Entrevista: Federação
Anarquista Norueguesa (AFIN)
Entrevista:
Federação Anarquista Norueguesa (AFIN) - Primeira Parte
Agência
de Notícias Anarquistas-ANA
Agência
de Notícias Anarquistas - Existem algum projeto autogestionário
na Noruega?
R.
Gustavnsen - Há um significativo movimento de cooperativas,
de trabalhadores autônomos em fazendas e pesqueiros de tipo
familiar etc. E muitas pequenas e médias empresas com pouca
competitividade e diferenças de renda. Havia experiências
com estruturas planificadas de autogestão, grupos autônomos,
em grandes empresas como a Norse Hydro nos anos 70-80, mas não
deu certo com o passar do tempo, daí a maioria acabou. Os anarquistas
também têm uma campanha para eliminar uma etapa da burocracia
nos empreendimentos públicos e privados nos próximos
4 anos.
ANA
- Qual a principal luta de vocês?
RG
- No momento há, entre outras coisas, uma campanha pelo direito
à liberdade de expressão dos servidores públicos.
Muitos anarquistas e outros libertários têm contribuído,
em uma grande campanha na mídia.
RG
- Nós não chamamos os ocupas de anarquistas. Há
poucos ocupas, mas eles são liberais, marxistas, ou um mix
caótico-opulista, não anarquistas. Muitos anarquistas
estão vivendo em residências cooperativas, ou em residência
individual, fazendas coletivas etc., e alguns em apartamentos comunitários.
Poucos vivem em casas ou apartamentos pagando aluguel para ou de propriedade
da oligarquia.
ANA
- Há muitos espaços libertários?
RG
- Existem muitas instituições, museus, cafés-livraria,
etc. que promovem idéias anarquistas e "semilibertárias",
entre outras coisas. Temos "The work collective Hjelmsgt. 3"
em Oslo, "Ivar Matlaus" em Trondheim, o museu anarquista
em Tynset, casa de Ibsen em Oslo, O "Arbeiderbevegelsens Arkiv"
em Oslo, com uma grande coleção sobre anarquismo e sindicalismo,
a rede IIFOR (pesquisa e documentação anarquista), etc.
ANA
- E publicações anarquistas, editoras...
RG
- ANORG FORLAG é a editora da AFIN e das organizações
NAC. "Folkebladet" é o principal jornal anarquista.
Contudo há um monte de jornais que às vezes publicam
material anarquista, artigos "semilibertários" e
não-autoritários, como "Folkevett", "Gateavisa",
"Dine Penger" e o principal jornal diário, Aftenposten;
VG, Dagbladet e Dagens Næringsliv. Muitos anarquistas trabalham
nestes periódicos como jornalistas ou editores. O editor de
política do Aftenposten declarou recentemente que a palavra
"autoridade" estava fora-de-moda e desapareceria no futuro.
VG, o maior jornal Norueguês publicou um artigo quase de página
inteira dizendo "Anarquia é (real)democracia" escrito
por um comitê de anarquistas, o bem conhecido membro da AFIN
A. Homple toda semana tem sua própria coluna no Dagbladet,
e o editor de política do Dagens Næringsliv declarou
que queria mais debate político com idéias anarquistas.
ANA
- Existem rádios libertárias?
RG
- Os anarquistas não possuem redes de rádio ou televisão,
mas eles têm sido entrevistados de forma positiva na rede pública
de radio NRK, e um dos editores da TV NRK declarou que há muitos
profissionais trabalhando na TV NRK que são anarquistas. NRK
é de longe a maior rede de TV e Rádio da Noruega, portanto
o anarquismo está bem representado na mídia.
ANA
- Parece que aí há anarquistas atuando em partidos,
é verdade?
RG
- Anarquistas e "semilibertários" estão trabalhando
também em diferentes partidos políticos, há uma
facção libertária no SV partido de esquerda socialista,
uns poucos no Partido dos Trabalhadores, e alguns no Venstre, o partido
de esquerda social-liberal. Um anarquista (pode ter sido um dia).
J. Bojer Vindheim é o líder do pequeno Partido Verde,
"De grønne". Até o populista Fr.p tem uma
pequena facção "anti-autoritária" e
o anarquista individual C. Vennerød foi convidado uma vez a
promover idéias libertárias na sua assembléia
nacional. Da mesma forma, A. Homple foi convidado pelo rural-socialista
Partido do Centro, que também tem uma facção
libertária. Na confederação das comunas, KS,
uma facção neo-proudhonista está ativa, um dos
líderes é mais bakuninista, A. Weber Skjærpe.
Ele escreveu um livro sobre autogestão e "AutoSelf management
as system", citando os clássicos anarquistas, anarco-sindicalistas
incluídos, como Bakunin e Santillan. A pequena Federação
Sindicalista NSF e alguns (outros) anarquistas estão trabalhando
com idéias federalistas com o grande sindicato LO, mas eles
têm uma influência limitada hoje. A NSF é uma pequena
organização comparada à AFIN, e LO é liderado
por uma mulher (inicialmente) Stalinista, Liv Valla, portanto não
há muito espaço para as idéias libertárias
na LO no momento.
ANA
- Muitas pessoas fazem parte da Federação?
RG
- A AFIN não é uma organização de massas,
mas tem muitos membros associados de forma livre, é quase uma
rede individualista. Comparado aos 4,5 milhões de pessoas na
Noruega, somos provavelmente a maior federação anarquista
do mundo, e uma com maior influência política em geral,
contudo a influência não deve ser exagerada. Nós
estamos longe de mandar no país, mas o número de pessoas
está crescendo, nas escolas, e muitos são relativamente
libertários por tendência e culturalmente, embora não
exatamente anarquistas idealmente, as idéias libertárias
são mais ou menos bem divulgadas entre a população,
na cultura, na vida social e no ambiente de trabalho.
Muitas
pessoas são social-individualistas, sem explicitar uma postura
anarquista, e certamente não muito interessados em discutir
o ideal anarquista ou algo próximo disto. A maioria dos membros
da rede AFIN pensam e agem por conta própria muito bem, sem
consultar o secretariado ou participar dos encontros. Existe porém
uma grande correspondência por carta e e-mail. O IIFOR tem um
grande respeito entre diversos pesquisadores, escritores e políticos
que não são anarquistas, que às vezes olham o
que os pesquisadores anarquistas estão fazendo. As idéias
do bem conhecido socialista libertário e ganhador do Prêmio
Nobel de Economia, que foram depois desenvolvidas por pesquisadores
anarquistas de hoje, com certeza contribuem a este respeito.
Os
membros da AFIN estão trabalhando como "pilotos"
em várias grandes organizações e "frentes"
(revolucionários do tipo Bakuninista) para posterior desenvolvimento
revolucionário, após a Noruega ter sua mudança
revolucionária e entrar no quadrante anarquista no mapa Político-Econômico
em 1994. (ver <http://www.anarchy.no/a_e_p_m.html> e <http://www.anarchy.no/a_nor.html>
) Algumas frentes, como a que diz "Não ao EUA" tem
mais de 50% de apoio popular. O mais recente (um tanto informal) movimento
de "liberdade de expressão dos servidores públicos"
foi apoiado por várias organizações, incluindo
facções nas defesas armadas, da polícia, do rei,
diversos partidos e um monte de jornais. Até os Maoístas
& Trostkistas na RV juntaram-se do lado relativamente libertário
da frente vs o populista e neutro. Esta luta está resumida
em "Åpent brev til sivilombudsmannen", veja <http://www.anarchy.no/brev2.html>
(apenas em Norueguês)
Muitas
pessoas, anarquistas e outros "semilibertários" interessados
no anarquismo participam, e estão conectados ao AFIN por e-mail
e newsletters.
Agência
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tá vivo sempre aparece!
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