A
existência de prisões está interligada com a existência
do Estado. É uma outra demonstração dos crimes
cometidos contra a sociedade. Elas formam uma máquina de Estado
que completa o círculo dos mestres: ensino-família-exército-justiça.
O Estado divide, com esta "justiça", o povo entre
obedientes à lei e foras da lei. Aqueles que respeitam a lei
são homens que submetem os outros ao Poder e não lutam
para quebrar suas algemas. Ninguém é um criminoso por
natureza. O Estado e o poder são os que geram e reproduzem
o crime (ex. tirando vidas sem motivo).
"Foras da lei" são homens que quebram as algemas,
rebelados, vivendo fora das fronteiras da submissão às
leis do Estado, para ganhar liberdade.
As prisões são outro exemplo que mostra a real face
da besta do Estado. Sua finalidade é castrar os desejos do
povo e das consciências. Com o uso de métodos repressivos
elas tentarão forçar o "culpado" a adquirir
"outro modo de pensar" e fazê-lo renunciar a si mesmo.
Elas pretendem prolongar a existência do Estado e aprisiona
os "elementos perigosos" (perigosos para quem?).
O Estado e todos os mestres tremem ao saber da possibilidade de propagação
da desobediência, que eles tentam impedir de todas as formas.
A lei é o interesse dos mestres, é outro meio de aprisionamento,
no qual o oprimido é obrigado a viver. Ela existe sob a condição
de que o oprimido não reaja e não tente rebelar-se.
O respeito a lei significa o respeito ao poder. Triste daqueles que
aceitaram como uma condição a prisão. "Contudo,
enquanto a injustiça, o sistema corrupto e podre e a violência
que o sustenta prevalecer, a "criminalidade" será
reciclada" (da carta de Yianni Papadopoulo, prisioneiro condenado
a prisão perpétua nas prisões Korfu, Janeiro
de 1986).
"Quanto aqueles que respeitam as leis, a "mesma velha história"
do homem amarrado, que tendo logrado sobreviver apesar de suas algemas
acredita que vive graças a suas algemas, é válida
sempre" (Errico Malatesta).
Os
mestres tentam fazer da sociedade uma prisão. "Nossas
celas são visíveis, suas celas são invisíveis"
(os prisioneiros criticaram).
Então, a desobediência é a rebelião contra
a fatalística morte social. Os verdadeiros criminosos são
os patrões, o Estado e os mestres. Então nós
precisamos voltar nossas atenções para eles... Além
do mais, a existência do Estado em si mesma é sustentada
pela exploração, opressão e até mesmo
pelo assassinato de todos que resistem aos seus planos. Então
a resistência do oprimido contra as leis é basicamente
um ato contra o Estado. "Um "ladrão" é
um herói, que luta por justiça, um vingador do povo,
o lutador contra o Estado e contra toda a estrutura social fundada
pelo Estado, o combatente por vida e morte à civilização
dos oficiais, das cortesãs, dos burocratas e dos padres"
(Michael Bacounin).
"Então
o Estado e as prisões não são suscetíveis
de melhora, apenas de destruição. A sociedade que tem
como um ideal ser dilacerada, roubada, ridicularizada, pode velar
naturalmente por seus carrascos, - o Estado e a igreja -, usar a mais
bestial violência contra aqueles que negam a SUBMISSÃO
e apenas aceitam trinchar e delinear a rota pela dignidade humana
e liberdade social, sem estes parasitas, os inimigos da sociedade,
que são o Estado com todos os seus órgãos criminosos."
(da carta de Yianni Petropoulo, Corfu Dahaou, 18 de fevereiro e 1986).
VOCÊS DAS GRADES DAS PRISÕES E NÓS DAS RUAS,
VAMOS
DESTRUIR O ESTADO E AS LEIS!!!
OS
MESTRES SÃO CRIMINOSOS E LADRÕES!!!
O ensino é um mecanismo e uma instituição do
Estado que visa a reprodução da dominação,
sua preservação e sua perpetuação. Os
mestres, através do ensino, tentam convencer as pessoas de
que o Estado e a sociedade são duas noções inseparáveis,
daí a aceitação do "poder total" do
Estado por parte dos oprimidos ser necessária.
O homem, livre por natureza, que, durante os primeiros anos de sua
vida não recebeu ainda a orientação completa,
precisa ser alienado e guiado, no intento de ser transformado em um
dócil, obediente órgão de dominação.
Isto é exatamente o que os governantes tentam realizar através
do ensino. As escolas com suas altas grades, as salas de aula - gaiolas
- , o sino nos pátios (mesmas palavras para as prisões)
tomam a responsabilidade de governá-lo.
Além disso, tem a "grande escola", o exército.
Lá, a consciência nacional é reforçada,
mesmo o mais desatento nacionalista falando torna-se cônscio
e nós aprendemos que somos superior a outras pessoas.
Atualmente, o ensino, como todos os outros mecanismos de Estado, está
se modernizando, no intento de servir melhor aos interesses dos mestres.
O efeito da "reforma educacional" é a ampliação
do ataque que o homem sofre desde a sua infância. Uma agressão
em todos os níveis, que mata a ingenuidade, espontaneidade,
criatividade e livre expressão. Ao mesmo tempo, os estudantes
são incluídos no processo eleitoral, elegendo conselhos
estudantis, com 15 e 5 membros. Então, a primeira discriminação
entre governantes e subordinados é um fato e a "comunidade
estudantil" torna-se a sociedade com alta hierarquia em miniatura.
As crianças aprendem nos seus anos de escola a elegerem e serem
eleitos para "administrar". Eles aprendem que poucas pessoas
decidem pelo resto e que estes conselhos estudantis podem decidir
por 30 ou 100 estudantes. (Como se alguém mais pudesse decidir
melhor do que o indivíduo por si mesmo).
Os professores, órgãos executivos do método de
ensino, cuidam de reproduzir a dominação, forçam
a disciplina e a submissão. As crianças aprendem a ouvir
o "sábio" professor e a respeitá-lo e então
elas aprendem que ele está sempre certo. Do mesmo modo, atrás
da máscara de professor "progressista" a lógica
da dominação é reciclada. Os estudantes, contudo,
são uma das partes mais ativas da luta social. Durante o período
1990-91 protestos foram realizados pelos estudantes por causa da lei
Kontoyiannopoulo (Ministro da Educação e Religião
nesta época), transformando escolas em células de ação
social. Em muitas dessas escolas eles destruíram relatórios
de aula e registros de freqüência, enquanto eles também
decidiam queimar alguns destes. Durante o período 1998-99,
por causa da lei Arseni (Ministro da Educação e Religião
nesta época) os estudantes, tendo uma disposição
realmente ardente para o tumultos, sabotaram o método educacional.
Os problemas postos de lado a cada momento pelos estudantes, no intuito
de prosseguir em um protesto, pode ser entendido como ocasiões
para mostrar seu repúdio ao ensino, que os está oprimindo
e tanta integrá-los na teia da servidão; o seu repúdio
ao Estado. Um protesto começa a partir da necessidade de liberdade,
além de problemas associados a miséria.
O Estado, para lidar com esta situação, não usa
apenas a violência crua, expressa pelos policiais, promotores
e tribunais. Ele reforça os mecanismos de controle e repressão,
que atuam de forma indireta e moderada e de maneira inescrupulosa.
Estes mecanismos são a mídia de massa, o partido comunista
da Grécia (KKE), vários grupos coordenados, conselhos
estudantis e outros.
O partido comunista da Grécia (KKE) é um mecanismo de
Estado que cuida de aproximar as pessoas que lutam e leva-os à
miséria e submissão. É aquele que usa de difamação
e delações contra o povo que luta. É aquele que
entregou 153 jovens entusiasmados que estavam participando da marcha
da Politécnica em 1998 (todo dia 17 de novembro - é
uma celebração em homenagem aos estudantes que foram
mortos pela Junta durante um protesto rebelde) para os tiras. É
aquele que durante as marchas estudantis do período 1998-99,
funcionou como polícia não-oficial e prendeu combatentes
entregando-os aos repressores oficiais.
Contudo, infelizmente para o Estado, ainda existem pessoas (com seus
olhos abertos) e sempre existirão, que lutarão para
destrui-lo.
Qualquer tipo de alternativa educacional é o mesmo que uma
alternativa de encarceramento, outro mecanismo nas mãos do
Estado, visando a submissão do povo. O conhecimento funcional
não pode ser diferente da transmissão de experiência
de uma pessoa para outra. O conhecimento criativo baseado na experiência
será transmitido sem hierarquia nem totalitarismo, sem imposições,
baseado na liberdade e na identidade singular de cada pessoa. O conhecimento
pode ser um verdadeiro instrumento para uma vida livre.
Enquanto o Estado e seus mecanismos existirem, a resistência
daqueles que lutam será crescer no sentido da revolta e da
libertação social completa, por uma sociedade livre,
pela ANARQUIA.
PARA CONTINUAR NAS RUAS...
VAMOS
FAZÊ-LOS TREMER...
ESTUDANTES ANARQUISTAS
ABRIL
2000
COMUNIDADES
ANARQUISTAS E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A LUTA SOCIAL
O Estado, para manter a opressão sobre a sociedade, tem criado
muitos e variados mecanismos de opressão, controle e exploração.
Sem estes mecanismos (escola, exército, policiais, tribunais,
prisões - campos de reabilitação, hospitais psiquiátricos,
sindicatos, partidos, mídia de massa ilusória e outros),
o Estado e o Poder seriam apenas uma má lembrança do
passado da humanidade.
Apesar de alguns terem a ilusão de que o Estado é um
ridículo desorganizado, a realidade os contradiz. A existência
mesma do Estado é baseada na organização e hierarquia.
Então as pessoas que se revoltam no intento de combater mais
efetivamente a besta do Estado precisam estar organizadas contra ele.
Isso é um fato que nós vimos muitas vezes nas lutas
sociais, quando o povo se organizou contra o Estado e conseguiu maiores
resultados. Isto não significa, obviamente que não houveram
ocasiões de conflitos sociais espontâneos que se tornaram
um pesadelo para os mestres. Contudo, quando os combatentes são
organizados eles cometem menos erros e têm menos casualidades.
Ademais, depois de severos conflitos sociais o Estado tenta vingar-se
e aterrorizar os combatentes.
Sem a organização e a solidariedade essencial dos combatentes,
é muito mais fácil para o Estado persegui-los e aprisioná-los.
Pelo que foi dito nós concluímos que precisamos estar
organizados contra o Estado.
Por
exemplo, as iniciativas ofensivas e auto-organizadas dos combatentes
de Aravissos em 1990 ou os estudantes (mas não os filhotes
coordenados do partido comunista da Grécia - KKE) que deram
uma resposta de modo adequado ao jugo do Estado.
Contudo, como as "formas de organização são
geralmente caracterizadas pelo nível de consciência daqueles
que a formam e por metas estabelecidas em função da
consciência existente (Anarchiki Theorisi nº7)" os
anarquistas têm uma organização diferente.
A organização anarquista aniquilou a lógica da
dominação e a consciência dos que a formam tinha
um ponto de vista e objetivos constituídos na total destruição
do monstro do Estado e no nascimento de uma sociedade anárquica
livre.
Nesse
texto nós citaremos alguns dos nossos pontos de vista pela
necessidade de organização anarquista e por sua contribuição
às lutas sociais.
Nós também pensamos que é necessário falar
sobre o ponto de vista que identifica os anarquistas com a não-organização.
Existem dois pontos de vista que concernem a não-organização
dos anarquistas. Aqueles que não viveram a experiência
do funcionamento de uma comunidade anarquista (nós iremos nos
referir a isto depois) e falam sobre uma situação caótica
na qual pode participar qualquer defensor de uma alternativa de bar
enquanto eles freqüentemente voltam-se contra a sociedade como
um todo.
Existem aqueles que são contra comunidades anarquistas e falam
sobre o mal funcionamento destes grupos. São aqueles que imaginam
novos movimentos e lideranças surgidos de políticos
que querem impor seus pontos de vista reformistas. A razão
para eles não quererem grupos anarquistas depende do fato que,
sem dizer que o caminho pessoal de pensar de cada indivíduo
não conta, a visão coletiva ou a conversação
entre companheiros em grupos anarquistas dá um ponto de vista
constituído.
Uma realidade criada pela existência e ação de
comunidades anarquistas impede os políticos de atingirem seus
objetivos desonestos.
Gostaríamos de falar sobre a ação individual
e a coletiva.
"Ninguém deveria ser forçado a participar de um
grupo anarquista caso não deseje ou não sinta a necessidade
de participar" (Anarchiki Theorisi nº2-3)
Tão inflexível e tão ofensiva quanto a ação
individual poder ser, esta contudo limitou possibilidades. Alguém
talvez nos diga que eventualmente um anarquista não seja capaz
de encontrar outros para cooperar em sua área. Neste caso ele
pode fazer o que for possível no limite de suas potencialidades
pessoais e se, no futuro, ele puder encontrar outras pessoas para
cooperar sem perder seus pontos de vista pessoais, seria produtivo
cooperar com eles para a libertação social.
Considerando o recente valor mencionado nós continuaremos sobre
o que é um grupo anarquista, na nossa opinião, e como
este funciona, mencionando nossas próprias experiências
ou de outros companheiros.
O grupo anarquista constituído por diferentes individualidades
funciona pelo desenvolvimento do discurso anarquista e sua ação,
contribuindo para as lutas sociais.
Aqueles que fazem parte destes grupos têm uma relação
igualitária, sem hierarquia, sem o discurso de um tendo mais
importância que de outros e não funciona em termos majoritários
ou minoritários para os problemas que possam ocorrer.
Eles tentam resolver os problemas eventuais pela troca de pontos de
vista e experiências. No caso de haver um abismo intransponível
entre pontos de vista de anarquistas dentro de uma comunidade então
é necessário que alguns deles a deixem ou mesmo que
se desfaça o grupo. Novos podem ser formados por aqueles que
tem pontos de vista similares.
No
caso da dissolução de um grupo anarquista ou da saída
de um dos seus membros significa que este não contribuiu para
a luta social. Por esta razão cada anarquista (homem ou mulher)
escolhe aqueles com quem ele/ela irá cooperar.
Em
uma comunidade anarquista com membros tendo pontos de vista radicalmente
diferentes não pode haver atuação.
Esta
é a razão pela qual nós não falamos em
uma organização anarquista mas em quanto mais for possível,
no reconhecimento de alguns problemas sociais e na cooperação
entre os grupos.
Em um grupo anarquista há: a) confiança (algo que é
muito importante para homens que lutam porque, se não houver,
qualquer dos resultados podem ser imprevisíveis e catastróficos
- ex.: detenções, encarceramentos); b) consistência
e continuidade em todas as formas de luta - ex.: publicações,
panfletos, cartazes, participação nas lutas sociais;
c) discurso e ação através da composição
de pontos de vista dos que participam da comunidade; d) fraternidade
e compreensão dos problemas de cada um e ajuda na superação
destes; e) crítica e auto-crítica no que concerne a
atuação nas lutas sociais; f) contribuição
anarquista para os problemas sociais e finalmente grupos anarquistas
"são eles mesmos a mais triunfal confirmação
de que o mundo pode viver sem Estado, leis ou líderes, quando
eles todos os dias mostram sua anti-hierarquia funcionando".
(Anarchiki Theorisi nº10).
Nós nos referimos ao fato de que de tempos em tempos os grupos
anarquistas colaboram entre si. Há 8 anos existe a "Colaboração
de grupos anarquistas e indivíduos pela solidariedade social
e a ação multiforme". Nestes 8 anos de existência,
várias comunidades e indivíduos tem colaborado entre
si. Todo grupo e indivíduo preserva seu caráter singular
e nos problemas que ele pensa que é melhor, funcionalmente
falando, participar então ele colabora. De tempos em tempos,
houveram outras colaborações anarquistas. Uma delas
foi a Assembléia de comunidades anarquistas e indivíduos.
Esta foi formada depois da prisão de Nicko Mazioti, funcionando
como colaboradora nas revoltas sociais de várias maneiras -
ex.: cartazes comuns, publicações, panfletos, eventos
e outros. De um momento em diante indivíduos e grupos a abandonaram
(por diferentes motivos) então este esforçou foi interrompido.
Mas isto não significa que, em certa medida, os anarquistas
não colaborarão entre si.
Alguns ficarão desorganizados e sofrerão as más
conseqüências desta situação. Mas eles assumem
a responsabilidade destas conseqüências a seu modo.
Este texto é um indicativo da nossa primeira tentativa para
a promoção da ação anarquista.
ORGANIZAÇÃO E LUTAS PELA ANARQUIA
Esta carta foi enviada ao CELIP pelo Grupo Anarquista OTANIS
Caixa
Postal 51889, 14565 Atenas, Grécia