Ou
Revolução, ou dialética.
A dialética
é para a Teoria Revolucionária, nada mais que um resquício de teoria
conservadora, inclusive sobre respeitáveis mentes revolucionárias.
Existe uma separação clara entre a ruptura e a dialética, e para aqueles
caros companheiros que ainda seguem tentando dar um fim útil à última
é recomendável que desistam. A Teoria da Revolução é a teoria da ruptura,
todos os elementos novos com os quais inevitavelmente nos depararmos
serão, como o nome diz, elementos novos, em nada podendo advir do
antigo sistema. Nada podemos querer da síntese de uma tese com a sua
antítese, isso é reformismo, não tem nada de revolucionário, é adaptar
o antigo regime às suas mazelas para desembocar num novo regime de
opressão revigorado. A nossa Teoria é fundada sobre a Ruptura Revolucionária,
e da mesma forma que devemos conhecer a história para saber principalmente
o que não fazer, devemos saber esquecê-la para construir o novo, e
não ressuscitar o que é velho e readaptado. O antigo regime deve ser
destruído e enterrado. A dialética deve permanecer sendo o que realmente
é, o rabo do cachorro. Deve ser abolida do campo teórico libertário.
A Ruptura é a única via Revolucionária.
A
Classe Revolucionária
O operariado
representou a classe revolucionária por excelência para os escritores
socialistas clássicos, e talvez não pudesse ser diferente. O próprio
vigor do Anarquismo no início do século XX só foi possível através
da inserção no meio do operariado que ia sendo organizado nos sindicatos.
Mas não ficou claro para muitos de seus sucessores, que a aposta que
faziam no operariado era enquanto parte de uma classe oprimida organizada,
em contraste com uma grande parte não organizada. Sobre esta ótica,
qualquer setor da classe oprimida tem um grande potencial revolucionário,
e um grande passo é que o setor se organize.
A
Autogestão
Lembremos
que organizar-se não é o mesmo que ser organizado, e só a primeira
forma de organização pode realmente levar a uma ruptura com o sistema
vigente. A organização centralizada tende ao reformismo, à dialética
do sistema. É organizando à sua maneira os oprimidos para que estes
mesmos não se organizem por si, que o sistema mantêm o seu funcionamento.
E é justamente através do bom funcionamento do sistema que este mesmo
garante a sua estabilidade. Quando este é exposto em suas feridas
endêmicas surgem os momentos de transformação. Este é o momento de
eleger a ruptura ou a dialética. Entre organizar a nova produção com
as próprias mãos, expropriar campos e fábricas, ou entregar tudo nas
mãos de novos dirigentes que organizem eles o povo, e se constituam
enquanto a síntese reacionária advinda dos conflitos do velho regime.
A
Vontade Revolucionária
Não basta,
para que tenhamos um movimento social revolucionário, simplesmente
que ele esteja constituído de uma classe com este potencial e organizado
de forma horizontal por esta própria classe. Força em potencial não
é o mesmo que força em ação. Vimos que deve ser feita uma eleição,
uma escolha, que não tem a ver com votos, mas com atitude. A Revolução
Social só pode ser levada a cabo se houver uma Vontade Revolucionária.
Ela não irá ocorrer simplesmente pela força das coisas, e será necessário
muito mais que isso: que seja feita pela força de homens e mulheres,
de carne, osso, sangue e desejo.
Viva
o Comunismo Libertário!!!
Coletivo
de Estudos Anarquistas Domingos Passos - Niterói, 2002.