O Projeto Patronal para nossa América

Em todo lugar é o mesmo! Desemprego, privatizações, cortes do governo, novos projetos econômicos, quebras, extorção externa... pois quem tem dividas são eles. Isso tudo não é o fruto de nenhuma crise econômica mundial, como querem nos convencer, mas de uma articulação internacional de grandes grupos financeiros e dos países mais poderosos do mundo. Suas reuniões de cúpula não são simplesmente para bater um papo, se deitar com prostituídas de outras partes do mundo e se deliciarem com banquetes astronômicos sustentados por gente miserável que morre de fome. Estas reuniões têm mórbidas semelhanças com os antigos tratados coloniais, neo-coloniais e pós-guerra. Nela se decidem os rumos da humanidade, ou seja, se decide como aproveitar melhor e explorar melhor a humanidade pobre para os interesses próprios enquanto se destrói o planeta e a própria condição humana.

Algumas vitórias têm sido conquistadas para impedir temporariamente algumas dessas reuniões, mas pouco de concreto infelizmente para impedir a implementação dessas políticas. A classe patronal vem encontrando, já faz muito tempo, um projeto próprio a nível internacional. Esse projeto já se encontram bastante avançados no México, no Chile e no Uruguai, primeiras cobaias das privatizações e do desemprego. A bola da vez agora são Brasil e Argentina. As declarações e práticas economicas de Fernando Henrique Cardoso, De La Rua, Malan, Armínio Fraga, Cavallo, mostram o quanto estão afinados os especuladores e usurpadores internacionais. As semelhanças são, para um desavisado, impressionantes. Privatização dos serviços públicos, com cortes principalmente na saúde e na educação, todos os esforços no sentido de favorecer as multinacionais e principalmente os grupos financeiros como única saída para a crise, quando a crise é por eles mesmos gerada. Bem, está claro o que é crise para eles, os direitos trabalhistas, a melhor distribuição de renda, os usurpadores não podem conviver muito tempo com nada que soe a melhores condições de vida da população, pois esse é um forte motivo para chupar mais e mais sangue. Está claro que nunca vivemos nada disso, mas as conquistas através das lutas são sempre, é óbvio, muito mal vistas pelos patrões, pois isso é uma questão de interesses de classe.

A população também não permanece muito tempo calada, e aí se encontra toda a nossa esperança. São inúmeros os movimentos sociais em ascenção em toda a América Latina. Os grandes grupos financeiros não podem sair impunes. Pequenos são os prejuízos que demos até agora, mas as perspectivas de crescimento se confirmam. Uma nova reunião de cúpula está marcada para Fortaleza, Ceará. Não vai ser fácil fazer uma reunião dessas com tanto peso nas costas. Peso que não é na consciência deles, mas o peso da massa de descontentes que estaram fisicamente representados, ainda que muito longe de seu número total, para impedir a assinatura de mais um tratado de exploração. Uma massa de brasileiros, de latino-americanos, e internacional estará presente para garantir ao menos essa pequena vitória, e mais um passo rumo ao nosso desejo de justiça social.

Coletivo de Estudos Anarquistas Domingos Passos - Niterói, Novembro de 2001