios vigentes,
concluindo por mostrar ante o extraordinario “deficit”
existente, a necessidade premente de uma forte e systhematica
agitação pela conquista immediata de melhorias sensiveis
para a situação economica das classes trabalhadoras,
que na realidade é uma situação angustiosa
e cheia de afflições.
Manifesto
publicado na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 12 de agosto
de 1923.
Aos
Pintores da Construcção Civil
O secretario da U.O .C.C. enviou-nos o seguinte communicado:
“Os
pintores foram convocados para uma reunião às 19
horas de sexta-feira passada, mas por engano. Essa reunião
deverá effectuar-se a 17 do corrente mez, às 19
horas e na séde da Construcção Civil, à
rua Barão de S. Felix 119.
Há assumptos muito importantes para serem tratados e por
isso encarecemos desde já a comparencia de todos os pintores.
Convocação
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 12 de agosto
de 1923.
Evitemos
o Confusionismo
A
proposito das reuniões parciaes que os pintores e estucadores
da Construcção Civil estão realizando
Há perto de um mez, appareceu nos jornaes uma convocação
feita por um comité de “revolucionarios” anonymos,
comité que se dizia composto de pintores e todos militantes
“antigos, cançados e fortes” dos methodos de
organização e de luta e já gastos pela U.O.C.C.
Tratava-se da fundação do Syndicato dos Pintores,
sob o pretexto de que esta classe profissional estaria completamente
dividida, desorganizada, e que não seria possivel fazer
della o que já fora sem que se fizesse, primeiro, a “necessaria”
revisão de costumes...
Combati immediatamente essa pretensão absurda, em artigo
que publiquei na “A Patria”; e de tal modo o fiz que
os anonymos “revolucionarios” do comité dos
pintores não mais pensaram no seu syndicato nem na sua
Federação de Industria.
Pelo menos não tornaram a dar signal de si, embora tivessem
promettido annunciar, “dentro em breve”, o dia, hora
e local da reunião.
A esse tempo, porque já houvessem pensado nisso ou porque
entendessem de o fazer para de facto organizarem todos os pintores
dentro da União dos Operarios em Construcção
Civil, ou ainda para ver se descobriam, em algumas das suas reuniões,
se os que tinha vontade de transformar a União em syndicato
eram realmente “militantes” do syndicalismo revolucionario,
- alguns camaradas, entre elles Cavalcante, Garrido, Pedro do
Valle e Aniceto - em cujas intenções ninguem poderá
ver o espirito divisionista do referido comité - resolveram
effectuar algumas reuniões seccionais, sob a allegação,
aliás justíssima, de term necessidade de tratar
de seus interesses profissionaes.
Do que na primeira dessas reuniões se passou já
“A Patria” deu notícia.
Foram tratados varios assumptos como a crescente acrestia de vida
em face da insufficiencia indiscutivel dos salarios, a necessidade
da organização dos pintores por casas (officinas),
obras, abolição completa do fornecimento das ferramentas
(espatulas, etc.) e de tudo que possa concorrer para prejudicar
os interesses dos pintores em particular e aos trabalhadores da
industria em geral.
Ficou resolvido reunir todos as sextas-feiras: e que, na reunião
proxima se constituisse uma commissão para organizar uma
estatistica relativamente ao numero e importancia das casas que
exploram o ramo da pintura.
Nem uma só voz se ergueu para lembrar ou propor a formação
do syndicato que, se dermos crédito ao que disse o “comité
dos syndicalistas anonymos” deveria ser a maior preoccupação
dos pintores de construcção civil.
Os factos, portanto, comprovaram a razão, da que eu havia
dito; e além disso, desmentiram categoricamente as affirmações
feitas no manifesto-convocação que o “comité”
fez publicar.
Mas desse “comité” fazem parte aquelles que
nestes ultimos tempos têm provocado todas as divergencias
no seio dos trabalhadores de todas as industrias, elementos perigosissimos
para a organização, já pela pyrrhonice dos
seus propositos já pelo espirito de sizania que os anima.
E dahi vêm os motivos da reincidencia, da persistencia tendenciosa
do “comité”.
Não se trata, em absoluto, da formação de
qualquer syndicato profissional. Os trabalhadores da Construcção
Civil que formam a União são ainda uma força
precisamente porque estão integrados num só organismo;
e se se dividirem tornar-se-ão fracos, impotentes, passarão
a ser, além dos mais, motivos de discrepancias proficionalistas
e corporativistas.
Aos militantes que decidiram convocar os pintores para as reuniões
parciaes que se estão realizando, e sobre quem está
toda a responsabilidade dos bons e maus resultados que dessas
reuniões possam advir, eu lhes mostro, antes do resto,
a ultima nota do famigerado “comité”:
“O
Comité Pró-Syndicato dos Pintores e Annexos, tendo
em vista a acceitação que teve a idéa da
organização dos pintores em syndicato, vêm
por esta forma, congratular-se com os camaradas que , na União
dos Operarios em Construcção Civil “conquistaram”
o direito de reunirem-se parcialemente. Não fosse a “nota”
deste comité, em data de 11 do p.p. mez, e taes reuniões
não se dariam, porque, teriam a combatel-as, os que de
outras vezes já o fizeram, e se “enguliram”
taes reuniões neste momento, é por sentirem-lhes
fugir terreno debaixo das solas dos sapatos, agora é tarde...
A
acceitação que teve a idéa da organização
do Syndicato é tão patente, que não deixa
a manor duvida sobre a organização do Syndicato.
Se alguem ainda o duvida que ausculte a cada um dos “pintores
militantes activos” e certificar-se-á desta verdade.
Ate’a
reunião de 17 do corrente, onde lá estaremos todos
irmanados para a organização do Syndicato dos Pintores
e Annexos.”
Essa é, alias, a linguagem de todos os partidarios da...“frente
única”.
Acho que os camaradas pintores devem procurar quem entre si está
agindo com taes propositos, por demais conhecidos com propositos
de indigna politiquice, tomando as necessarias precauções
contra a deturpação velhaca que se vem fazendo dos
objectivos que as secções profissionaes da U.O.C.C.
pretendem realizar.
Agora
aos estucadores, que, segundo declararam pela imprensa, pretendem
preparar a classe para novas conquistas moraes e materiaes.
São ainda, velhos militantes da União dos Operarios
em Construcção Civil os que tomaram essa iniciativa.
Não há, pois, razão de qualquer movimento
divisionista. Mas não seria melhor e mais coherente que
os estucadores se reunissem na séde da sua propria associação?
Positivamente era isso que se deveria fazer.
Depois, os interesses dos estucadores, sob os pontos de vista
moral e material são os interesses dos demais trabalhadores
da Construcção Civil - os mesmos dos trabalhadores
de todas as industrias.
A não ser para tratar de assumptos estrictamente profissionaes,
nada há que justifique essas reuniões particulares.
Os estucadores, como os pintores, devem ter sempre em vista que
todas as victorias alcançadas nos movimentos realizados
são devidas as condições como a União
soube organizar-se como se mantem organizada.
Era preciso que se tivesse provado a ineficacia da organização
por industria, para que acceitassemos a experiencia doutro modo
de organização.
Mas esse methodo, todavia, não seria mais o de organizar
por profissões, por demais vetusto, decahido, que os trabalhadores
de todos os paizes vão pondo à margem.
Tal methodo só poderia aproveitar neste momento, aos nossos
inimigos. E como é a estes, principalmente, que devemos
contrariar, segue-se que tudo devemos fazer de modo que se mostre
e assegure a unidade da nossa acção e o desproposito
e a inacceitabilidade dos seus “convites”, dos seus
“apellos”, das suas “notas”, transbordantes
de disciplina...e de “frentismo unicista”.
Marques
da Costa
Matéria
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 14 de agosto
de 1923.
União
dos Operarios em Construcção Civil
Na reunião de amanhã que terá inicio às
19 horas, na séde da rua Barão de São Felix
119, é provável que a commissão encarregada
de elaborar o manifesto a ser lançado em publico sobre
as precarias condições economicas do proletariado
apresente os seus trabalhos.
Por isso, além da presença de todos os militantes,
encarecemos a presença de todos os trabalhadores desta
industria. - O secretario.
Convocação
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 14 de agosto de
1923.
Aos
Estucadores e Classes Annexas
Convida-se todos os estucadores para a reunião que se realizará
quinta-feira, 16 do corrente, às 19 horas, à rua
Barão de S. Felix n. 119.
Esperamos que todos acudam ao chamado, deixando de parte as questões
pessoaes que tanto nos tem prejudicado e beneficiado aos exploradores,
pois o lenma delles é: divide e vencerás.
Nós, companheiros, unidos, podemos fazer alguma coisa,
não só para nós, como também para
nossos filhos.
Todos à reunião!
A
Commissão
Convocação
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 14 de agosto
de 1923.
Aos
Pintores
Por engano, foi convocada esta classe para reunir-se sexta-feira
proxima passada, porém, a reunião terá logar
amanhã, às 19 horas, na séde dos Operarios
da Construcção Civil. À rua Barão
de São Felix 119.
Devido aos assumptos de alto interesse que temos a tratar e resolver,
esperamos a presença de todos.
É
dever de todos comparecer.
O secretario
Convocação
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 16 de agosto
de 1923.
União
dos Operarios em Construcção Civil
Na reunião de quarta-feira será lido, impreterivelmente,
o manifesto sobre a carestia de vida e a necessidade de uma forte
campanha a favor do augmento dos salarios inferiores.
A commissão tem os seus trabalhos concluidos.
Motivos imprevistos privaram-na de apresentar o longo e circunstanciado
manifesto, quarta-feira passada; mas medidas foram tomadas para
que a classe não deixe de tomar conhecimento, na proxima
reunião, dos resultados a que chegaram os companheiros
acclamados para estudarem o assumpto “Equiparação
dos salarios”- e por isso concitamos todos, sem excepção,
para a grande assembléa que vae realizar às 19 horas
do proximo dia 22 - O secretario.
Nota
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 19 de agosto
de 1923.
União
dos Operarios em Construcção Civil
AOS
PINTORES
Na reunião realizada em 17 do corrente, ficou deliberado
reunir-se todas as sextas-feiras.
No proximo dia 24 do corrente, às 19 horas, realizar-se-á
uma reunião para a qual pede-se o comparecimento da classe
em geral.
Os pintores que de certo tempo a esta parte têm andado afastados
da organização, pede-se o seu comparecimento.
Nesta reunião serão ventilados assumptos de importancia
para todos.
Todos à reunião - A commissão.
Nota
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 22 de agosto
de 1923.
“A
PESTE RELIGIOSA”, DE JOÃO MOST
Aos socios quites da União dos Operarios em Construcção
Civil, está sendo distribuido gratis, o folheto de João
Most, “A Peste Religiosa”, cuja aquisição
foi feita com parte dos fundos da extincta “Legião
Amigos do “O Trabalho”, publicação suspensa
com a decretação do actual estado de sitio.
A distribuição está a cargo do grupo de Propaganda
Social, que foi imcumbido dessa tarefa pela ultima assembléa
da Legião.
Nota
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 25 de agosto
de 1923.
União
dos Operarios em Construcção Civil
Para a assembléa que se realizará hoje, ás
19 horas, são convidados todos os trabalhadores em Construcção
Civil, associados ou não, para tratarmos de assumptos importantes
e de interesse para a classe em geral.
É
dever de todos comparecerem ás reuniões que se effectuam
semanalmente, ás quartas-feiras, sempre ás 19 horas,
para conhecerem de perto todo o movimento da associação,
ao envéz de darem ouvidos aos máos elementos que
tudo fazem para a desorganização da classe. Todos
à reunião - O secretario.
Nota
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 29 de agosto de
1923.
União
dos Operarios em Construcção Civil
Para a assembléa que se realizará amanhã,
quarta-feira, ás 19 horas, são convidados todos
os trabalhadores em construcção civil, associados
ou não.
Vamos tratar de cousas importantes e de interesse para a classe
em geral, ainda a respeito do assumpto "equiparação"
de salarios e sobre a attitude que devemos tomar deante da situação
premente e deploravel em que se debate actualmente o proletariado
face da alta constante de tudo quanto nos é necessario
á vida.
Chamamos a attenção da classe em geral para comparecer
ás assembléas que se realizam semanalmente as quartas-feiras,
ás 19 horas, para conhecerem de perto todo o movimento
da nossa associação.
Lembramos
aos camaradas que querem fazer suas offertas de livros para serem
enviados para o norte, para satisfazermos um pedido que foi feito,
que poderão entregar na secretaria ou ao zelador, das 8
as 20 horas, todos os dias uteis, para serem enviados com a remessa
que segue brevemente.
O
secretario
Nota
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 11 desetembro
de 1923.
União
dos Operarios em Construcção Civil
Hoje, ás 19 horas, effectuar-se-á a assembléa
semanal desta União, para a qual estão convidados
os trablahdores da industria da construcção civil.
Pede-se o comparecimento de todos o militantes, pois há
assumptos de importancia a tratar.
Convidam-se
todos os pintores a se reunirem sexta-feira proxima, 21, ás
19 horas, para tratarem de assumptos importantes e de interesse
para a classe. Esperamos o comparecimento de todos, sem excessão.
Chamamos a attenção dos camaradas que constituem
commissões para que não faltem. - O 1o. secretario.
Chamamos
attenção dos socios que se acham em atrazo a virem
se quitar o mais breve possivel, concorrendo assim para o bom
funcionamento da thesouraria. - A commissão.
Nota
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 19 desetembro
de 1923.
A
GREVE DOS TECELÕES DE PETRÓPOLIS
Um
protesto de U.O . em Construcção Civil contra as
violencias policiaes
na reunião que se effectuou ante-hontem a União
dos Operarios em Construcção Civil apreciou o actual
movimento dos operarios tecelões do Districto federal e
de Petropolis, approvando a seguinte moção, com
referencia ás violencias policiaes praticadas pela policia,
nos ultimos dias, naquella cidade fluminense:
"Camaradas!
A
policia sempre solidaria em tudo com as attitudes do capitalismo
assume ante as reclamações reivindicatorias do proletariado
revolucionario, acaba de se collocar ao lado dos industriais de
Petropolis, na luta em que estes se encontram contra os operarios
que vivem do desenvolvimento da mesma industria, e assaltaram
a séde da União dos Operarios em Fabricas de Tecidos,
cerrando as suas portas e prendendo, arbitrariamente alguns dos
seus mais destacados militantes.
Estamos,
pois, em frente de mais uma das tantas violencias que o proletariado
brasileiro tem soffrido neste regimen de falsa democracia e por
conseguinte no dever de levantar mais uma vez o nosso protesto
vehemente contra a inominavel acção dos agentes
da autoridade republicana.
Os
trabalhadores texteis de Petropolis, como os do Districto Federal,
têm direito irrecusavel de se declararem em gréve
e de se reunirem onde entendam e como queiram, mesmo que para
regular esse direito os detentores das redeas do Estado invoquem
os dispositivos de sua Constituição.
E
por conseguinte o acto da policia, cerceando áquelles companheiros
a liberdade de acção e de reunião, sobre
ser inconstitucional é um attentado aos nossos legitimos
fóros de dignidade e de independencia, pelo que nos apressamos
á pratica da mais decidida e franca solidariedade para
com os directamente attingidos pela ultima prepotencia policiesco-patronal.
Rio,
19 de setembro de 1923.
A
União dos Operarios em Construcção Civil
Matéria
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 21 desetembro
de 1923.
Uma
Reunião de Militantes da União dos Operarios em
Construcção Civil
Na proxima segunda-feira, ás 19 e 1/2 horas, no local da
rua Barão de São Felix, 119, reunir-se-ão
para tratarem de assumptos muito serios, e respeitantes a interesses
exclusivos da associação de classe, os militantes
da vanguarda da União dos Operarios em Construcção
Civil.
São convidados para essa reunião, especialmente
os seguintes militantes: Francisco Coelho, Manoel Ferreira de
Castro, Constantino Ramos, Antonio de Almeida, Antonio Ferreira
Dias, Alfredo Mesquita, Victor Birutti, Manoel Mahar, João
F. da Silva, Silverio Araujo, Celestino Ferreira Nunes, José
Lopes, José Marques de Carvalho, José Ribeiro, Serafim
dos Anjos, Manoel Affonso Gonçalves, Alberto da Silva,
Cypriano J. Marques, João Norberto dos Santos, Laureano
Teixeira, Guilherme H. G. Henriques, Antonio Gonzales Garcia,
Henrique Ferreira, Izaltino José da Motta, José
Alvares de Almeida, Deolindo Ferreira, Joaquim Guilherme dos Santos,
Antonio Pereira da Silva, Manoel Gomes, Licinio de Almeida, Manoel
Ribeiro, Luiz Saturnino, Antonio Pereira dos Anjos, Antonio Gonçalves,
Manoel Tranquilino, Frederico Garrido, Antonio Caetano de Almeida,
José Augusto, Vicente de Mattos, Aureliano Silva, José
de Almeida, Eduardo Francisco, Domingos Martins, Wencesláo
Moreira, Antonio Ferreira Dias, João da Rocha, Francisco
Martins, Durval Vieira, Albino Francisco de Barros, Henrique da
Encarnação, Victorino José da Silva, Manoel
do Nascimento, João Moura, Augusto Joaquim da Silva e José
Samonica, Henrique Ferreira, José Pires, Antonio Baptista,
M. Paiva, Ulisses de Carvalho, José Martins, Domingos Passos,
Marques da Costa, Manoel Bento, Bernardo Barros, J. A. dos Santos,
João Aniceto, Arlindo Vicente, João Cavalcante,
Ernesto Gravina, Abilio Lobo, Antonio Maria, Joaquim Gonçalves,
José Martins, Severino Lins, Amaro de Sant'Anna, M. Gomes,
Joaquim Ronda, João Domingues, Julio e Clementino Galhardo.
Nota
muito importante - O companheiro que faz esta convocação
tem a convicção de que não é possivel
ter na memoria o nome de todos os militantes duma associação
como a U.O. Construcção Civil e que outro, portanto,
em seu logar, omittiria como elle mesmo, os nomes de alguns cuja
presença é tão necessaria, a esta reunião
como a de qualquer outro. Por isso, certo de que, tratando-se,
como se trata neste caso, de camaradas conscientes todos comprehenderão
os motivos por que seus nomes terão sido esquecidos e espera
que se considerem convidados, apparecendo a reunião de
segunda-feira.
Convidam-se
todos os trabalhadores em Construcção Civil, associados
ou não, a se reunirem em assembléa geral quarta-feira
proxima, 26 do corrente, ás 19 horas para tratarmos novamente
da questão "equiparação de salarios
e carestia de vida" e outros assumptos importantes.
Lembramos a todos que nesta assembléa será acclamada
a commissão executiva que terá que tomar posse no
dia 30 do corrente em hora que será antecipadamente annunciada.
Desde já convidamos a todas as associações
co-irmãs a se fazerem representar - O secretario.
Nota
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 22 de setembro
de 1923.
União
dos Operarios em Construcção Civil
Convidam-se todos os trabalhadores em construcção
civil associados ou não, a se reunirem em assembléa
geral amanhã, quarta-feira, ás 19 h para tratarmos
novamente da questão "a equiparação
dos salarios e a carestia de vida" e outros assumptos importantes.
Lembramos a todos que nesta assembléa será acclamada
a commissão executiva que terá de tomar posse no
dia 30 do corrente em hora que será antecipadamente annunciada.
Desde já convidamos a todas as associações
co-irmãs a se fazerem representar - o secretario
Nota
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 25 de setembro
de 1923.
União
dos Operarios em Construcção Civil
Esta União concita os seus associados a se incorporarem
aos excursionistas que irão a Petropolis confraternizar
com os trabalhadores daquella cidade. A excursão realizar-se-á
domingo 30 e os excursionistas partirão da Praia Formosa
no trem das 6 horas da manhã.
Os que desejem assistir ao espetaculo que se realizara a 29, no
theatro Capitolio, a favor dos grevistas tecelões, poderão
embarcar no sabbado mesmo, no trem das 17:50 em companhia do corpo
scenico e da orchestra do grupo Renovação.
Levamos
ao conhecimento da classe e dos trabalhadores em geral que por
iniciativa voluntaria de dois camaradas foi creado um curso pratico
de protuguez e arithimetica e outro elementar, ficando as aulas
a cargo dos mesmos camaradas que leccionarão ás
segundas-feiras, quintas e sextas, das 20 as 21 horas, podendo
ser frequentado por adultos e creanças de ambos os sexos.
Lembramos
a todos os trabalhadores em Construcção Civil, associados
ou não, que segunda-feira, 10 de outubro, ás 19
horas, se realizará uma secção solemne para
a posse da nova commissão executiva.
Convidamos e esperamos a presença de todos.
Convidamos
a todas as associações co-irmãs (sem excepção)
a se fazerem representar em nossa sessão solenne que se
realizará segunda-feira 10 de outubro, ás 19 horas,
para a posse da nova commissão executiva.
Este convite estende-se a todos os trabalhadores em geral - O
10 secretario.
Artigo
publicado na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 28 de setembro
de 1923.
O
QUE OCORREU NA ULTIMA ASSEMBLÉA DA U. O. EM CONSTRUCÇÃO
CIVIL
Da secretaria da União dos Operarios em Construcção
Civil, recebemos a seguinte nota-resumo dos trabalhos realizados
na sua ultima assembléa geral.
"Aberta
a sessão, o camarada secretario pede aos presentes para
acclamarem um companheiro para dirigir os trabalhos. É
dada, a seguir, a palavra para o camarada M. Gomes, para realizar
a annunciada palestra "A moral operaria".
Deixa de ser lida a acta por motivo que foi explicado pelo 20
secretario.
Passa-se a ordem do dia. Em primeiro logar soffrem discussão
os actos do comité federal da F.O.R.J. Fala demoradamente
sobre o assumpto um camarada delegado, que explica o andamento
que têm tido os trabalhos do comité. Outro camarada,
falando sobre o assumpto, propõe que a Construcção
Civil proponha a F.O.R.J. a edição de "O Trabalho",
que já foi publicado pela U. dos O . em Construcção
Civil. Falam varios camaradas sobre o assumpto, sendo approvado.
Foi resolvido que a commissão executiva cedesse o salão
do Grupo dos Emancipados para a realização de uma
conferencia sobre "A descoberta da America".
Em assumtos geraes fala um camarada explicando que por uma vilania
foi despedido da casa onde trabalhava.
Um camarada lembra que os syndicatos devem ser verdadeiros clarins
de incitamento aos seus camaradas, para que não se submettam
ás tyrannias patronaes.
É
lido o balancete do mez de setembro e nomeada uma commissão
para o rever.
Tomadas outras medidas de caracter particular, foi encerrada a
sessão as 22 horas.
Artigo
publicado na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 6 de outubro
de 1923.
CONCEPÇÃO
ANARCHISTA DO SYNDICALISMO
Uma
advertencia áquelles que desejem lêr esta importante
obra postuma de Neno Vasco
Communico que attendendo a que muitos camaradas não terão
opportunidade de adquirir o livro de Neno Vasco, - "Concepção
Anarchista do Syndicalismo" - embora o seu preço,
1$500, seja relativamente baixo, a União dos Operarios
em Construcção Civil resolveu facilitar a sua leitura
aos trabalhadores em geral, para o que destinou alguns exemplares
do excellente livro, que irão sendo emprestados a medida
que os pedidos forem feitos na secretaria.
Será conveniente que os companheiros que desejem tomar
emprestado o referido livro facám seus pedidos verbalmente
na secretaria, ás quartas-feiras, das 19 horas em deante.
- O secretario.
Nota
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 7 de outubro
de 1923.
Aos
trabalhadores da Construcção Civil
IGNORANCIA
OU MÁ FÉ?
Como trabalhador syndicado e componente da União dos Trabalhadores
em Construcção Civil, eu não podia ficar
calado, sob pena de ser considerado cumplice daquelles que vieram,
pelo matutino "O Brasil", assacar as mais cavilosas
mentiras e accusações infames contra seus desaffetos
pessoaes, allegando que o fazem pelo amor que tem á organização
e á sua classe; e por isso aqui venho, idignado, insurgir-me
e lancár em publico o mais vehemente protesto contra essas
mentiras e essas infamias, assignadas por um mysterioso e pretendido
grupo de operarios.
Naquelle arrazoado, que sahiu com o sub-titulo Vida ou Morte,
vislumbrei, aliás intenções mais offensivas
que deffensivas da nossa associação.
As affirmações feitas por aquelle grupo não
passam duma refinadissima e inescrupulosa mentira!
Esses individuos (ou esse individuo?...) são uns cobardes!
Sobretudo porque não tiveram (ou não teve) a altivez,
a dignidade de assignar com os seus (ou o seu?) verdadeiros nomes
aquillo que affirmam e que estão (ou está) no dever
de provar.
Dizem os encobertos que a U.O. em Construcção Civil
não é mais do que um centro de propaganda anarchista;
entretanto nos dão elles mesmos, os anonymos, provas do
contrario, quando dizem ser componentes da mesma Construcção
Civil e como taes convidam os trabalhadores em geral, desta industria,
a se reunirem numa assembléa que será prevismente
annunciada.
Desorganziação; desorganziação, é
o que aquelles individuos estão provocando.
Agora, eu, que não sou idolatra de ninguem e tenho em vista
o que deve e convem que seja o engrandecimento moral da organização
operaria estou no direito de formular essa pergunta:
Porque aquelle anonymo não desafivela a mascara e vem contar
o caso direito, dizendo que age de má fé, como esbirro,
como d,e,s,o,r,g,a,n,i,z,a,d,o,r?
Isso sim, deviam fazer e dizer todos aquelles que fazem parte
dos incontaveis grupos que por ahi andam com identicos fins.
E agora, assumindo a devida responsabilidade dos actos que pratico,
ahi fica firmado meu nome.
Manoel
Gomes
Matéria
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 18 de outubro
de 1923. Manoel Gomes, importante militante da UOCC, repelia as
tentativas dos bolchevistas de enfraquecer a sua organização
através das calúnias e mentiras publicadas em outros
órgãos de imprensa, além das tentativas divisionistas
que estes praticavam em todas as organizações onde
os anarquistas fossem hegemônicos. Nas memórias de
Octavio Brandão, este admite o uso dessa tática
em relação a UOCC. Manoel Gomes foi deportado para
a Clevelândia no ano seguinte, de onde conseguiu evadir-se.
A
UNIÃO DOS OPERARIOS EM CONSTRUCÇÃO CIVIL
REUNIU ANTE-HONTEM
E aprovou a iniciativa do Comité Federal da F.O.R.J., promovendo
um festival de solidariedade aos tecelões em greve.
A reunião de ante-hontem da União dos Operarios
em Construcção Civil esteve concorridissima e nella
se discutiram e resolveram assumptos de summa importancia e vital
interesse. Ás 19 horas estava repleto o salão. Sob
um alarido esfusiante provindo das leves conversações
e das discussões quentes que dezenas de grupos mantinham,
formados aqui e ali, entre as centenas de assistentes, o secretario
assoma sobre os estrado amplo da mesa, faz soar a campainha electrica,
pede silencio e logo que aquella animadora algazarra é
dominada, dá a sessão por aberta e convida a assembléa
a que indique e acclame os individuos que irão compor a
mesa.
Constavam do expediente um officio da Alliança dos Trabalhadores
em Marcenaria, uma circular da Federação Operaria
do Rio de Janeiro e outra da Confederação Sindicalista
Cooperativista Brasileira. Sobre esta, que era um convite para
que a Construcção Civil coparticipasse das reuniões
dos presidentes que a Confederação promove para
effeito dum “accordo tactico”, houve demorada discussão,
sendo resolvido, por fim, a não coparticipação
nessas reuniões, por varios motivos que o secretario ficou
incumbido de communicar opportunamente aos signatarios da circular
convite.
Na ordem do dia, o assumpto mais relevante foi, sem duvida, a
greve dos tecelões.
A União dos O. em Construcção Civil approvou
incondicionalmente a iniciativa que o Comité Federal da
F.O.R.J. tomou, de realizar um festival em favor dos grevistas.
Secundando practicamente o gesto do Comité, e mesmo em
attenção aos reiterados apellos dos tecelões,
foi pela assembléa aberta uma quete que rendeu imediatamente
150$000, registrando-se particularmente algumas contribuições
relativamente vultosas.
E foi assim, nesta ordem e sob esta acoroçoadora impressão
que ps trabalhadores da U.O.C.C., na assembléa de quarta-feira,
se prolongaram até as 22 horas certas.
UM
APPELLO AOS TRABALHADORES DA CONSTRUCÇÃO CIVIL
A secretaria da U.O. em Construcção Civil pede-nos
a publicação do seguinte appello:
“Companheiros!
É
um dever de solidariedade o que temos a cumprir para com os tecelões
em gréve.
A
U.O. Construcção Civil na sua ultima reunião,
não só resolveu apoiar o festival que o Comité
federal da F.O.R.J. vae promover, como tambem decidiu angariar
entre os seus membros recursos materiaes, - algum dinheiro, enfim
– para o que depositou a competente lista na thesouraria,
onde cada um subscreverá o obulo com que possa concorrer
para a manutenção da vigente gréve dos operarios
texteis.
E
nós temos o dever de provar que não somos indifferentes
á luta que se travou ha mais de dois mezes entre operarios
e patrões da industria de lanificios e que está
sendo mantida heroicamente, abnegadamente, pelos nossos irmãos.
Provemos
todos que albergamos em nossos peitos os mais sãos principios,
os sentimentos mais sagrados de solidariedade!”
Matéria
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 2 de novembro
de 1923.
UM
PROTESTO CONTRA OPERARIOS DA CONSTRUCÇÃO CIVIL
Considerando que a jornada de 8 horas de trabalho, sem duvida
a maior e mais custosa de todas as conquistas immediatas até
agora realizadas pela classe trabalhadora, deve ser defendida
por todos os que têm nitida comprehensão dos seus
deveres de assalariado, eu, que me preso de haver adquirido essa
comprehensão, venho lançar o meu mais forte protesto
contra os companheiros carpinteiros que na casa L. Marques &
Irmão estão trahindo aquela conquista, mesmo depois
de conhecerem a attitude de nós todos pedreiros e ajudantes,
assumimos ante a sua trahição.
Os camaradas carpinteiros têm o dever de reflectir sobre
o seu desacertado procedimento; vêr que têm a obrigação
de deixar, de vez, o serviço ás 4 horas, não
preterindo os interesses da classe a que pertencem, que são
na verdade os seus sagrados interesses.
O meu protesto fica aqui.
E espero que na assembléa de quarta-feira, 21, os companheiros
cujos nomes me abstenho de citar apareçam para darem á
classe as explicações que lhe têm a direito
de prestar.
Ernesto
Gravina
Nota
publicada na Secção Trabalhista do jornal
A Pátria (Rio de Janeiro), no dia 16 de novembro
de 1923.