Cancioneiro Anarquista

FILHOS DO POVO

Filhos do Povo te oprimem cadeias
e essa injustiça não pode seguir.
Se tua existência é um mundo de penas
antes que escravo prefiro morrer.

Esses burgueses, assaz egoístas,
que assim desprezam a Humanidade,
serão varridos pelos anarquistas
ao forte grito de Liberdade.

Trabalhador
não mais sofrer !
A exploração,
há de sucumbir.
Levanta-te, povo leal,
ao grito de Revolução Social.

Vindicação,
não há que pedir;
só a união
poderá exigir
Nosso cordão, não romperás.
Torpe burguês. Atrás ! Atrás !


ÀS BARRICADAS

Negras tormentas agitam os ares
nuvens escuras nos impedem ver.
Ainda que esperemos a dor e a morte
contra o inimigo nos chama o dever.

O bem mais precioso é a liberdade
há que defendê-la com fé e valor.
Alça a bandeira revolucionária
que levará o povo à emancipação.

De pé trabalhadores para a batalha
há que derrotar a reação.
Às barricadas, às barricadas,
pelo triunfo e glória da Revolução!
Às barricadas, às barricadas,
pelo triunfo e glória da Revolução!

PARA A GREVE

Para a greve companheiro, não te vás a trabalhar
deixa quieta a ferramenta, que é a hora de lutar.

Para a greve dez, para a greve cem,
para a greve dá-lhe eu vou também.
para a greve cem, para a greve mil,
eu por eles mãe e eles por mim.

Contra o governo da fome nós vamos nos levantar
todos os trabalhadores ombro a ombro pelo pão.

Para a greve dez, para a greve cem...

Desde o poço e a betoneira, desde o torno e o tear
já vão os homens do povo, para a greve geral.

Para a greve dez, para a greve cem...


BELLA CIAO

Esta manhã fui acordado
oh bella ciao, bella ciao, bella ciao ciao ciao
Esta manhã fui acordado
e encontrei o invasor.

Oh guerrilheiro, vou-me contigo, oh bella ciao...
Oh guerrilheiro, vou-me contigo
porque eu sinto aqui morrer.

E se eu morro com a guerrilha, oh bella ciao...
E se eu morro com a guerrilha
toma em suas mãos o meu fuzil.

Lá me enterre sobre a montanha, oh bella ciao...
lá me enterre sobre a montanha
sob a sombra de uma flor.

Todos aqueles que ali passarem, oh bella ciao...
todos aqueles que ali passarem
dirão então: "Que Bela Flor!"

Esta é a flor do guerrilheiro. oh bella ciao...
Esta é a flor do guerrilheiro
morto pela Liberdade.

A INTERNACIONAL

De pé, ó vítimas da fome!
De pé, famélicos da terra!
Da idéia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra.
Cortai o mal bem pelo fundo!
De pé, de pé, não mais senhores!
Se nada somos neste mundo,
Sejamos tudo, o produtores!

Bem unidos façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional.

Messias, Deus, chefes supremos,
Nada esperemos de nenhum!
Sejamos nós quem conquistemos
A Terra-Mãe livre e comum!
Para não ter protestos vãos,
Para sair deste antro estreito,
Façamos nós por nossas mãos
Tudo o que a nós diz respeito!

Crime de rico a lei o cobre,
O Estado esmaga o oprimido.
Não há direitos para o pobre,
Ao rico tudo é permitido.
À opressão não mais sujeitos!
Somos iguais todos os seres.
Não mais deveres sem direitos,
Não mais direitos sem deveres!

Abomináveis na grandeza,
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha!
Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu.
Querendo que ela o restitua,
O povo só quer o que é seu!

Fomos de fumo embriagados,
Paz entre nós, guerra aos senhores!
Façamos greve de soldados!
Somos irmãos, trabalhadores!
Se a raça vil, cheia de galas,
Nos quer à força canibais,
Logo verá que as nossas balas
São para os nossos generais!

Somos o povo dos ativos
Trabalhador forte e fecundo.
Pertence a Terra aos produtivos;
Ó parasitas, deixai o mundo!
Ó parasita que te nutres
Do nosso sangue a gotejar,
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol de fulgurar!

NA PRAÇA DO POVOADO

Na praça do povoado
disse o sem terra ao senhor:
"Nossos filhos nascerão
com o punho levantado."

Essa terra que não é minha,
essa terra que é do amo,
a rego com meu suor,
a trabalho com minhas mãos.

Mas me diz, meu companheiro,
se essas terras são do amo,
porque nunca nós o vimos
trabalhando no arado?

Com o arado abro os sulcos,
com o arado escrevo pois
páginas sobre a terra
de miséria e de suor.

SE ME QUERES ESCREVER

Se me queres escrever
já sabes meu paradeiro:
lá no fronte de Madri,
primeira linha de fogo.

Mesmo derrubada a ponte
e trocada a passarela
me verás passar o Ebro
em um barquinho de vela.

Dez mil vez que o afundem,
dez mil vezes o faremos,
nós temos cabeça dura
os da Coluna de Ferro.

Tradução Coletivo de Estudos Anarquistas Domingos Passos