O EZLN Responde

EXÉRCITO ZAPATISTA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL.

MÉXICO.

Fevereiro de 2001.

Prezados Cibernáutas:

As perguntas que seguem, feitas por jornalistas e pessoas da sociedade civil, chegaram ao EZLN através desta página web e do seu correio eletrônico. O Subcomandante Marcos, chefe militar e porta-voz dos zapatistas, responde e irá respondendo, na medida do possível, às perguntas mais comuns. Apresentamos agora uma seção atualizada até o dia 9 de fevereiro de 2001. Na medida do possível, iremos acrescentando outras perguntas, ampliando e atualizando nossas respostas. As palavras aqui apresentadas constituem a posição oficial do EZLN em cada um dos temas que tocam.

As perguntas têm sido reunidas em cinco blocos:

1) DEBATE POLÍTICO-CONJUNTURAL

2) OS TRÊS SINAIS

3) LEI COCOPA

4) NO CAMINHO

5) PERMANÊNCIA NO DF.

1. - DEBATE POLÍTICO-CONJUNTURAL

1. Marcos vai ao DF a convite do presidente Vicente Fox?

Não, a delegação zapatista vai ao DF por iniciativa própria e com o objetivo de dialogar com o Congresso da União, ou seja, com os deputados e os senadores. Esse diálogo busca a aprovação do chamado "projeto de lei da COCOPA" que, elevado a nível constitucional, significaria o cumprimento dos acordos da mesa 1 do Diálogo de San Andrés e um passo muito importante no caminho para a paz em Chiapas. Durante a sua marcha ao D. F., a delegação zapatista irá dialogar com a sociedade civil e com os povos indígenas de 12 Estados mexicanos. Participará, também, dos trabalhos do III Congresso Nacional Indígena. Tudo isso com o objetivo de promover o reconhecimento constitucional dos direitos e da cultura indígenas.

2. O EZLN tem tido algum contato direto ou por carta com o comissário governamental, Luis H. Alvarez?

Não. O EZLN tem dito que enquanto não sejam cumpridos os três sinais que reivindicamos para o diálogo, não fará contato com o governo federal. No momento em que estes forem cumpridos, estabeleceremos o contato. Desde já deixamos claro que não houve sequer uma troca de cartas. Achamos que toda informação contrária sobre este ponto é deliberadamente orquestrada pelo governo federal para confundir as pessoas. Por outro lado, continuaremos vendo com respeito o senhor Luis H. Alvarez, e no momento em que forem cumpridos os três sinais mínimos que estamos pedindo, faremos contato direto com ele.

3. O EZLN tem tido contato direto ou por carta com a COCOPA ou com algum de seus membros?

Não. Não há uma troca de cartas e nem houveram contatos diretos.

4. O EZLN não se sente pressionado pela propaganda que o governo Fox fez das ações empreendidas em Chiapas? Não sente que o povo pode pedir-lhe de sentar já para dialogar?

Nós percebemos que o povo também quer que o governo ofereça estes sinais. Não nos sentimos pressionados porque não estão nos dizendo "sentem agora", quem está dizendo isso é o governo. O povo, todo caso, quer que ambas as partes se comprometam seriamente com o processo de paz. Para nós, a seriedade governamental será demonstrada com o cumprimento destes três sinais mínimos; e, de nossa parte, a seriedade consistirá em não pedir novos sinais para iniciar o diálogo.

Por outro lado, o povo sempre nos fez sentir que nos entende. É óbvio que quando dizemos "o povo" não estamos nos referindo aos poderosos, aos Onécimos ou aos Loyolas, e sim à sociedade civil em geral.

5. Os delegados que vão ao DF irão armados?

Não. Nós zapatistas viajaremos desarmados, conforme estabelecido pela lei. Com esta iniciativa não saímos para fazer a guerra e sim para dialogar. Quando dialogamos não precisamos de armas.

6. Os 24 delegados zapatistas irão viajar com o rosto coberto por passamontanhas? Por que?

Sim, irão com os passamontanhas. Porque o passamontanhas já é um símbolo do zapatismo. O passamontanhas sublinha que o governo não olhava para os indígenas quando se mostravam e os vê agora que se escondem. É também um convite a que todos se sintam parte desta luta.

7. Os delegados zapatistas podem ser detidos?

Não, porque a chamada "Lei para o Diálogo, a Reconciliação e a Paz Digna em Chiapas" protege os zapatistas de qualquer ação penal contra eles. A lei diz que a suspensão das ações penais se mantém enquanto perdura o diálogo. A lei diz que não se deve portar armas nos espaços de diálogo e de negociação. A COCOPA já manifestou publicamente a sua posição a respeito: o diálogo continua e, portanto, a lei que garante o respeito ao livre trânsito e à integridade física dos zapatistas está em vigor. Como iremos sem armas, não podemos ser detidos.

8. O que significa para o EZLN a questão indígena? Querem separar-se do México?

O EZLN é uma organização majoritariamente indígena que se levantou em armas por Democracia, Liberdade e Justiça para todos os mexicanos. Entre o povo mexicano, o indígena é o mais esquecido, por isso o EZLN levantou como uma reivindicação importante o reconhecimento dos direitos e da cultura indígena. Esta reivindicação encontrou eco em todo o país e no mundo inteiro. Para o EZLN a questão indígena representa uma dívida pendente do México e sua solução não deve esperar por mais tempo. Não queremos a independência do México, queremos ser parte do México, ser indígenas mexicanos. Até agora somos tratados como cidadãos de segunda classe ou como um estorvo para o país, queremos ser cidadãos de primeira e parte do desenvolvimento do país, mas queremos ser isso sem deixar de ser indígenas.

9. Por que o EZLN não assinou a paz?

Porque o governo Zedillo não cumpriu os acordos que assinou com o EZLN. Para que a paz seja verdadeira, ela deve ser construída com acordos que se cumprem. Quando não é assim, então não é paz, e sim uma farsa. Há sete anos o EZLN quer a paz, mas não uma paz qualquer, e sim uma paz com justiça e dignidade. Continuamos neste caminho.

10. O que querem os indígenas zapatistas após o fim do PRI?

Que a Nação mexicana reconheça na constituição os direitos e a cultura indígenas, que se trabalhe para resolver as graves condições de marginalização dos povos indígenas do México levando-os em consideração; que a democracia se torne realidade para todos os mexicanos e o tempo todo; que a mulher indígena tenha um lugar especial na sociedade mexicana; e que nós zapatistas possamos sair para fazer política como qualquer cidadão, ou seja, que já não sejam necessários nem os passamontanhas e nem as armas.

11. Após sete anos de militarização e cerco militar, em que aspectos mudou a situação dos povos de Chiapas?

Agora há esperança de que o passado não se repita, de que o ser indígena deixe de ser motivo de vergonha ou de sofrimento, de que possamos melhorar nossas condições de vida, de que nunca mais tenhamos que fazer uma guerra para que nos ouçam. Resumindo, a mudança fundamental é que já não estamos sós.

12. Qual é a expectativa diante do governo de Vicente Fox, que já não é do PRI?

Esperamos que o governo Fox entenda que o país mudou, que não se pode continuar mantendo os povos indígenas no esquecimento, que o povo deve e quer participar na tomada de decisões, que a paz com justiça e dignidade é uma reivindicação nacional e internacional. Esperamos que dê sinais claros de sua disposição ao diálogo, que dialogue, que chegue a acordos e que os cumpra. Esperamos que se decida a buscar a paz.

13. O que acontecerá com o Subcomandante Marcos se assinarem a paz?

Com todos os companheiros e companheiras zapatistas lutará por democracia, liberdade e justiça trilhando novos caminhos.

14. O que responde o EZLN aos que o atacam e falam mal dos zapatistas?

Que nós não estamos atacando ninguém, que não queremos tirar nada de ninguém. O que queremos é um lugar digno para os indígenas do México. Aqueles que nos atacam estão atacando uma reivindicação de justiça que todos, no mundo inteiro, apoiam e reconhecem. Só têm medo de nós aqueles que preferem ver os indígenas mortos.

15. Por trás do EZLN, há grupos políticos, narcotráfico ou potências estrangeiras?

Não. O EZLN é uma organização totalmente mexicana. Não teve nenhum financiamento estrangeiro, e suas decisões e ações respondem ao comando das comunidades indígenas zapatistas. Somos independentes de todas as organizações políticas nacionais e internacionais. Não só não dependemos do narcotráfico, como o temos combatido desde o nascimento. Nas comunidades indígenas zapatistas é proibido o consumo, a semeadura e o tráfico de entorpecentes. Nenhum país e nenhuma organização sustenta economicamente o EZLN. O EZLN se mantém com seus próprios recursos, ou seja, com o apoio das comunidades. Por isso somos um exército pobre.

16. Por que o EZLN se diz "exército"?

Porque é organizado como um exército e cumpre com todas as disposições internacionais para ser reconhecido como exército. Quando começou a guerra, o EZLN o fez cumprindo as convenções internacionais: declarou formalmente a guerra, tem uniformes, graus e insígnias reconhecíveis, respeita a população civil e os organismos neutrais. O EZLN tem armas, organização e disciplina militares.

17. Por que o EZLN diz que busca desaparecer?

Porque o EZLN luta para que já não seja necessário ele ser clandestino e estar armado para lutar pela justiça, pela liberdade e pela democracia. Quando o EZLN conseguir o que procura, então o EZLN já não será necessário, por isso dizemos que lutamos por desaparecer.

18. Por que o EZLN não luta pelo poder?

Porque desde o nosso aparecimento público não temos colocado a tomada do poder. Não nos interessa ter cargos no governo, e sim que o povo participe e que a sua voz seja ouvida e atendida. Nós pensamos que não importa quem está no governo, que o que importa é que "mande obedecendo", ou seja que o povo obrigue o governante a realizar o seu trabalho de acordo com o interesse do povo, e não de acordo com o interesse de um partido ou de um grupo econômico ou religioso.

19. Há mulheres no EZLN? E na delegação?

Sim. No EZLN há mulheres em todos os níveis: há mulheres que são bases de apoio, há milicianas, há insurgentas, há oficiais, há responsáveis locais, regionais e há comandantas. Na delegação que vai ao DF vão 4 comandantas. Seus nomes são: Susana, Yolanda, Esther e Fidelia. Há outras mulheres no Comitê Clandestino Revolucionário Indígena, que é a máxima direção do EZLN, mas nesta viagem só vão estas 4.

20. Há crianças no EZLN?

No EZLN não há crianças combatentes, ou seja não há crianças que são soldados. Há sim crianças zapatistas, mas são bases de apoio.

21. Marcos está disposto a reunir-se pessoalmente com Fox?

O EZLN acha que a guerra em Chiapas não se resolve com uma reunião entre duas pessoas, e sim que é necessário um processo de diálogo e negociação que seja sério, respeitoso e responsável. Quando os três sinais forem cumpridos, o EZLN nomeará um grupo de seus dirigentes, entre os quais Marcos pode estar ou não, para que dialoguem e negociem com o governo federal. O governo Fox já nomeou quem vai se encarregar da negociação, o senhor Luis H. Álvarez, então os zapatistas irão dialogar com ele quando o processo se iniciar.

2 - OS TRÊS SINAIS

1. Se o governo de Vicente Fox cumpre com os três sinais reivindicados pelo EZLN para iniciar o diálogo, o EZLN exigirá outras condições? O que garante que se Fox cumpre os três sinais, os zapatistas não pedem mais coisas?

Cumpridos os três sinais, o EZLN fará contato com o Comissário de Paz e fixará, de forma conjunta, dia, lugar, hora e agenda do primeiro encontro. Não haverá outras condições. A garantia que o EZLN oferece é a sua palavra, à qual nunca temos faltado.

2. Os zapatistas irão ao DF ainda que o governo Fox não cumpra com os três sinais para o diálogo?

Sim. Como já temos explicado, o objetivo da viagem é o diálogo com o Congresso da União, com os povos indígenas do México e com a sociedade civil, não com o governo federal. Ainda que Fox não tenha cumprido com os três sinais, se realizará o diálogo com o Congresso, com os indígenas e com a sociedade civil.

3. É verdade que Fox já retirou o exército de Chiapas?

Não. O governo Fox fez com que se retirassem alguns postos de controle militares das estradas do Estado e ordenou a retirada das tropas de 4 posições dos 259 acampamentos militares que invadem o território chiapaneco.

4. O EZLN exige a desmilitarização total para sentar-se a dialogar? Reconhece a retirada das tropas?

Não, o EZLN está só pedindo que sejam fechadas 7 posições militares. O Exército federal conservaria ainda 252 posições dentro da chamada "zona de conflito". Ao pedir o fechamento de 7 posições, o EZLN pede que o governo Fox responda à pergunta "você está no comando do Exército federal e está disposto a abandonar a opção militar como caminho para resolver o conflito?" Ao pedir o número de 7 posições, o EZLN usa o 7 como símbolo. O fechamento dessas posições não significa desmilitarizar a zona de conflito. Mesmo sem estas 7 posições, e Exército federal manteria sua capacidade militar. O fechamento das 7 posições não afeta em nada a correlação de forças entre o exército federal e o EZLN. O EZLN reconhece que têm sido fechadas só 4 das 7 posições. As resistências para fechar as 3 restantes significa que o governo Fox não se decidiu em abandonar a via militar ou que não está no comando do Exército federal e sua ordens não são inteiramente cumpridas.

5. Em que momento se encontra o processo de libertação dos zapatistas que encontram-se presos nos diferentes presídios do país?

Até agora, só têm sido libertados 25 presos zapatistas. Os 25 têm sido libertados pelo governo do estado de Chiapas. O governo federal não libertou nenhum. Além de Chiapas, há zapatistas presos em Tabasco e em Querétaro. O governador de Querétaro tem dito que não soltará os zapatistas que mantém na prisão. Com isso, e com suas declarações pedindo a pena de morte para nós, o governador de Querétaro se torna um dos obstáculos que impedem o reconhecimento dos direitos indígenas e o avanço do diálogo.

6. Os zapatistas se contentam com o envio da lei COCOPA ao Congresso da União, por parte de Vicente Fox? O que falta para que se cumpra com este primeiro sinal?

Não, o envio da "Lei COCOPA" ao Congresso da União não é suficiente. É necessário que este projeto se torne lei, ou seja, reforma constitucional. A "Lei COCOPA" tem uma tríplice importância: é importante porque reconhece os direitos dos primeiros habitantes do México; é importante porque será um sinal fundamental para retomada do diálogo e para a chegada da paz; e é importante porque demonstrará que o diálogo e a negociação são o caminho para resolver os conflitos. Para que se cumpra com este sinal, falta que o Executivo federal, ou seja Fox, trabalhe junto a deputados e senadores procurando o consenso para sua aprovação; falta que a COCOPA trabalhe com as frações parlamentares dos diferentes partidos com representação legislativa; falta que o Congresso da União ouça e atenda o clamor dos povos indígenas representados no CNI e no EZLN.

3 - LEI COCOPA

1. Quem fez a "Lei COCOPA" e o que diz esta lei?

A chamada "Lei COCOPA" foi elaborada em dezembro de 1996 pelos legisladores da Comissão de Concórdia e Pacificação (COCOPA). Os legisladores integravam os 4 partidos políticos mais importantes: o PRI, o PAN, o PRD e o PT. Não foram os zapatistas a fazer este projeto de lei, e sim os legisladores, ou seja, os que fazem as leis no México. A chamada "Lei COCOPA" retoma o que é mais importante dos primeiros Acordos de San Andrés, assinados pelo governo e o EZLN em fevereiro de 1996: reconhece o direito à autonomia que incorpora os povos indígenas (ou seja, se reconhece sua diferença, mas continuam sendo mexicanos) sem romper a unidade nacional, respeitando os direitos humanos, especialmente da mulher indígena. Sublinha também que os povos indígenas devem ser levados em consideração na hora de tomar decisões que os atingem. Que se deve respeitar e promover a sua cultura. E que se deve garantir que sua voz seja ouvida e atendida, e que têm direito a ter representações no Congresso da União e nas Assembléias Legislativas dos Estados. Fundamentalmente, a "Lei COCOPA" reconhece constitucionalmente uma realidade: os povos indígenas são parte do México e têm sua própria forma de organização social e política, ou seja, têm o direito de serem indígenas e de serem mexicanos.

2. É verdade que o EZLN não está disposto a mudar nem um ponto e nem uma vírgula da "Lei COCOPA"?

No debate atual ninguém está colocando que o problema da "Lei COCOPA" seja de pontos e vírgulas. Os ataques à lei são dirigidos contra seus aspectos fundamentais (autonomia dos povos indígenas, territorialidade, direitos coletivos), não contra meros problemas de redação. Ao defender a "Lei COCOPA" o EZLN está defendendo os Acordos de San Andrés, que refletem as reivindicações dos povos indígenas do México.

3. Qual é a posição da COCOPA no que diz respeito à lei que eles mesmos fizeram e que agora é tão importante quanto a própria paz?

Como órgão legislativo, até agora a COCOPA não tem feito nenhum pronunciamento. Seus integrantes, a título individual, têm dado declarações contraditórias. Por isso, a atual COCOPA terá que definir-se a respeito do projeto de lei que elaborou.

4. A lei da COCOPA é apoiada pelos grupos indígenas do país ou só pelos zapatistas?

O projeto de lei da COCOPA é apoiado por representantes das organizações indígenas de todas as etnias do México, reunidas no Congresso Nacional Indígena. Além disso, durante os últimos 4 anos tem sido analisada e discutida em muitas das comunidades indígenas de todo o país. A apoiam indígenas do norte do México, do sul, do Golfo do México, do Ocidente, do sudeste e do centro do país. Nos últimos anos, nenhum projeto de lei havia recebido tamanha análise, debate e respaldo de cidadãos mexicanos, indígenas em sua maioria.

5. O reconhecimento de todos os usos e costumes indígenas não representa um risco para a nação?

Nas comunidades indígenas há usos e costumes que não servem, principalmente os que dizem respeito à segregação das mulheres na tomada de decisões, mas estão sendo combatidos pelas próprias comunidades, fundamentalmente pelas mulheres indígenas organizadas. Não estamos reivindicando o reconhecimento de maus costumes que nós mesmos estamos empenhados em mudar. O que reivindicamos é o reconhecimento do nosso ser diferente, da nossa cultura, da nossa história, da nossa língua, das nossas formas de governar-nos, da nossa forma de organização social. Quanto ao resto, voltando ao caso das mulheres indígenas, a própria lei da COCOPA insiste no respeito à integridade da mulher e em sua participação política. Entre outras coisas, é por isso que queremos que se aprove esta lei no Congresso.

 

4 - NO CAMINHO.

1. Quem são os 24 delegados e delegadas que vão ao DF?

Cte. David, Cte. Tacho, Cte. Zebedeo, Cta. Susana, Cte. Javier, Cta. Yolanda, Cte. Isaías. Cte. Bulamaro, Cte. Abel, Cte. Moisés, Cta. Esther, Cte. Maxo, Cte. Isamel, Cte. Eduardo, Cte. Gustavo, Cte. Sergio, Cte. Omar, Cte. Filemós, Cte. Abraham, Cte. Daniel, Cte. Mister, Cta. Fidelia, Cte. Alejandro e Sub Comandante Insurgente Marcos

Na página ezlnaldf, você vai encontrar os nomes dos delegados, sua foto e um texto de cada um deles.

2. O EZLN atenderá a todos os convites da sociedade civil, de organizações sociais, de ONGs e demais grupos que queiram encontrar-se com os zapatistas?

Na medida do possível, a delegação zapatista atenderá aos convites da sociedade civil. Infelizmente, o tempo necessário para cobrir o percurso torna impossível que se responda afirmativamente a todos os convites. Quando recusamos um convite não fazemos isso por falta de interesse, por grosseria, ou porque não consideramos importante atendê-lo, e sim porque temos um tempo limitado e uma agenda a cumprir. Diga-se de passagem, que no Centro de Informação Zapatista há centenas de convites dos doze Estados pelos quais passaremos e do Distrito Federal.

3. Com que tipo de pessoas queremos contar para a mobilização ao DF?

Com todas, sem importar seu sexo, sua filiação política, sua ideologia, sua crença religiosa, seu tamanho, seu peso, sua posição social, etc. Obviamente, terão um lugar especial os grupos indígenas que querem encontrar-se conosco.

4. Quem está organizando a mobilização?

O EZLN através de uma secretaria que se chama "Centro de Informação Zapatista". Este CIZ recebe as propostas as sociedade civil e envia-as ao EZLN. Através do CIZ, o EZLN informa a sociedade civil sobre os seus planos e os detalhes para que a mobilização se realize.

5. Durante o trajeto da marcha, o EZLN se encontrará só com o CNI?

Não. Ainda que o CNI e os povos indígenas do México sejam muito importantes na marcha, o EZLN sabe que a luta pelo reconhecimento dos direitos e da cultura indígenas não diz respeito só aos povos indígenas, e sim a todos os mexicanos e mexicanas honestos, e a todas as pessoas dos 5 continentes que lutam pela paz, pela justiça e pela dignidade para todos os seres humanos.

6. Quem está organizando o Terceiro Congresso Nacional Indígena em Nurio, Michoacán?

Está sendo organizado diretamente pelo povo de Nurio em cooperação com o CNI. Pode-se obter maiores informações sobre o Congresso nos lugares que seguem:

- Ucez. Fone/fax (014) 314.13.94. Correio eletrônico:mailto:encuentro.mor@latinmail.com

- La Casa hotel do professor. Fone/fax (014) 324.00.01, em Morelia.

- Graciela Contreras (01715) 3.75.89, em Zitácuaro.

- Alfonso Vargas Romero. Fone/fax (01452) 5.09.40, em Paracho.

7. Quem vai financiar a viagem da delegação zapatista ao DF?

A sociedade civil nacional e internacional. O EZLN está pedindo a ajuda econômica de todas as pessoas que possam e queiram ajudar na luta pelo reconhecimento dos direitos e da cultura indígenas. Por isso, o EZLN pediu à senhora Rosario Ibarra de Piedra que abrisse uma conta bancária para que as pessoas possam fazer suas doações. O número da conta é:

Bancomer. Agência 437. C/C número 5001060-5

A nome da senhora Maria del Rosario Ibarra.

San Cristóbal de las Casas, Chiapas, México.

O dinheiro arrecadado está sendo usado para fazer funcionar o Centro de Informação Zapatista e para cobrir os gastos da viagem da delegação.

8. É na mesma conta que se depositam as contribuições para apoiar os trabalhos do Terceiro Congresso Nacional Indígena?

A organização do Terceiro CNI é um esforço enorme que requer também a contribuição de todos. A infra-estrutura para o encontro, a alimentação dos milhares de delegados, todos os equipamentos e as adaptações que estão sendo feitas na comunidade de Nurio, precisam da ajuda econômica de todo mundo, O CNI mantém esta conta corrente:

BANCOMER. Agência 463. C/C número 1029446-9

Uruapan, Mich. A nome de Alfonso Vargas Romero.

9. Se a delegação zapatista não vai passar pela minha cidade, como posso participar desta mobilização?

De várias formas. Uma delas é você se informando do percurso da delegação, assim você terá condições de ver aonde a delegação do EZLN realizará atos públicos e você poderá se organizar para estar presente. Outra é você se unindo à caravana zapatista, seja na hora de sair de Chiapas, ou durante o percurso, ou na chegada ao DF. Outra ainda é realizando atos de divulgação e propaganda na sua cidade, paralelamente à realização da marcha. Na página do CIZ você encontrará informações fresquinhas sobre os objetivos da marcha e o que irá acontecer a cada dia.

10. Se eu estou num outro país, o que posso fazer para apoiar a mobilização?

Temos proposto à comunidade internacional de acompanhar-nos durante a marcha, no Distrito Federal ou em seus próprios países. Para nós, qualquer uma destas três formas de acompanhamento tem a mesma importância. Pode-se também apoiar economicamente a marcha zapatista através da Conta Corrente de Dona Rosario Ibarra de Piedra; ou também na Conta do Congresso Nacional Indígena (indicadas acima).

11. Qual é a agenda da delegação zapatista no Estado de Chiapas?

Os delegados zapatistas irão se transferir para a cidade de San Cristóbal de las Casas no dia 24 de fevereiro, vindo dos Aguascalientes de Oventic, La Garrucha e La Realidad, além da comunidade de Moisés Gandhi. A partir destes quatro pontos, o EZLN espera o acompanhamento da sociedade civil nacional e internacional.

Do mesmo modo, está confirmada a data para o ato de despedida da delegação. O ato se realizará na praça principal de San Cristóbal de las Casas, no próximo dia 24 de fevereiro na parte da tarde. A delegação pernoitará em San Cristóbal e no dia 25 de fevereiro pela manhã partirá desta cidade com destino à Juchitán, Oaxaca, passando para saudar rapidamente as pessoas que se concentrem em Tuxtla Gutiérrez.

12. Qual é a agenda da delegação zapatista no Estado de Oaxaca?

No dia 25 de fevereiro pela manhã partiremos de San Cristóbal de las Casas, Chiapas, rumo ao município de Juchitán. A delegação irá saudar os companheiros concentrados na entrada do território Oaxaquenho e, mais adiante, participará do ato organizado diante do palácio municipal de Juchitán, onde se concentrarão irmãos e irmãs zapotecos, huaves, zoques, chontales e mixes.

A delegação pernoitará neste município e no dia 26 pela manhã parte com destino à cidade de Oaxaca, onde realizará o ato principal com irmãos e irmãs mixtecos, amuzgos, cuicatecos, zapotecos, chatinos, chocholtecos, triquis e chinantecos.

Depois desse ato, a delegação pernoitará nesta cidade e no dia 27 pela manhã partirá com destino à cidade de Puebla.

13. Qual é a agenda da delegação zapatista em sua passagem por Orizaba, Veracruz?

No dia 27 de fevereiro, a caminho de Puebla, nos deteremos para participar de um breve ato organizado no município de Orizaba.

14. Qual é a agenda da delegação zapatista no Estado de Puebla?

A delegação zapatista chegará à cidade de Puebla no próximo dia 27 de fevereiro, e aí será realizado um ato na praça principal, após participar de um ato com os povos que se concentrem em Tehuacán (Puebla) e em Orizaba (Veracruz). A delegação se alojará na cidade de Puebla e no dia 28 de fevereiro, na parte da manhã, partirá rumo ao Estado de Hidalgo.

15. Qual é a agenda da delegação zapatista no Estado de Hidalgo?

A delegação zapatista chegará ao Estado de Hidalgo no próximo dia 28 de fevereiro, e aí realizará o ato principal no município de Ixmiquilpan, passando prévia e rapidamente para saudar o povo de Emiliano Zapata, Cidade Sahagún, Pachuca, Actopan, Francisco I. Madero e Tepatepec, que poderão permanecer em suas cidades ou ir ao ato principal em Ixmiquilpan (ou , melhor, fazer ambas as coisas).

A delegação pernoitará na comunidade de Tephé e no dia 1º de março, pela manhã, parte rumo à Michoacán.

16. Qual é a agenda da delegação zapatista no Estado de Querétaro?

No dia primeiro de março, junto aos nossos irmãos e irmãs de Querétaro, a delegação zapatista participará de um breve ato organizado na capital do Estado. Terminando o ato, os zapatistas prosseguem seu caminho rumo a Michoacán (passando antes por Acámbaro, Guanajuato).

17. Qual é a agenda da delegação zapatista no Estado de Guanajuato?

Será uma honra para os 24 delegados zapatistas saudar o povo que se concentre no município de Acámbaro, no próximo dia 1º de março. Depois desta saudação, a delegação continua o seu caminho rumo a Michoacán.

18. Qual é a agenda da delegação zapatista no Estado de Michoacán?

A delegação zapatista chegará ao Estado de Michoacán no próximo dia 1º de março, pela precisão, na comunidade de Nurio, passando prévia e brevemente para saudar o povo de Zinapécuaro, Morelia, Potzcuaro e Uruapan.

Permaneceremos em Nurio nos dias 2, 3 e 4 de março participando dos trabalhos do Terceiro Congresso do CNI, e no dia 5 pela manhã sairemos com destino ao Estado do México, participando antes de um ato no município de Morelia.

19. Qual é a agenda da delegação zapatista no Estado do México?

A delegação zapatista chegará a Vale de Toluca no próximo dia 5 de março, e realizará um ato na cidade e outro no município de Temoaya, que corresponde à zona otomi do Estado. Depois de partilhar teto e pão com nossos irmãos e irmãs da unidade habitacional "Andrés Molina Enriquez", conhecida como "La Pila" (no município de Metapec), partiremos no dia 6 de março, na parte da manhã, com destino ao Estado de Morelos.

20. Qual será a agenda dos zapatistas no Estado de Morelos?

Os 24 delegados zapatistas e a caravana que os acompanha, chegarão ao município de Tepoztlán no próximo dia 6 de março. Aqui se realizará um ato público e se partilhará o teto e o alimento com os irmãos e irmãs de Tepoztlán, passando antes pela cidade de Cuernavaca, onde saudaremos rapidamente o povo que se concentre neste lugar.

No dia 7 de março partimos de Tepoztlán rumo à Iguala, Guerrero, sem fazer paradas. Em Iguala participaremos de um ato junto aos companheiros guerrerenses concentrados neste município. Voltaremos a pernoitar em Cuautla nesse mesmo dia 7, à noite.

No dia 8 de março passaremos a maior parte do tempo no Estado de Morelos e, seguindo o caminho do nosso general Emiliano Zapata, partiremos nesse mesmo dia rumo ao distrito de Milpa Alta, onde chegaremos na parte da tarde.

21. Qual é a agenda da delegação zapatista no Estado de Guerrero?

Respondendo ao apelo dos povos indígenas e da sociedade civil guerrerense, a delegação zapatista realizará o ato principal no município de Iguala, Guerrero, no próximo dia 7 de março. Depois de participar de um ato, os 24 delegados voltam a Cuautla, Morelos, para passar a noite.

22. Qual é a agenda da delegação zapatista em Milpa Alta, já no Distrito Federal?

A delegação zapatista chegará à Milpa Alta no dia 8 de março na parte da tarde. Se pernoitará neste lugar e, no dia 9, na parte da manhã, se realizará um ato no histórico quartel zapatista de San Pablo Oxtotepec. Também neste dia se passa a noite em Milpa Alta.

23. Qual é a agenda da delegação zapatista em Xochimilco?

No dia 10 de março se realizará o ato principal em Xochimilco. A delegação zapatista passará a noite neste lugar e no dia seguinte se encaminhará ao Zócalo da Cidade do México. O ato está sendo organizado.

24. Do que é que vão viajar os delegados zapatistas?

De ônibus. Se ele quebrar procuraremos algumas bicicletas, um burro, ou se não, pois, iremos a pé.

5 - PERMANÊNCIA NO DF.

1. Quanto tempo a delegação zapatista vai ficar no DF?

O tempo necessário para estabelecer o diálogo com o Congresso da União e com a sociedade civil.

2. Em que dia vão entrar no Zócalo da Cidade do México?

No Domingo, dia 11 de março de 2001.

3. Em que lugar o EZLN vai se encontrar com a sociedade civil durante a sua permanência na Cidade do México?

O EZLN dará a conhecer com antecedência os lugares, data e hora dos atos públicos dos quais participa. Teremos atos públicos e encontros privados.

4. Há alguma representação do EZLN no Distrito Federal?

Não. O EZLN não tem nenhum representante externo, nem na Cidade do México e nem em nenhum outro lugar.

5. O EZLN irá às instalações da UNAM?

Como já explicamos numa entrevista, antes de dar uma resposta teríamos que ter o convite da comunidade universitária (estudantes, trabalhadores e acadêmicos). Até agora, só temos recebido convites de estudantes.

6. Quais serão os temas que a delegação zapatista vai abordar durante sua permanência no DF?

Nós zapatistas nos concentraremos no tema dos Direitos e da Cultura Indígenas, nos Acordos de San Andrés, na lei feita pela COCOPA e no processo de paz em Chiapas. Falaremos sobre estes temas (que, na realidade, são um só) com legisladores, organizações indígenas e camponeses, sindicatos, ONGs, estudantes, professores, colonos, intelectuais, jornalistas e todos aqueles que querem encontrar-se conosco.

Valeu. Saúde e nos vemos na próxima.

Das montanhas do Sudeste Mexicano.

Sub Comandante Insurgente Marcos

México, fevereiro de 2001.

 

EXÉRCITO ZAPATISTA DE LIBERAÇÃO NACIONAL