América do Sul: anarquistas e antimilitaristas dizemos NÂO a guerra [EL LIBERTARIO, # 53, 2008] * Ante a ameaça de conflito bélico que envolve aos governos da Colômbia, Equador e Venezuela, anarquistas e antimilitaristas do continente começamos a mobilizar-nos através da palavra e a ação para repudiar o que seria uma monstruosa agressão do poder estatal contra nossos povos. Temos aqui dois documentos que chamam a enfrentar semelhante barbaridade. __Declaração de antimilitaristas da América Latina: Não necessitamos de mais outra guerra__ Não necessitamos de mais outra guerra. Nós, objetoras e objetores de consciência e antimilitaristas do Ecuador, Colômbia, Venezuela, Brasil e toda América Latina e o Caribe, unidos, nos negamos rotundamente a uma escalada bélica que desemboque em uma guerra que, novamente, nos tente dividir. Já temos bastantes problemas com a fome, a corrupção, o militarismo exacerbado, o impúdico gasto militar, a insegura cidadania, o contínuo esbofeteio aos direitos humanos por parte de nossos governantes, para que nos queiram presentear com mais um conflito armado. Uma guerra só fortalecerá os respectivos nacionalismos dos países em conflito, aumentando a xenofobia instalada em nossos países. Fortalecerá as Forças Armadas, que encontrarão outra razão para incrementar seus pressupostos e servirá para esconder ainda mais os problemas que nos atingem como povos latino-americanos e do Caribe: a exploração sem controle de nossos recursos, os altíssimos níveis de desemprego, a discriminação e violência de gênero, a corrupção e as máfias do poder, as comunidades arrasadas por conflitos bélicos ou por monocultivos agrícolas e florestais, o racismo e a discriminação por classe, etc. Nada disso se solucionará pela guerra. Ao contrário, significará que esses problemas aumentarão como tem aumentado em cada ditadura e guerra civil. Uma guerra entre estados latino-americanos é, ao mesmo tempo, uma conflagração civil entre povos irmãos, conduzidos ao abatedouro por governos militaristas, tanto de direita como de esquerda. Os únicos vencedores de um enfrentamento fratricida entre irmãs e irmãos são os comerciantes globais de armas, que desde Estados Unidos até a Federação Russa, constroem laboratórios de guerra e opressão em nossos países sob eufemismos como o "Plano Colômbia". Dizemos não a guerra e a seus preparativos. Não ao fortalecimento de qualquer militarismo, seja de direita e esquerda. Sim a autonomia dos povos e de suas lutas. Sim a irmandade latino-americana. Convocamos a uma ação conjunta contra o militarismo e a guerra, partindo desde nossa convicção de seguir trabalhando juntas e juntos pela promoção da justiça e da solidariedade, fora dos quartéis, em cada um de nossos países. Antimilitaristas da América Latina e do Caribe