EL LIBERTARIO # 35, 2003, Editorial * ...um exercício de comunicação “antagonista” e supõe uma consequente prática informativa reveladora dos excesos de qualquer poder...estas páginas temos assumido permanentemente a crítica e dissidência tanto das instituições do Estado como das do Capital, assim como dos próprios movimentos sociais... Com a edição que tens em maõs esta publicação chega aos seus oito anos de existência, tempo que nos tem servido como experiência para ir decantando erros e alimentando forças. Definirnos como um exercício de comunicação “antagonista” e supõe uma consequente prática informativa reveladora dos excesos de qualquer poder. Dotados de uma profunda paixão antiautoritária, desde estas páginas temos assumido permanentemente a crítica e a dissidência tanto das instituições do Estado como das do Capital, assim como dos próprios movimentos sociais de onde participamos. Em um contexto de éticas acomodativas e infantilização do pensamento é uma prática contracorrente, uma moléstia para os consortes do poder. Para @s libertári@s é a necessidade de coerência e a conjugação de fins e meios que se vive, para ser escrita e continuar vivendo-se. Seu autofinanciamento têm responsabilizado a uma comunidade de resistência não só de sua escrupulosa independência econômica, senão da própria direção do projeto e seus conteúdos editoriais. Por outra parte, o funcionamento de canais de venda baseados em uma rede de distribuidores por todo o país, supõe uma relação que gera identidade e organização com as quais temos tecido uma colcha de afetos e companheirismo que, por si só, tem sido a contra-parte da trajetória por gráficas, oficinas de correio e cybercafés. Escrevemos os textos entendo-os como uma possibilidade de articulação: a notícia de uma ação inspira a outras, em ocasiões e em lugares distantes. Os relatos, não poucas vezes, motivan solidaridade e empatia. Desde dezembro passado gestionamos nosso espaço na web (www.nodo50.org/ellibertario), aonde extendemos as visões da versão em papel, desenvolvendo materiais próprios e conformando tanto um arquivo histórico como uma cobertura distinta do que se passa em nosso país disponível para qualquer parte do mundo. Realizamos um trabalho de correspondencia com agências de notícias independentes (A-Infos, Indymedia) e publicamos coisas em periódicos de fora, aonde se traduzem à vários idiomas os conteúdos gerados por nossos colaboradores. Com base na constância e pertinência, El Libertario se têm convertido em uma referência latinoamericana em matéria de comunicação anarquista. O periódico têm sido um espaço de difusão e discussão das diversas correntes de pensamento ácrata, desde seus postulados clássicos e históricos até suas consequências contraculturais contemporâneas. Suas páginas amplifican, assim mesmo, os valores libertários inerentes aos movimentos sociais de nosso entorno. Assumimos a noção de comunicação antagonista frente a de “alternativa” ou similares, cujas práticas têm sido institucionalizadas e recuperadas por caudilhos e dominadores, tanto na Venezuela como no resto do mundo. A diferença da imprensa esquerdista nunca nos teve interessado a chamada “formação de quadros”, senão melhor a promoção do pensamento complexo e das argumentações tendo como norte induvidável a liberdade e a justiça social. A frase que temos adotado e repetido fala por si só: “Le, pensa por ti mesm@, atua y existe”. A sua particular escala, a elaboração destas páginas é um exemplo da possibilidade de funcionar sobre parâmetros distintos: sem lideranças incontestáveis, horizontal e autogestionadamente; propondo o intercâmbio permanente com experiências parecidas e assumindo-se não como a vanguarda ou a única possibilidade, senão como parte de una trama complexa e diversa da radical transformação da sociedade. Esperamos continuar estreitando laços, difundir iniciativas, fazer perguntas e adiantar possíveis respostas. As palavras, com verbo e adjetivos de fogo cruzarão os ares questionando tudo; assim, as flores nascerão sanas sobre a terra queimada.