Quem Foi Antonio Dominguez

Operário sapateiro de origem espanhola da Galícia, chegou ao Brasil no início do século. Começou sua militância na União dos Artífices em Calçados, de São Paulo, tendo também atuado em Belém do Pará. Pedro Catalo, outro importante militante sapateiro, registrou suas impressões sobre Antonino Dominguez depois de assistir uma reunião da UAC em 1921: “Antonino Dominguez era um homem inteligente, de um físico fino e delicado, que jamais faria supor tratar-se de um sapateiro. A sua palavra, com acento galego, clara, pausada e compreensível, era robustecida por um profundo conhecimento da questão social. Era o que se pode dizer um militante libertário completo.”

Perseguido pela polícia paulistana e sem trabalho, refugiou-se em Guaratinguetá no início de 1923. No evento do 1° de maio, não resistiu e discursou no palanque, pretexto para sua prisão pela polícia do então governador paulista Washington Luiz, o “Patadas Cavalares”. Trazido para o Rio de Janeiro e ameaçado de deportação, recebe a solidariedade ativa de todo o proletariado carioca e paulista, sendo solto alguns dias depois. Em 1924, assina a moção de apoio a sublevação contra a ditadura Bernardes e, juntamente com outros companheiros, é perseguido. Antonino era talvez o melhor amigo de João Perez, também operário sapateiro, pai do nosso saudoso companheiro Ideal Peres.

Impedido de continuar em São Paulo, vem para o Rio de Janeiro, ingressando na Alliança dos Operários em Calçados e Classes Annexas, onde tomou a frente do confronto com os bolchevistas que ameaçavam a sua entidade. Em seu leito de morte, sendo entrevistado por um repórter, declarou que pouco tempo antes havia repelido um ataque à sede dos “sapateiros” por um grupo de bolchevistas liderados por Pedro Bastos e, este, teria prometido vingar-se. Naquele domingo de carnaval, 14 de fevereiro de 1928, Pedro Bastos covardemente cumpriu sua promessa. Dominguez, assim como muitos outros companheiros libertários, não se intimidou um só instante com as ameaças e violências das “ratazanas vermelhas”, e morreu lutando para evitar que os sindicatos operários se tornassem filiais do PC, manobrados por sua corja de lacaios de Stalin. Companheiro Dominguez, seus “netos na luta” não se esquecerão jamais de você.

Renato Ramos - CELIP - Rio de Janeiro, 1998.