Venezuela: gasoduto binacional com a Colômbia e Chevron Texaco [EL LIBERTARIO, # 39, 2004] * Chevron Texaco é o terceiro sócio do gasoduto entre ambos países. Os demais, anunciaram seus ingressos ao Plano Puebla Panamá. No encontro binacional passado entre os presidentes Hugo Chávez y Alvaro Uribe, realizado no Complexo Petroquímico El Tablazo no estado de Zulia, o primeiro mandatário venezuelano convidava a sonhar com uma hipotética prosperidade gerada pela intervenção de uns estranhos amáveis empresários de olhos rasgados. "Há pouco recebemos a visita de empresários chineses que querem trazer investimento para, num acordo com a Venezuela e Colômbia, construir um poliduto desde o ocidente da Venezuela até o pacífico com que teríamos saída direta a esse vasto mundo que é o mercado asiático".Chávez, em um de seus exercícios habituais de retórica, encantava serpentes com um eufemístico capitalismo oriental: "imaginem um navio venezuelano navegando pelo Caribe e pelo Atlântico, cruzando a África para logo buscar a saída a distante China". O comandate com tais alegorias produzia sombras chinesas, claro-escuro que distraíram perguntas indiscretas, essas que puderam revelar que o encontro entre ambos presidentes, designados até poucas semanas atrás pelos impasses diplomáticos, era produto da paciente negociação internacional de uma das principais multinacionais energéticas amaericana: A Chevron-Texaco. A diplomacia de Chevron Texaco Em 12 de fevereiro de 2002 em Houston, Texas, Alí Moshiri pronunciava um discurso com apenas 5 meses de ter celebrado a fusão dos dois conglomerados energéticos norteamericanos. Revisava as vantagens comparativas que o empório tinha a oferecer, não duvidava em afirmar "Somos o maior produtor privado estrangeiro na Venezuela em termos de produção diária(...), operamos os maiores campos de gás natural na Colombia". No discurso titulado "América Latina corrente acima: progresso e escollos", o diretor de Chevron Texaco para América do Sul se mostrava otimista com a visão de negócios a desenvolver na área: "é difícil exagerar o potencial da América Latina. Este poderia exceder o da antiga União Soviética". Moshiri apontava que " o progresso unicamente pode continuar através de um compromisso com os mercados livres e uma liberalização contínua", revisando rapidamente os inconvenientes que na sua opinião deveriam ser superados: "Na América Latina, as transações entre fronteiras sempre foram entorpecido por formulismos e por acordos regionais que resultam de um comércio controlado". Para o diretor da transnacional o objetivo estava claro: exercer com inteligência e discreção a diplomacia dos negócios. Moshiri já tinha em mente que em 12 de fevereiro a potencialidade de um gasoduto colombo-venezuelano, e assim ia saber a concorrência: "Enquanto que o gasoduto Bolivia-Brasil sobressai como um grande êxito, outros projetos tremendamente promissor foram detidos na fronteira por uma visão estreita do interesse nacional(...) consideram o gasoduto Venezuela-Colombia, uma união natural entre a região rica em gás do norte da Colombia, e outros mercados de energia da Venezuela. Apesar de promissória, esta combinação de provedor e cliente nao parece poder cruzar uma fronteira comum". A diplomacia dos bilhetes verdes trabalhou rápido.Em apenas 5 meses, o 23 de julho, Pdvsa-Gas, Ecopetrol e Chevron Texaco concluíram um estudo conjunto para colocar um gasoduto entre a Guajira colombiana e Maravaibo.Um informe, que circulou na época que a companhia venezuelana demonstrava que os pontos de vista jurídico, técnico e econômico, compañía venezolana demostraba que desde los puntos de vista jurídico, técnico y económico, dizia que era viável a contrução deste gasoduto.Somente um ano antes o trio havia assinado um memorando de entendimento para validar prática, e 365 dias depois se viu os resultados. Em 15 de dezembro de 2003 Alvaro Uribe Vélez anunciava em seu país o gasoduto Colombia-Venezuela-Panamá, graças a um contrato entre a Empresa Colombiana de Petróleo e a la Chevron Texaco. "Alegro-me que depois de um processo nada fácil com a intervenção de todas as instiuições como a la Contratoria Geral da República e como o Conselho de Estado, se pode firmar o contrato de extensão com a Chevron Texaco. Isto deixa claro o panorama da disponibilidade de gás do país e também deixa claro o panorama do poder que tem o gasoduto Venezuela-Colombia-Panamá. Sem isso é quase impossível pensar nesse projeto". Para o "solidário" Plano Puebla Panamá Apesar da Venezuela contar com reservas de gás natural 20 vezes maiores que da Colombia (147 TPC), na região zuliana apresenta um déficit de provisão da ordem de 430 milhões TPC por dia. Isso se deve pois a maior produção nacional se localiza em Anzoátegui, e no momento não existem gasodutos para levar este gas ao ocidente do país. Enquanto Venezuela adianta os projetos de interconexões internas, se espera que parte da demanda seja coberto parcialmente com as exportações desde Colombia, dos campos da Guajira operados por Chevron-Texaco. Desta maneira la nação contaria com 200 milhões de pés cúbicos de gás natural a partir de 2005, por um período de ao menos sete anos e sendo a prova piloto de futuros negócios conjuntos entre os dois países latinoamericanos. Para Colombia isso representa US$50 e US$70 mihlões anuais. O presidente Chávez negociou a perspectiva de que em um médio prazo, logo a interconexão interna da rede nacional, as estrelas vermelhas da economia venezuelana terão uma saída direta ao oceano pacífico. A troco de que? De continuar aprofundando - apesar de sua incendiária retórica - as relações do país caribenho com as dimensões enconomicistas do capitalismo globalizado. Na reunião binacional Uribe anunciou a entrada dos países a um dos planos para o continente denunciado reiteradamente por dezenas de ativistas antiglobalização " Estaríamos com o presidente Torrijos para formalizar o ingresso dos países ao Plano Puebla Panamá e que ali se firme uma ata para a integração deste gasoduto, a construção da linha de interconexão elétrica e avance la construção da estrada", coincidentemente a visão do desenvolvimento regional consensuada em Washington e desenvolvida por um dos seus embaixadores: la Chevron Texaco: "Alí nós não podemos ficar - afirmava o presidente colombiano - A perspectiva é Puebla-Alaska, porém temos que buscar outra perspectiva mais importante para dar a volta ao planeta que é Ásia e o oeste dos Estados Unidos"; cortando a distância se pode assumir os custos de extrasão dos recursos energéticos a ser devorados pelo grande irmão do norte. O governo venezuelano justifica as negociações bilaterais dentro do estrito marco do livre comércio, vendendo-as como parte de um inexistente plano de integração solidária internacional:"O Plano Puebla-Panamá - sentencia uma nota da imprensa governamental, disponível, difundida depois do encontro em El Tablazo - é um instrumento de cooperação que busca integrar os sete países da América Central com o sul do México para obter o desenvolvimento da região mesoamericana". Por trás da "cooperação" se encontra a vigilância e diplomacia de multinacionais como Chevron Texaco, Repsol YFP, British Petroleum e TotalFinalElf que nos últimos 6 anos tem realizado fabulosas negociações no país